AVA DEIXOU OS CACOS DESLIZAREM DA PÁ PARA A LIXEIRA; depois, colocou a vassoura de lado e entrou. Jon ainda estava lá, acertando o painel na parede. Ele olhou para ela por cima do ombro.
-Oi - ele disse, voltando-se para o painel.
-Oi. Como está indo? - Acho que estou... quase... conseguindo. - Ele deu uma última remexida no painel. Um clique sólido soou pela sala. - Pronto! Ele se virou para ela.
- Estou surpreso que você ainda esteja acordada.
Queria limpar a bagunça lá de fora antes de ir para a cama. Ele acenou com a cabeça, os olhos demorando em seu rosto. Ava de repente tomou consciência de que estavam sozinhos na sala de meditação. Todos os outros tinham ido para a cama, o terá e seus moradores finalmente em seu descanso noturno. As ondas se quebravam contra os penhascos abaixo, uma canção de ninar rítmica que era o único som na noite tranquila.
Ela se lembrou dos lábios de Jon, quentes e insistentes contra os dela, antes que Fossem interrompidos no penhasco. E ali estavam eles novamente, apenas alguns centímetros de distância, como se o universo conspirasse para uni-los, apesar do perigo.
E havia perigo. De perder o foco. De abrir seu coração para alguém que ainda estava de luto por causa da noiva morta. De abrir seu coração para qualquer pessoa, para falar a verdade.
Ela tentou acalmar a onda de desejo que percorria suas veias.
-Acho que devíamos ir para a cama.
Ele sustentou o olhar por mais um momento antes de se distanciar com relutância.
-Acho que sim.
Ava estava a meio caminho da porta quando ouviu a voz de Jon atrás dela.
O que é...
Virando-se, ela viu Jon estudando algo na parede. Ela se aproximou dele e se inclinou, percebendo uma pequena rachadura nos painéis de papel de arroz na parede da sala de meditação.
-O que é isso? - perguntou Ava.
Jon estendeu a mão, empurrando suavemente a parede, até que um enorme retângulo pareceu abrir-se diante deles. O painel abriu para dentro.
Uma porta oculta.
Jon pegou uma vela de um altar próximo e deu um passo em direção aos sombrios recessos do quarto à frente. Ava pôs uma mão em seu braço.
-Você acha que devemos?
Ele se virou para ela, a indecisão em seus olhos.
-Você provavelmente não deveria, e não quero que fique em apuros. Mas eu vou ver o que tem ali. Ava suspirou e seguiu-o.
O aposento era tão escuro que ela não podia ver nada além do pequeno círculo de luz emitido pela vela. Ela agarrou-se ao braço de Jon, dando aos olhos tempo para se adaptar à escuridão ao redor. Não ajudou muito, mas poucos segundos depois Jon estendeu o braço, segurando a vela na frente e movendo-a ao redor até que Ava pôde ver o que havia na sala.
Era pequena, não muito maior que um armário. E havia uma pequena escrivaninha encostada em uma das paredes, um banco modesto e uma vela apagada queimada até a metade. Não havia quadros na parede, nem objetos pessoais que sugerissem o propósito do quarto ou de seu proprietário, embora Ava achasse que pertencesse a Takeda.