REI: Meu filho, eu chamei a Nuria e apenas ela.
COLIN: Seu guarda estava agredindo ela, pai! E o pior, em seu nome. Isso não é digno de um rei.
REI: O que você sabe sobre a dignidade de um rei? Você só pensa em mulheres... Acha que isso é digno de um futuro rei? Quando estamos, por sua culpa, à beira de uma guerra!
Parece até que estou ouvindo meu próprio pai falando comigo, e isso me dá arrepios. Até que ponto nossas vidas são tão parecidas?
Sinto que o príncipe está ficando tenso, eu sei o quanto é difícil defender-se de uma acusação injusta.
Eu olho para Colin, seu rosto permanece sério, mas seus olhos parecem cheios de lágrimas. Diante do rei, ele parece fraco, então, eu decido falar.
NURIA: Eu não conheço o Colin há muito tempo...
Eles olham para mim assim que eu começo a falar, então, eu junto toda a minha coragem e dou um passo à frente. Como se eu tentasse proteger Colin.
Por momentos, eu esqueço que estou descalça, de camisola, em frente ao rei. Mas preciso dizer o que eu acho certo.
NURIA: E mesmo ele não parecendo ser confiável, ele já provou várias vezes que é uma boa pessoa. Ele já me ajudou, ouviu meus problemas. Bondade e empatia não são qualidades importantes para um rei?
REI: Minha jovem, para governar um reino, um homem precisa de muito mais do que isso. E não o defenda, já que a próxima mulher bonita que aparecer será sua substituta em sua lista de conquistas.
Parte de mim espera que o Rei esteja errado. No entanto, no fundo eu sei que ele tem razão.
REI: Mas a culpa é minha, eu o deixei fazer o que quis. Mas agora chega, as coisas vão mudar. Nuria, uma testemunha afirma que viu você saindo do salão de festas, pouco antes do Visconde ser assassinado.
NURIA: Eu...!
REI: Sendo assim, você será vigiada por alguém de minha confiança. Pode entrar, Gabriel! Ele acompanhará você em tempo integral, por tempo indeterminado.
NURIA: O quê?
COLIN: Mas, pai!
Não posso acreditar nisso! Vejo um homem entrando na suite e logo o reconheço.
GABRIEL: É sempre um prazer servi-lo.
Ele diz isso com um tom de voz sarcástico e um olhar irritado no rosto. Colin e eu não reagimos por alguns segundos.
Eu não acredito que isso tenha mesmo sido ideia do Rei. Sem mais nem menos ele quer me vigiar? Não, deve haver outra razão.
E esse tal de Gabriel, porque ele foi rebaixado de futuro conselheiro a um mero vigia? Não faz sentido. Alguém aqui está mentindo, ou pelo menos escondendo alguma coisa.
O rei, cansado, nos manda de volta aos nossos aposentos. Colin me acompanhou até aqui e eu estou agora sozinha no meu quarto.
Eu entro debaixo dos cobertores, Gabriel está do lado de fora do meu quarto.
Pensativa, começo a pensar que algo muito sério está acontecendo e somos apenas peões nesse jogo.
Amanhã, vou investigar mais fundo, e descobrir o verdadeiro culpado.
Pouco depois de acordar, eu decido pedir ao rei uma audiência. Fui até sua suite, mas os guardas estão na frente da porta. Antes que eu falasse alguma coisa, um deles me aborda.