Ela e o Joca foram pegos roubando comida.
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Eu estava com tanta raiva do Joca que, se estivéssemos na mesma cela, eu provavelmente o mataria. Eu queria entender o que tinha dado naquele idiota, para que ele ficasse comendo mosca ao invés de dar no pé. Puxa! Ele tinha muito mais experiência do que eu. Alguma coisa tinha acontecido e eu precisava entender o que era.
Ele estava em uma cela de frente para a minha, mas permanecia de cabeça baixa, evitando me encarar. Eu não o culpava, já que nossa última conversa não tinha sido nada civilizada e terminou com a interferência de um guarda, dizendo que se o silêncio não reinasse, nós dois nos arrependeríamos. Achei que obedecê-lo era o melhor a se fazer.
- Psiu – chamei, tentando não chamar a atenção do guarda. – A gente precisa conversar.
Ele me olhou e então revirou os olhos, para depois voltar a abaixar a cabeça entre os joelhos.
- É sério, Joca – insisti, em voz baixa. – Precisamos dar um jeito de sair daqui.
De má vontade, ele se levantou e sentou-se em frente a grade. Apenas um corredor de cerca de um metro nos separava.
- O que aconteceu, Joca? – insisti. – Por que você não fugiu quando eu disse para fugir?
Ele suspirou e encarou uma parede ao longe. Ele era o cara mais fechado do planeta e havia uma chance muito grande de ele não me contar o que tinha acontecido. Mas estávamos ferrados mesmo! Eu não tinha nada a perder.
- Eu sei que você não quer me falar e eu nem ligo, mas...
- Eu vi meus pais – anunciou.
Levei alguns segundos para processar o que ele acabara de dizer.
- Seus pais? Eles não estão...
- Mortos? – interrompeu-me. – Não. Eu nunca disse isso.
- Você nunca disse muita coisa, na verdade. Eu só deduzi.
Ele me encarou com um sorriso triste, enquanto tentava chegar ainda mais perto, o que a grade não deixava.
- Foi por isso que eu não consegui correr – sussurrou.
Muita coisa não foi dita naquela conversa, o que não me impediu de compreender um pouco mais sobre a vida do Joca. Seus pais não eram pais exemplares e por isso, perderam a sua guarda. Ele os culpava por ter acabado no orfanato e, consequentemente, no hospital. Isso também explicava porque ele não gostava muito de falar.
- Desculpe – pediu, encarando o chão. – Eu nos coloquei em uma confusão enorme.
- Não tem problema – tornei, solidarizando-me com sua história implícita. – A gente vai dar um jeito de sair daqui. A gente sempre dá.
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Dão mesmo? O que vocês acham?
Não esqueçam do votinho e do comentário.
Beijão e até terça ;*
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As Últimas Cobaias - Livro 3
Science FictionATENÇÃO! Esse livro é a continuação dos livros A Segunda Geração e a Terceira Criança e sua sinopse possui spoilers dos primeiros livros. Quatro meses após o fracasso do plano, o hospital finalmente conseguiu unir a Segunda Geração e está mais próxi...