Capítulo 29

107 5 0
                                    

O grito de Reena rasgou o ar quando Cruz foi ao chão. Ela caiu ao lado dele, segurando sua cabeça no colo. Não, não, não... ela murmurou, tocando seu rosto.

-Você não pode fazer isso comigo, Cruz. Preciso de você!

-A voz dela se elevou.

-Está me ouvindo?

-Eu preciso de você! Você não pode me deixar!

Mais dois tiros atravessaram o silêncio chocante. Ava estava tão desorientada com tudo o que tinha acontecido com tudo que ainda estava acontecendo que levou um minuto para rastrear os tiros até a arma do barman. Ela seguiu o olhar dele e viu Lee, estatelado no chão, com a arma que tinha derrubado Cruz ainda nas mãos.

Um barulho soou perto do bar quando Vic tentou se levantar, derrubando copos no chão quando cambaleou. Um segundo mais tarde, ele deu uma guinada para a porta dos fundos, seguindo seu chefe para fora, na tarde quente de Sonoma.

Vamos lá, Cruz disse Reena. - E hora de acordar. Ainda temos trabalho a fazer. Simon precisa de você. Eu preciso de você.

O rosto de Cruz estava pálido, os olhos fechados. Ava ergueu o punho dele, tentando sentir o pulso. Ao notar que não havia nenhum, abaixou a cabeça em seu peito, procurando em vão pelo batimento cardíaco. Ava respirou fundo e colocou a mão no ombro de Reena.

-Ele se foi.

Ninguém se moveu. O soluço baixinho de Reena era o único som que se ouvia no outrora caótico pub. Ava ficou surpresa ao sentir a dor de algo estranho, quase esquecido: a perda.

Não achava que pudesse mais sentida. Não achava que fosse capaz de se preocupar com ninguém o suficiente para se importar se algo acontecesse com essa pessoa.

Mas de alguma forma eles tinham se tornado companheiros de luta. A perda de Cruz e a dor de Reena abalaram Ava. De repente, mais dois tiros soaram agora abalados, vindos de tora.

-Jon!

-Ava ficou de pé, atravessando a sala e agarrando a arma da mão sem vida de Lee.

Ela olhou de Jane para Reena, hesitando em deixá-las depois de tudo o que tinha acontecido. Mas Reena apenas balançou a cabeça. Eu estou bem. Vá.

Ava sabia que era uma mentira. Levaria um longo, longo tempo até que Reena estivesse bem. Mas perder Jon não mudaria o que tinha acontecido com Cruz.

-Eu vou ficar - Jane disse, deixando-se cair no chão ao lado de Reena. - Vá pegar aquele desgraçado.

Ava estava quase na porta dos fundos quando uma voz familiar chamou-a do bar.

-Não taça isso, Ava - disse o barman.

-Não tente me impedir, Shay! - E correu em direção à saída, a arma surpreendentemente confortável na mão.

Entrando no beco atrás do Red Tavern, olhou ao redor, tentando encontrar a origem dos tiros. O sol estava baixo no céu, envolvendo o beco na sombra, e uma caçamba de lixo solitária era o único esconderijo possível para Cain.

Caminhou em direção a ela, arma na mão. Esgueirando-se até a peça de metal laranja, colocou as costas contra ela, preparando-se para ficar frente a frente com o cano de uma arma. Mas quando ela olhou atrás da caçamba, com a arma estendida na frente, não havia ninguém lá.

Pneus guincharam no final do beco, chamando a atenção de Ava para longe da lixeira. Ela correu em direção ao barulho, e viu um Lincoln preto se afastando rapidamente do Red Tavern. Pôde ver a cabeça de Jon no banco do passageiro, o que significava que Cain devia ser o motorista.

Correu atrás do carro, mas só conseguiu dar alguns passos antes de quase tropeçar em alguma coisa. Ao olhar para baixo, viu um corpo caído de bruços no chão, cercado por sangue.

O Lincoln já ia longe, e Ava abaixou-se e virou o corpo, sujando de sangue as mãos.

Era Frederick Cain.

-Mas então quem levou Jon?

Ela não teve tempo de considerar a pergunta porque uma mão agarrou seu pescoço por trás.

-Agora é a sua vez, cadela Ava reconheceu vagamente a voz de Vic enquanto ele a pressionava contra o metal áspero da lixeira, tentando sufocá-la.

Ela só teve medo por um minuto. Então o medo se transformou em raiva. Raiva porque não conseguiria trilhar seu caminho em busca de vingança. Porque não seria capaz de fazer Reinhardt e Charlie pagarem pelo que fizeram com ela.

Pelo que fizeram com todos cies.

Mas mesmo sua raiva durou pouco, seguida por um doce transbordamento de tranquilidade quando começou a perder a consciência. Agora não teria de lutar. Poderia simplesmente deixar-se ir.

Revenge Treinamento para Vingança - Jesse LaskyOnde histórias criam vida. Descubra agora