Sábado, às 15h33

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-Bum!

Ouve assim que chega na estação de trem. Abre um tímido sorriso, ainda chocado com a recente fuga. Recebeu um abraço longo do amigo, que o fez se sentir em um porto seguro. Seungbae o segura pelos ombros e o olha diretamente nos olhos, desmanchando um pouco o sorriso. Faz tempo que não via o amigo pessoalmente, e seu estado era... deprimente.

-Ei, não fique assim... foi para o seu bem, certo?

Bum dá um leve sorriso, acenando com a cabeça um singelo "sim".

-Obrigado, Seungbae... é que... é...

-Difícil, eu sei. - solta o menor e o olha com ternura. - Vamos recomeçar, certo? Estou aqui pra te ajudar.

Seungbae não teve uma vida fácil. Perdeu seus parentes de forma injusta, sem receber resposta ou uma preocupação. Hoje, ele quer ajudar a população trabalhando ao lado da justiça, mesmo que seja um tanto precipitado e ansioso.

Conheceu Bum no restaurante do tio do mais novo, quando viu que o mesmo era pressionado no trabalho. Conseguiu, depois de tanto esforço, aproximar-se de Bum, mas não o suficiente para ser um confidente. Sabe o que Bum passou, e quer ajudá-lo.

-Bem, vamos comprar as passagens. Você tem dinheiro ai, certo?

-Tenho sim...

Foram à bilheteria e compraram as passagens para Seul, aguardando o próximo trem.

-Então... - começou Seungbae. - Você sabe o que quer fazer depois de se mudar?

Bum o encara com olhos perdidos. Ainda estava confuso com o que acabara de fazer.

-Eu ainda não sei o que estou fazendo aqui, Seungbae. Como posso, ao menos, saber o que farei depois daqui? - Perguntou em um tom que ia do silencioso ao desesperado. Realmente, ainda estava chocado e não pôde pensar no que fazer depois. Nunca imaginou que conseguiria sair de casa e das garras do tio.

Seungbae o olha preocupado. O trem chega e ambos embarcam, o mais alto e mais velho dos dois pensativo, imaginando como dar o passo seguinte para ajudar o amigo. Sentaram-se, e Bum não se calou.

-Por quê?

-Hã?

-Por que faz isso? Por que... tenta me ajudar, ser meu amigo...? Eu não tenho nada a oferecer.

Detestava quando o baixinho começava a falar assim. Lembrou-se em como o conhecera, naquele dia chuvoso em uma cafeteria.

Suspirou. Entrou no que julgava uma lanchonete ou algo do tipo, sentindo vontade de sumir. Estava cansado, perdeu as contas de quantas vezes foi à delegacia para saber do caso dos pais. Tentou justiça com as próprias mãos, e quase foi preso por isso. Sabia que era muito ansioso, mas isso estava se tornando uma maldição.

Sentou-se em frente a bancada, não fazendo nenhum pedido. Só queria abaixar a cabeça e esquecer um pouco os problemas, queria deixar de existir por um momento.

Um café foi colocado a sua frente. Ergueu a cabeça, espantado. Um rapaz pequeno e magro, pele pálida e cabelos negros o encarava com seriedade.

-Não tenho dinheiro.

-Tudo bem. Esse café está sobrando.

Encarou o pequeno, desconfiado. Como acreditar em alguém é difícil depois de tantas perdas e fracassos...

-... obrigado.

-Aconteceu alguma coisa com você? Parece péssimo.

-Ah, obrigado por reparar - disse, irônico.

BrilhoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora