Capítulo 51

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-MINHA FAMÍLIA NÃO É RESPONSÁVEL PELAS COISAS QUE fiz - disse Charlie.

- Você não tem de fazer isso com eles.

Ainda se recuperando da suspeita de que Marie teria ajudado Reinhardt, a determinação de Ava começou a abrandar diante da súplica de Charlie. Ava não era má pessoa. Na verdade, sempre havia se esforçado para ajudar outras pessoas. Talvez Charlie estivesse certo.

Talvez isso fosse levar a vingança longe demais. Afinal, já tinha dito o que queria.

Charlie se aproximou, procurando tocar seu rosto.

-Eu sinto tanto, Ava. Eu... - balançou a cabeça.

-Gostaria de fazer tudo voltar ao que era antes.

No momento em que seus corpos se aproximaram, a atração tornou-se forte demais para ser combatida. Em um piscar de olhos, Ava já não se lembrava mais da dor e do sofrimento das semanas que se seguiram à traição de Charlie, da vergonha pungente que sentiu em razão de sua ingenuidade. Ao contrário, foi transportada para os piqueniques que tinham feito, para as horas passadas conversando e rindo sob o sol quente de Napa. Lembrou-se de estar deitada na cama, planejando o futuro, escolhendo o nome dos filhos, sentindo que nada no mundo poderia machuca-la enquanto Charlie estivesse a seu lado.

Ele passou a mão pelos cabelos de Ava, e a cabeça dela inclinou se involuntariamente na palma da mão dele. Fechou os olhos, agarrando -se desesperadamente à possibilidade de que ele tivesse mudado.

Tinha salvado a pintura. Talvez estivesse tentando salvar sua alma também. - Ava... - ele murmurou.

E então, a maior das suas traições baixou os lábios para os dela, tomando conta de sua boca, o desejo lambendo o corpo de Ava como logo. Por um momento não havia mais nada.

Não havia mentiras. Não havia passado. Nem dor. Apenas a língua dele explorando sua boca, o corpo pressionado contra o dela como uma lembrança valiosa.

E então, de dentro da carteira de mão, algo espetou a palma da sua mão. Ava hesitou, interrompendo o beijo.

-O que foi? - Charlie perguntou, com a respiração ofegante.

Abrindo a carteira, ela encontrou o pedaço irregular da chama de Acala. E então se lembrou das palavras de Takeda. Queimar todas as fraquezas é o único caminho para encontrar a verdade. Para alcançar a iluminação.

Para se tornar a guerreira que precisava ser. Para decretar verdadeiramente fukushuu contra esse homem que roubou seu lar. Sua família. Sua vida. E, sim, seu coração.

Charlie aguarda ansiosamente sob um imponente arco adornado com lírios brancos, observando Ava caminhar pelo corredor em um elegante vestido de noiva de peau de soie da estilista Vera Wang. Trata-se de uma pequena reunião, íntima e de bom gosto exatamente o que Ava queria. O Cânone em Ré Maior de Pachelbel ressoa dos pequenos alto-falantes do iPod que Daniella colocou entre buquês de hortênsias brancas.

O colar de safira cintilante de Ava brilha sob a luz do sol - uma coisa azul. As uvas envelhecidas da Vinícola Starling criam um cenário deslumbrante - uma coisa antiga. Ava é bem-aventurada. É um dia perfeito para se casar, e ela vai se casar com o homem perfeito.

Ao lado de Charlie, está o homem que ele pagou para posar como reverendo Moore. O sorriso de Charlie e genuíno. Seus sentimentos são reais, assim como seu acordo com Reinhardt. E, infelizmente, esse acordo tem mais poder do que seus sentimentos jamais terão.

Revenge Treinamento para Vingança - Jesse LaskyOnde histórias criam vida. Descubra agora