Capítulo 24

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AS MONTANHAS MAYACAMAS PAIRAVAM SOBRE ELES ENQUANTO rumavam em direção a Sonoma. Cobb Mountain, a mais alta da cordilheira, os seguia ao fundo.

Ava estava no banco do motorista do veículo de quatro portas de Marie, com Reena no banco do passageiro e Cruz e Jane atrás. A medida que deixavam Napa para trás, a paisagem começava a mudar lentamente. Butiques luxuosas e bistrôs davam lugar a bares modestos e lojas de bebida nas esquinas.

Era um território desconhecido, e Ava percebeu com uma pontada de culpa que, em todo o tempo que viveu em Napa, nunca tinha estado naquela parte da região.

-Então me explique novamente por que esse é um grande problema perguntou Cruz.

-Ele levou a pasta com os arquivos dele, Cruz, além de todos os pertences. Não sei o que ele está fazendo, mas tem a ver com o que aconteceu com Courtnev. E não me parece que esteja planejando voltar.

-E isso é da nossa conta? - ele falou. Reena fez um som desgostoso.

-Ele é um de nós, Cruz. Não podemos simplesmente deixá-lo agir impulsivamente e ser morto. Além disso, nossas missões estão entrelaçadas. Estamos juntos nessa, lembra-se?

-Entendo - disse ele. - E só que me parece que, se um homem quer resolver um problema com as próprias mãos, ele tem esse direito.

Ninguém disse nada, e quarenta minutos mais tarde estavam no estacionamento do São

Lucas. Enquanto se apressavam em direção à entrada do hospital, a mente de Ava começou a trabalhar nos possíveis obstáculos para encontrar Jon, outra das muitas lições de Takeda.

-Como vamos saber onde ele está? Ava perguntou enquanto entravam pelas portas automáticas. - Pode estar em qualquer lugar.

-Deixe comigo - disse Cruz, caminhando devagar em direção a uma enfermeira que estava atrás do balcão principal.

O que ele vai fazer? Jane perguntou a Reena. Ela encolheu os ombros, com um sorriso de admiração nos lábios, e disse:

-O cara era aspirante a político. Isso é o que ele sabe fazer. Ele vai falar, ela vai cair na dele.

-Você alguma vez se preocupou com o que Takeda disse? perguntou Jane.

-Do que você está falando exatamente?

Ava sabia exatamente o que Jane estava dizendo. Tinha pensado sobre isso com relação a Jon. Seus sentimentos por Cruz - Jane continuou. - Takeda disse que as emoções ficam no caminho. Deixam você fraca. Vulnerável.

Ava percebeu um lampejo de medo nos olhos de Reena um momento antes de sua expressão se tornar impassível.

Takeda pode conhecer um monte de coisas, mas não conhece Cruz. Ele é indestrutível.

-Ok, pessoal - disse Cruz, retornando da recepção.

-Jon está registrado como visitante. UTI, quarto 402. Ava ficou perplexa.

-UTI?.

-Vamos lá. Ele está lá em cima.

Entraram no elevador e foram para o quarto andar. Já tinham passado pelo posto de enfermagem quando foram parados por uma sósia da enfermeira Ratched. A princípio, Ava temeu que não conseguiriam passar por ela, mas, em seguida, Cruz puxou-a de lado, falando com ela em voz baixa, e um minuto depois foram autorizados a prosseguir.

-O que você disse a ela? - perguntou Jane. Cruz apenas sorriu afetada mente.

O quarto 402 ficava no final do corredor. Pararam em frente à parede de vidro do quarto e olharam para dentro. Uma grande janela inundava o quarto de luz, proporcionando uma visão do lento movimento das águas do riacho Putah, pouco além da Rota 175.

Ava esquadrinhou o quarto, detendo-se em uma figura imóvel ao lado da cama.Jon.

Um aparelho de eletrocardiograma estava ao lado da cama, a tela exibia picos e depressões em verde. O olhar de Ava deslizou para a pessoa na cama, uma mulher encolhida com um grande curativo ao redor da testa e a pele tão pálida que era quase translúcida. Ava levou apenas um minuto para entender.

Entrou no quarto, caminhando em silêncio para onde Jon estava.

- Courtney - Ava disse suavemente - não está morta.

Os pais dela se recusam a encarar a realidade - disse Jon, aproximando-se do corpo sem vida da mulher na cama e acariciando o cabelo castanho-claro -, mas sei que ela se foi.

A voz dele era suave, e os olhos estavam vítreos quando Jon olhou para ela.

Antes que Ava pudesse tomar conhecimento de sua emoção, estava inundada de tristeza, não só pela tristeza de Jon, e obviamente pela lesão devastadora de Courtney, mas pela possibilidade perdida entre ela e Jon. Ele seria um prisioneiro de sua dor para sempre.

Ava ficou imediatamente atormentada pela culpa. Não desejaria esse tipo de perda a ninguém, nem mesmo aos inimigos de quem procurava se vingar. E ela e Jon precisavam se concentrar na missão de qualquer maneira. Courtney foi um lembrete necessário com relação a isso. Sinto muito, Jon - Ava disse suavemente.

Reena, Cruz e Jane entraram pela porta atrás dela.

-Sinto muito, cara - disse Cruz, tocando as costas de Jon.

-Será que ela nunca vai acordar?

As balas, quando perfuraram o crânio...

-Jon suspirou angus tiado. - Não sei. Mas o que sei é que vou fazer os responsáveis por isso receberem o que merecem.

Ele se inclinou para beijar o rosto de Courtney, em seguida pegou sua jaqueta e se dirigiu para a porta.

Espere!

-Ava pôs a mão em seu braço. - Aonde está indo? Jon olhou para ela.

Você não entende Ava. Eu fiz isso com ela, é culpa minha. Ava balançou a cabeça sem entender.

O que está dizendo? ela talou. Jon olhou em seus olhos.

-Eu estava trabalhando para Cain. Por isso ele foi atrás de Courtney. Então, se você está à

procura de vingança contra Cain e seus homens, talvez deva pensar em vir atrás de mim também.

E saiu da sala, deixando todos eles em um silêncio desconcertante.

Revenge Treinamento para Vingança - Jesse LaskyOnde histórias criam vida. Descubra agora