Capítulo 61

89 2 0
                                    

JANE DESPERTOU AGITADA, AGARRANDO A MÃO DE SHAY quando o avião trepidou por causa de uma turbulência. Por um momento, ela não soube onde estava ou o que estava acontecendo, ainda retornando das profundezas do sono. Mas quando seu olhar pousou em Shay, percebeu que de alguma forma estava a salvo.

-Está tudo bem - ele sussurrou. Estamos voltando para Rebun. Os olhos dela viajaram para o hematoma na cabeça dele.

-Meu Deus! Shay - ela diz baixinho -, está doendo? Sinto muito, eu...

Ele a interrompeu.

-Tudo bem, Jane, eu entendo. Você precisava descobrir quem era. Quem você é.

Ela assentiu com a cabeça, olhando-o nos olhos.

-Você realmente segurou minha mão enquanto eu estava inconsciente no ano passado?

Ele desviou o olhar, como se o peso do olhar dela fosse muito para suportar.

-Todos os dias.

Jane sorriu.

Ele olhou para ela e deu uni sorriso forçado.

Se eu soubesse que você ia me deixar inconsciente, poderia ter reconsiderado.

Ela riu um pouco, tocando suavemente a pele ao redor da ferida dele.

-Sinto muito por isso. - Ela corou. Mas também estou arrependida por estragar... bem, você sabe.

Ela teve um flash de suas mãos no cabelo dele, de como atraiu os lábios de Shay para os dela no carro escuro, do poço inexplorado de emoção e desejo que crescia no calor do beijo que trocavam.

-Pensei que fosse apenas uma distração - disse ele. Jane deu um sorriso.

Eu tinha que entrar na propriedade. Mas não queria. Ele continuou a olhar para Jane até

que cia mal conseguia respirar, a promessa de um novo começo nos olhos. Ela apontou para o corredor do avião.

-Vou falar com ele...

Ele acenou com a cabeça, levantando para deixá-la passar. Ela percorreu o corredor e sentou ao lado de Takeda.

-Sensei - disse, sentindo um inesperado ataque de carinho pelo homem que se tornou um pai para ela. Aprendi muito. Sobre minha identidade. Sobre meu passado.

Takeda acenou com a cabeça, olhando fixamente para ela. - Eu só queria... - ela hesitou.

Será que realmente queria a resposta para sua pergunta? Conseguiria sobreviver a isso? Sim?

-Meu pai estava envolvido em meu acidente?

O olhar de Takeda diz tudo o que ela precisa saber. Ela expira, o coração apertado.

-Então ele estava no carro que me atingiu. Meu próprio pai... Ela olhou para Takeda. – Por que ele faria isso comigo?

Você vai aprender mais na próxima fase do treinamento, Mira.

-Não - ela protestou com veemência. - Mira Reinhardt está morta.

Ela se levantou, caminhando para uma fileira de poltronas vazias, para se sentar sozinha.

Ela agora sabia a resposta para sua pergunta. Ela queria respostas. Ela poderia sobreviver a elas. Mais do que isso, ela poderia suportar. E ela o faria.

Mira Reinhardt, 17 anos, encontra-se em um quarto de hospital, inconsciente sobre os lençóis brancos. Seu rosto e seu corpo estão cobertos por hematomas enormes e camadas de bandagens. No local em que a cicatriz um dia vai residir, em sua bochecha, há um conjunto de grampos particularmente medonho e grotesco, que manterá o rosto unido até que se recupere. Ela está com uma aparência horrível, mas o jovem médico explica que há sempre esperança.

Ele fica ao lado de Takeda, que olha para a jovem mulher lutando para ficar longe das portas da morte.

-Ela é, certamente, uma lutadora - diz o médico. Ela vai ser - diz. Takeda, com certeza.

O médico balança a cabeça.

-Muito trágico. Ainda mais porque ainda não descobriram quem fez isso.

-Não havia testemunhas? Takeda pergunta, já sabendo a resposta. De acordo com os relatórios da polícia, a garota estava caminhando para casa, voltando de uma aula de arte, quando o carro a pegou por trás. Execução e fuga aleatórias. Padrão.

Mas Takeda sabe que, quando se trata das pessoas que cercam William Reinhardt, nada é aleatório.

É calculado. Coordenado.

O médico fica surpreso que Takeda esteja fazendo essas perguntas. Da forma como ele está vestido, o medico presume que Takeda é um dos detetives que estiveram entrando e saindo do quarto desde que trouxeram a menina.

-Sou um amigo - diz Takeda, com os olhos fixos no coração de Mira que ainda batia, ilustrando em picos e vales verdes na máquina de eletrocardiograma ao lado da cama.

-Que tipo de amigo? - o medico pergunta. Takeda enfia a mão no bolso e retira um envelope. Ele o entrega ao médico.

-O que é isso? - o médico abaixa a cabeça e o abre.

-Será que ainda importa quem eu sou? - pergunta Takeda. O médico olha para o dinheiro dentro do envelope antes de colocá-lo em seu bolso.

-O que você quer? - ele pergunta a Takeda.

-Diga ao pai da menina que ela está morta Takeda instrui.

-Que ela nunca mais vai acordar.

O médico fica visivelmente perplexo.

-Por que quer que eu faça isso?

-Porque, ao fazê-lo, estará salvando a vida dela - diz Takeda, sabendo que Reinhardt não ia parar até que a filha estivesse morta.

E Takeda não vai deixar que isso aconteça.

A menina ainda tem muito para viver. E muito para vingar.

Revenge Treinamento para Vingança - Jesse LaskyOnde histórias criam vida. Descubra agora