Capítulo 41

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AVA ESPERAVA ENCONTRÁ-LO, MAS VER CHARLIE MOVENDO-SE pela sala de degustação ainda era como levar um forte tapa na cara.

Uma loira alta e voluptuosa agarrava-se ao braço dele enquanto ele ria com os convidados, batendo-lhes nas costas e ouvindo atentamente quando falavam. Como se fossem as únicas pessoas na sala. No mundo.

Ava conhecia aquele olhar, aquele sentimento. Conhecia muito bem.

O Sangiovese rolava livremente, enquanto homens vestindo smokings Armani estavam ao lado de mulheres com vestidos de grife e escarpins Jimmy Choo. Ava e Reena esperaram que

Charlie passasse para a sala adjacente antes de entrarem na festa. Ava preparou-se quando os convidados viraram a cabeça todos ao mesmo tempo, todos pousando os olhos sobre ela.

Um murmúrio ressoou no meio da multidão como uma onda, ganhando velocidade quando todos perceberam quem estava diante deles.

-Meus Deus! - Ava sussurrou para Reena. - Todos os olhos estão em mim.

-É disso que precisamos para fazer todo o resto acontecer - Reena lembrou.

-Bem, você tem mais experiência como a queridinha da mídia - disse Ava. - O que faço agora? Reena deu um sorriso brilhante o suficiente para iluminar o aposento. Sorria.

Ava caminhou para dentro da sala, de cabeça erguida, enquanto todos continuavam suas conversas, embora com um olho nela.

-Então - disse Reena, olhando ao redor. - Qual será que é ela? - Ava avaliou as candidatas.

Uma mulher bonita bebia sherry em uma mesa de café vintage. Usava um vestido sob medida com um colar de diamantes que Ava avaliou como verdadeiro. Não era ela.

Perto da lareira, duas garotas de cabelos escuros usando pele de raposa e brincos de  argola riam enquanto um par de xavequeiros trajando coletes e óculos de armação preta faziam o melhor que podiam para chamar a atenção.

Interessante, mas definitivamente não era o tipo de prostituta sofisticada que alguém como Reinhardt contrataria.

E quanto àquela? - Reena indicou uma mulher em forma de ampulheta com as pernas cruzadas e um ninho de cabelos pretos, rosto inclinado para o telefone enquanto os dedos deslizavam sobre as teclas.

Ava balançou a cabeça, apontando para o outro lado da sala, onde uma mulher alta e peituda com cabelo vermelho examinava a multidão. Seu fascínio era óbvio. O vestido era um pouco decotado e curto demais, com uma rosa fixada em uma das alças finas.

-É ela - disse Ava. Reena pareceu surpresa.

-Como você sabe?

-Uma socialite de Napa não seria tão curiosa. Esse tipo de festa é bem corriqueiro por aqui. Além disso, o gloss é um pouco vulgar demais, o vestido muito...

-Entendi - Reena disse com uma risada. - Então tem certeza? - Ela inclinou a cabeça em direção à mulher.

-Olhe você mesma.

A mulher estudava descaradamente a decoração, passando a mão sobre um abridor de vinho banhado a ouro pendurado na parede. Ava se lembrava do objeto. Tinha sido um

presente da OIV durante um ano particularmente gratificante em que Ava e a avó saíram na capa da revista de vinhos regionais de Napa Vallcy. O Cabernet de Starling tinha arrebentado na competição do festival internacional de vinhos do Concours Mondial de Bruxelles.

-Ok, então - disse Reena, respirando fundo.

-Vai dar tudo certo - disse Ava.

Ela notou que Reena estava um pouco mais aprumada, suas maneiras mudando de introvertida e reservada para sedutora sensual à medida que rebolava em direção à menina contratada de cabelos cor de cobre.

Um momento depois, alguém bateu no ombro de Ava.

Ela virou-se, quase engolindo a própria língua quando ficou cara a cara com Charlie.

Todo o treinamento do mundo não a tinha preparado para o choque de vê-lo, de estar tão perto dele. Ela ficou presa na armadilha de sua colônia, um perfume que ele usava desde o dia em que Ava o conheceu. Uma série de lembranças passou por sua mente. O primeiro beijo. A primeira vez que fizeram amor.

Mas levou apenas um segundo para Ava se lembrar de como tudo tinha terminado.

-Ava - ele respirou, com o rosto branco do choque.

Ela forçou uma expressão plácida no rosto, surpresa quando o resto do corpo a seguiu. A tranquilidade fluía dela enquanto olhava para o rosto de Charlie. Finalmente. Finalmente.

-Então você se lembra de mim - disse ela.

-Lembrar? Claro que me lembro - disse ele, sorrindo nervosamente. - Mas o que você está fazendo aqui?

-A expressão é "você não pode voltar para casa", certo? - ela disse. - Acho que eu queria descobrir por mim mesma.

Ele estreitou os olhos.

-O que você realmente quer Ava?

Ela sorriu, pegando a mão dele e puxando-o para o centro da sala - Dançar.

Revenge Treinamento para Vingança - Jesse LaskyOnde histórias criam vida. Descubra agora