Conversa

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-E o que vai fazer?

-Não sei...

Primeiro dia de aula pós-férias da universidade. Sangwoo encontrou Bum para retomarem os estudos na biblioteca enquanto tomavam um café.

-Não consigo pensar em diversas situações ao mesmo tempo... eu nem sequer consegui focar em procurar Jieun para falar com ela! - apoiou a testa na mesa, suspirando. - Ah... eu sou um idiota.

Sangwoo colocou o copo térmico de café na mesa, e puxou a cadeira para mais perto de seu amado.

-Ei, não fale assim. - se curvou para sussurrar no ouvido do moreno. - Eu acho você incrível. - lambeu levemente a orelha do moreno, disfarçadamente.

-...! - Bum se envergonhou e se reergueu rapidamente. - Você precisa parar com isso...! Alguém pode ver. - sussurrou, um tanto apressadamente.

-Eu precisava te distrair de alguma forma. - Sangwoo sorriu preguiçosamente. - você não precisa se cobrar tanto...

-O pedido do Seung é plausível... eu deveria ter imaginado que ele me perguntaria algo assim. - deu um gole no café. - É só que... é difícil. Por mais que eu tenha passado por isso tudo, ainda é minha família. E minha avó... pode ficar sozinha.

-Mas você não gostaria que a justiça pudesse, de certa forma, ser feita?

Bum encara o loiro. Se a justiça fosse feita...

Dormiria sem preocupações de que um dia pode ser atacado novamente.

Sentiria que tudo o que passou, estaria vingado.

Mas sentiria paz?

Sentiria que fez a coisa certa ao denunciar seu abusador, que também é seu tio?

-Eu entendo que seja um parente seu e que se preocupa com sua avó. Mas não acha que a melhor forma de se ajudar é fazendo a denúncia? -Sangwoo coloca a mão em cima da de Bum. - A escolha entre colocar um pano por cima ou descobri-lo... é toda sua.

Bum o encara, um pouco sem ar. Sabe que Sangwoo quer conforta-lo, mas também sabe qual seria a escolha do loiro. Afinal, matou o próprio pai por tudo o que a mãe sofreu, e chega a ser um pouco assustador a forma como Sangwoo diz sobre o assunto tão claramente.

-Você... sabia que Seungbae estava fazendo isso.

Sangwoo fica sem graça com a acusação do moreno.

-A-Ah, eu... imaginava.

-Sabia ou não? - Bum espreita os olhos, como quem desconfia.

-Ele... - Sangwoo começa, sem conseguir desviar o assunto. - bem, digamos que ele deu a entender.

-Sabe... eu fico muito incomodado com tudo isso que o Bum vive.

-Como assim?

Estavam no trem indo para Songjeong, atrás de Bum. Estavam muito agitados para sentar, e Sangwoo andava de um lado para o outro no vagão. Ficou incomodado com Seungbae querer bater papo enquanto estava ali, morrendo de preocupação e com o coração acelerado da adrenalina.

-Ele prefere absorver a desabafar. Se defender a contra-atacar. Se esconder a encarar... isso faz mal para o estado dele. Eu não gosto de vê-lo assim. - se encostou na parede do vagão, olhando o loiro à frente.

Sangwoo encara o policial. É verdade que Bum tenta sempre tomar para si tudo o que vive sem revidar, diferente dele que toma atitudes, às vezes drásticas e tomadas pela emoção, para lidar com os problemas. Oras, até pintou o cabelo para se parecer menos com o pai, assim que o matou. Sua mãe sempre dizia que havia puxado o pai... bem, tentou mudar a história.

BrilhoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora