AVA SE ENCOSTOU NO PARAPEITO DA VARANDA, RESPIRANDO o rico aroma que emanava do solo. O céu estava escuro lá em cima, e a meia lua lançava uma luz dourada sobre as colinas e os campos ao redor da estalagem. Era quase maio, mas ainda cedo o suficiente para estar fresco, sem aquele calor que vem com o alto verão e que amadurece as uvas antes da colheita. Uma brisa soprou por entre as árvores no canto da propriedade, tocando suavemente a pele de Ava, nua sob a camisola velha que Marie tinha lhe emprestado.
Ela não percebera quanto sentia falta dali; tinha tentado não pensar nisso. Mas estava em casa, e o que quer que Reinhardt tivesse tirado dela, o que quer que acontecesse de agora em diante, era algo que nunca ia mudar.
-Velhos hábitos custam a morrer, não é?
-A voz de Jon veio de trás dela.
Ela virou se, sorrindo um pouco.
Acho que sim. Não consegue dormir? Ele confirmou com a cabeça.
-E você?
Ate tentei, mas acho que lenho muita coisa na cabeça.
Ele olhou para o quintal da frente bem-cuidado e florido, para atrair clientes, e então para os campos distantes.
-Deve ser estranho estar de volta. Ela assentiu com a cabeça.
E sim. Mas também é bom, apesar de ludo.
-O lar - ele disse simplesmente.
-Sim.
Ficaram em silêncio por um momento, Ava dolorosamente consciente do corpo dele junto ao dela, o cheiro fresco de sabonete sugerindo um banho recente. Ele estava vestindo samba-canção e uma camiseta, confortável o suficiente para dar a ela uma ideia dos ombros largos e dos bíceps musculosos. Os olhos dela foram atraídos para as mãos fortes e firmes no corrimão da varanda. Imaginou-as em sua cintura nua, nos quadris.
Respirou fundo, tirando a imagem da mente.
E você? - ela perguntou, tentando pensar em um assunto diferente. - A sensação de estar de volta é estranha?
Ele pensou sobre aquilo.
-Bem, aqui não é um lar para mim como é para você, mas é perto o suficiente para desenterrar o passado. Então acho que sim, é estranho.
Ela assentiu, indicando que compreendia.
-Em Rebun, tudo isso parecia muito distante. Quer dizer, eu sabia qual era o propósito do treinamento, obviamente. Mas era tudo um pouco...
Ele levantou uma sobrancelha.
-Abstrato?
Ela riu baixinho, não querendo acordar os outros.
-Exatamente. E agora é real. Os olhos dele encontraram os dela.
-É bem real.
Ela não tinha certeza se ainda estavam talando sobre seus planos, sobre vingança. Ele estava a apenas alguns centímetros de Ava, tão perto que ela podia sentir o magnetismo que emanava do corpo dele. De repente, Ava sentiu dificuldade para respirar, a respiração rápida e superficial, o peito subindo e descendo quando Jon colocou a mão em seu rosto, afagando-o, antes de entrelaçar os dedos no cabelo atrás da sua nuca. Ela se inclinou na direção de Jon, o algodão macio da camiseta dele enviando faíscas para a pele nua do peito dela. Ava, eu...E então sua boca estava sobre a dela, lábios quentes e suaves em um primeiro momento, tornando-se mais vorazes quando ela o beijou de volta, colocando os braços ao redor dele, enquanto Jon inclinava a cabeça dela para invadir sua boca. Ava estava perdida, todo o resto esquecido quando foi tomada pelo desejo que consumia seu corpo.
Fie moveu a mão da nuca, deixando-a viajar para o pescoço, para os ombros nus.
Enganchando um dedo na alça da camisola, começou a deslizá-la do ombro, a boca encontrando a pele macia perto do pescoço e dos ombros.
A cabeça de Ava se inclinou para trás, e um gemido escapou de seus lábios.
-Jon...
E, em seguida, de repente, ele se afastou, voltando a alça para a posição original e colocando um espaço frio entre seus corpos quentes. Ela tentou sair daquele estado de paixão.
-O que foi?
Ele balançou a cabeça.
-Sinto muito. Eu estou... Eu não posso...
-Por causa da Courtney. - Não foi uma pergunta.
Isso não está certo - disse ele, com os olhos cheios de tormento.
Ela se foi, Jon - Ava disse gentilmente. Ele balançou a cabeça lentamente.
Isso não muda o fato de que eu ainda a amo. As entranhas de Ava se contorceram. Como poderia culpá-lo?
Ele era um bom homem, mais leal do que qualquer outro que já tinha conhecido. Quem era ela para querer mais dele? Esperar que ele não lamentasse a noiva morta?
-Entendo.
-Ela estendeu a mão para tocar seu rosto, querendo consolá-lo, mas pensou melhor.
Deixou a mão cair.
-Boa-noite, Jon.
-Boa-noite, Ava.
As palavras atingiram suas costas quando ela entrou na casa. Disse a si mesma que era melhor assim, que tinham coisas mais importantes para se preocupar do que com aquela atração mútua.
E então disse a si mesma que acreditava naquilo.