Mate-me por misericórdia.

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POV Caitlin Blake.

         Eu me sentia bem, na medida em que se é possível estar bem em uma prisão. Pela primeira vez em muito tempo eu tinha dormido sem ter nenhum pesadelo, Jéssica tinha saído da solitária, Vivih estava estranhamente quieta e ele, eu tinha feito as pazes com Justin Bieber.

        Sentia-me leve, as cartas na mesa com Justin estavam viradas, eu sabia que ele  me achava culpada e ele sabia que eu não confiava nele. Não podíamos ficar vivendo em uma montanha russa enquanto estávamos ligados até o pescoço, eu precisava dele e ele de mim.      

       Apesar de tudo eu queria a verdade, era como se parte do meu cérebro fosse arrancado e eu queria recupera-lo, Wes e Hanna eram meus melhores amigos e se eu fui capaz de mata-los eu deveria morrer. A verdade as vezes é boa, as vezes cruel, mas eu simplesmente não me importava, precisava saber.

Mas eu sabia, acreditava, que tudo aquilo tinha sido armado e eu precisava de Justin para provar isso.

        Caminhava por aquele corredor com as mãos algemadas, o guarda segurava meu braço enquanto ia me guiando até a pequena sala onde eu iria receber o meu advogado. Amanhã eu iria até o tribunal, contaria a minha versão e começaria o processo de revogar a minha sentença de morte.

– Tudo bem. – ele disse depois que eu contei tudo que aconteceu naquela noite, por um instante achei que ele ficaria surpreso, mas só deu de ombros. Segurou uma folha e a deslizou na minha frente.  – Agora vamos te treinar para as perguntas, ok?

– Não é só eu dizer a verdade? – ele subiu o olhar até mim.

– Primeiro eles vão te perguntar uma coisa simples do tipo “qual era a cor do chão da boate.” E você vai pensar que eles são uns idiotas e subestima-los. – qual era o problema nisso? – E você vai se sentir tão confiante que não irá dar a devida atenção para as perguntas e quando você menos esperar estará dizendo que você os matou.

– Tá legal, eu já entendi senhor Brown. – ergui as mãos e ele suspirou. – Nada de subestima-los.

– Por favor, me chame de Dylan. – deu um meio sorriso. – Bom, vamos com a primeira pergunta. Está pronta? – fiz um sim com a cabeça. – Senhorita Blake, porque fugiu de casa naquela noite?

– Eu briguei com os meus pais.

– E qual foi o motivo da briga? - fez outra pergunta, sem encarar o papel, parecendo ter decorado todas.

– Uma briga na escola. Hanna, Wes, Liza e eu. - eu estava calma, controlando as batidas do meu coração.

– Então você está dizendo que fugiu por uma briga na escola, apenas isso?

– Não. Discuti com os meus pais porque eles queriam que eu fosse igual ao meu irmão, Christian.

– Você sentia ciúmes do seu irmão? - que merda de pergunta é essa? Cruzei o cenho com ele ainda me encarando. 

– Eu o amava mais que tudo nessa vida.- respondi.

– Você culpa seus pais pela morte dele?

– Não.

– Você se culpa?

– Sim. - minha boca secou, olhando minhas mãos geladas repousadas na mesa.

– Por quê?

– Porque eu poderia ter evitado. Eu que dei a ideia de irmos ao lado naquele dia.

– Depois que seu irmão morreu você se tornou uma adolescente problemática. Foi presa por portar maconha. – fiz um sim com a cabeça. – Responda a pergunta Caitlin, sem gestos.

Injeção Letal.Onde histórias criam vida. Descubra agora