Capítulo 27

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Ava está sentada devorando uma refeição no Abrigo para Mulheres de Santa Ella, em Carson City, Nevada, cerca de trezentos quilômetros a nordeste da região de Napa Valley. O teto baixo e as paredes deprimentes do abrigo refletem os sentimentos das mulheres amontoadas no espaço apertado. Encurraladas e cheias de desespero, aquele é o fim da linha.

Ava, com a beleza oculta atrás dos olhos cansados, está em constante estado de ansiedade confusa. Ela vive nas ruas há quase um ano, depois de vender a maioria das joias e

das roupas da mãe e da avó para sobreviver, não sem que um pedaço de seu coração se parta a cada vez.

Mas ela só conseguiu pôr as mãos nesse pouco, e está tudo acabado agora.

Ava tenta fazer durar o pão de milho e a sopa rala servida no abrigo. Não quer que peçam a ela para sair. Enquanto toma uma colher da sopa, percebe um fio solto em sua luva rasgada sem dedos, e tenta arrancá-lo, mas, em vez de um corte perfeito, a luva recebida como doação começa a desfiar. Essa visão faz com que uma lágrima irracional role por sua bochecha. Ava respira fundo, tentando se recompor. Mas ela parece não conseguir alívio.

Nesse momento, um homem se senta em sua mesa. E robusto, tem boa aparência e aparentemente é a única pessoa no prédio desolado que parece sob controle . É óbvio que não pertence àquele lugar, mas nem Ava, algo que ele lhe diz um momento depois.

- Esta não é a vida que você deveria ter - diz ele se inclinando para perto dela. - E sei como ajudá-la a recuperar tudo o que era seu.

AVA DIRIGIA COMO SE ESTIVESSE FUGINDO DO INFERNO, esperando estar certa.

Assim que se recuperou do choque da confissão de Jon, correu para o carro, revirando freneticamente seu arquivo à procura de qualquer coisa que pudesse lhe dizer onde Jon poderia buscar Cain.

Encontrou um relatório sobre os negócios de Cain: um bar de quinta categoria chamado Red Tavern, no pior lado da cidade, supostamente o quartel-general de Cain.

Ela só pôde concluir que era para lá que Jon estava indo. Se ele não estivesse lá, Ava teria de se resignar diante do fato de que ele estava perdido para ela e para os outros.

Parou diante do bar e viu Jon logo à frente. Ele estava de pé do lado de fora, observando a construção em estilo de missão espanhola sob um sol de rachar.

Ava tinha visto um posto de gasolina um quilômetro atrás e, mais recentemente, um armazém abandonado. Fora isso, estavam no meio do nada, com nada mais que gatos vadios ronronando e lixo caído no chão empoeirado.

Jon estava prestes a entrar com passos decididos quando ela saltou do carro e correu em direção a ele com toda a velocidade que pôde reunir. Jon - ela gritou. - Pare!

Ele continuou andando, aparentemente alheio à sua voz.

Ela pegou em seu braço, tentando fazê-lo parar, mas era como tentar deter um caminhão em alta velocidade. Todo o treinamento de Takeda não podia compensar o fato de que Jon a superava por muitos quilos, uma vantagem que só foi ampliada por sua determinação.

Ele tentou afastá-la. - Deixe-me ir, Ava.

-Por favor - ela implorou. - Você não pode impedir essas pessoas dessa maneira.

-Não é da sua conta - ele disse com os olhos castanhos frios. Preciso fazer isso.

É a única maneira de acertar as coisas.

Ela pegou no braço dele novamente e disse:

-Se isso é sobre a noite passada... Se você se sente culpado...

-A noite passada não tem nada a ver com isso - ele gritou.

Ela estendeu as mãos, colocando-as no rosto dele, forçando-o a olhar para ela, ignorando a proximidade que se estabeleceu entre os dois.

-Você se sente culpado - disse ela. Por viver, por sentir, enquanto Courtney não pode. Eu entendo isso. Mas ser inconsequente não vai resolver nada. Se você quiser fazê-los sofrer do jeito que você tem sofrido, da maneira como Courtney tem sofrido, esse não é o caminho.

-Isso é tudo que você faz Ava. Tudo o que qualquer um de vocês fazem. Falar e pensar. E falar e pensar não vai dar a Courtney a justiça que ela merece.

Devíamos ser uma equipe! - ela gritou. Se você fizer isso, estará tomando a decisão por todos nós.

Jon passou por ela, indo para a porta do Red Tavern. Ela se posicionou na frente dele, colocando a mão em seu peito.

-Por favor.

-Saia da frente, Ava - sua voz era calma e fria, sem sinal do carinho e da amizade que cresceram entre eles.

-Eles vão matar você. Os olhos dele ardiam para Ava com uma terrível convicção.

-Então que assim seja.

Ava estava tentando pensar em algo para dizer, qualquer coisa que fizesse Jon ouvir a razão, quando um baque sinistro soou atrás deles.

Ava virou-se e deu de cara com os tambores de duas pistolas engatilhadas uma delas pertencia a um cara enorme com braços como troncos de árvores. A outra era de um homem com barba, de cabeça raspada e limpa.

-Ora, ora, ora! o cara de barba disse. - Olha o que o gato trouxe para nós!

Revenge Treinamento para Vingança - Jesse LaskyOnde histórias criam vida. Descubra agora