Unidade Polunsky.

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    Às vezes um sonho pode te fazer sentir frio, calor, pode te fazer sentir cheiros e a sensação de alguém tocando sua pele. Um sonho realista te faz acreditar que tudo é real e que de alguma maneira aquilo está verdadeiramente acontecendo. Era isso que eu esperava quando acordei.

       A cor laranja supostamente é revigorante, mas para mim ela não era nem um pouco. Tudo era novo, o macacão pinicava e a cama parecia ser feita de cimento. Eu ainda ouvia os policiais dizendo "me de o dedo indicador, agora da outra mão. Olhe para a câmera. Sem  visitas por enquanto, apenas o advogado. Você está na Unidade Polunsky prisão de segurança máxima."

      Eu era a detenta 2045 da Unidade Polunsky na cidade de West Livingston -Texas, considerada perigosa o bastante para ser mandada para uma prisão de segurança máxima, afinal, enquanto eu tomava banho para tirar o sangue do meu corpo, ouvi duas guardas comentando que estavam tentando encaixar mais uma acusação na minha lista, agora além de assassina eu também era terrorista, de alguma forma.

        Uma pequena parte da minha cabeça gritava incessantemente para que eu dissesse que não tinha matado Hanna e Wes, para dizer que a única pessoa que matei  foi usado o simples extinto de sobrevivência, que foi legitima defesa. Mas a outra parte, talvez a maior, dizia "como vai contar uma coisa que não se lembra?" Afinal, eu matei uma pessoa, facilmente poderia ter matado outras duas. Eu poderia ter matado meus amigos. 

     O eco da tranca se espalhou rapidamente fazendo-me levantar. Um guarda segurava a porta aberta encarando-me enquanto eu me acostumava com a luz, porque, diferente do que todos pensam, em uma prisão de segurança máxima não há grades e sim portas de ferro com pequenas janelas.

– Levante, o advogado veio te ver. – disse ele quando eu ainda permanecia sem entender o que ele estava fazendo ali.

– Que horas são? – perguntei olhando o relógio que estava em seu pulso quando o mesmo me algemou.

– Aqui o tempo é diferente Blake, não há horas. – me virou de costas. – É melhor se acostumar. – isso eu tinha percebido, eu já havia perdido a noção do tempo que eu estava deitada olhando para um teto cheio de manchas. As algemas foram apertadas e meus pulsos latejaram. 

   

        Sentia-me em um açougue, a cada cela que eu passava alguém gritava "carne nova" "eu adoro carne branca" "quero experimentar essa daí" “Que belo filé”. Eu era a carne e elas eram os fregueses.

É só um sonho, Catlin. Só um sonho. 

     

O policial me guiou em dois corredores até chegar a uma parte que em vez de celas, eram escritórios. Apertou um botão ao lado da porta a abrindo em seguida, o advogado estava escrevendo  alguma coisa quando a porta foi batida atrás de mim.

– Por favor, sente-se. – ele pediu apontando para a cadeira na sua frente sem tirar os olhos do papel. – Temos muito que conversar.

– Tipo qual é a roupa que vou querer usar quando eles me matarem? – seu olhar subiu até o meu, mas não disse nada. – Quais são as minhas acusações, realmente?

Injeção Letal.Onde histórias criam vida. Descubra agora