-NÃO ESTOU FAZENDO ISSO - DISSE CHARLIE, COM A MÃO na curva das costas de Ava.
-Estamos apenas dançando, Charlie. Fizemos isso antes. Claro, isso foi quando eu pensava que realmente significava alguma coisa. Mas ainda assim...
-Não aqui, não agora - Charlie disse entre os dentes cerrados.
Ava o puxou para mais perto enquanto a mulher chamada Bo assistia cautelosamente do canto da sala.
-Acho que uma dança é o mínimo que você me deve. Ela olhou por cima do ombro dele, observando enquanto Reinhardt seguia em direção a Reena como uma espécie de míssil termo guiado. Ele se inclinou, sussurrando algo no ouvido dela. Reena acenou com a cabeça, e ele então colocou a mão nas costas dela, guiando-a até a porta.
Ava esperava que Reena ficasse bem. De alguma forma, haviam se tornado mais do que companheiras de luta. Tornaram-se amigas. Ava não queria que nada acontecesse com ela.
Retomou o foco em Charlie, pressionando-se sedutoramente contra ele. Agora que Reinhardt havia saído, Charlie era todo dela.
Uma música acabou e outra começou mais suave e mais lenta. Charlie olhou para ela com o olhar abrandando. A determinação de Ava, que momentos antes era sólida como uma rocha, oscilou sob o calor daquele olhar azul profundo. Eles sempre tiveram paixão. Sempre tiveram aquela misteriosa química que era impossível negar e tão impossível forçar.
Ou você tinha isso com alguém, ou você não tinha.
Ela e Charlie tinham de sobra, e ela ficou irritada ao perceber que ainda estava lá, mesmo depois de tudo que ele tinha feito.
-Nós nos dávamos bem, não é? - Charlie lembrou. - Antes de tudo acabar mal?
A lembrança era exatamente do que ela precisava. Tudo tinha terminado mal. Pior do que mal.
-Só me responda isto, Charlie: nada daquilo foi real? - Ele se afastou, colocando alguns poucos centímetros entre seus corpos, e a girou. Ela se dispersou, os olhos ainda nos dele, antes de girar de volta para ele.
-E então? - ela pressionou surpresa ao descobrir que queria uma resposta.
-Tudo ficou muito confuso - ele admitiu.
-Não há nada que você possa dizer com certeza que foi real, e não parte de toda a armação?
Ele a girou quando uma nova música começou. Passaram a valsar lentamente.
-Amor - ele disse simplesmente.
Em um primeiro momento, Ava foi arrebatada. Não era a resposta que esperava ouvir. Mas então percebeu que Charlie não estava olhando em seu rosto, mas para algo por cima do seu ombro.
Voltando-se, Ava viu a loira alta que se aproximava. Ele não estava falando com ela, enfim.
Ou estava?
Os corpos de Ava e Charlie rapidamente se separaram.
-Amor, esta é... - Charlie começou. Bo estendeu uma mão elegante.
-Ava Winters, não é?
Elas apertaram as mãos, Bo medindo Ava com um estreitamento nos olhos.
Charlie - Bo disse - há algumas pessoas que eu gostaria que você cumprimentasse.
- Ela olhou para Ava. - Você se importa se eu roubá-lo por um minuto?
Ava balançou a cabeça.
-Nem um pouco.
Charlie se inclinou para Ava quando Bo se retirou, dirigindo-se ao bar.
-Por que você está aqui?
-Eu só quero conversar, Charlie. - Aqui?
-Não, aqui não.
-Então onde?
O olhar de Ava era significativo.
-Você sabe onde.