Capítulo LXIV - MALU

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Depois da mudança da gerência do experimento, algumas coisas mudaram.


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Dois dias depois do novo grupo assumir o experimento, nossas vidas continuavam quase a mesma, com a diferença de que agora eu recebia refeições regularmente. Minha aparência ainda estava péssima, mas eu já não me sentia mais tão mal, o que eu considerava uma evolução e tanto.

Passávamos duas horas por dia na sala de recreação conversando sob rigorosa vigilância. O capacete tornara-se parte da nossa vida, já que até mesmo os banhos eram obrigatórios com ele e eu não fazia a menor ideia do motivo disso.

Após uma refeição leve, deitei na minha cama e não tardei a pegar no sono. Acordei com um braço me chacoalhando e levei alguns segundos para perceber quem era.

– Levanta logo – mandou o médico, apressado.

– Eu pensei que o senhor não estivesse mais a frente do experimento – ponderei, ainda sonolenta.

– Hoje é seu dia de sorte, minha querida! – exclamou, com um meio sorriso nos lábios, ignorando totalmente o que eu acabara de dizer.

Encarei-o surpresa, esperando por uma explicação, mas ele tornou a me ignorar. Esse homem me assustava pra valer e eu realmente não conseguia entender o que ele queria comigo no meio da madrugada.

– Você vai me seguir em silêncio, entendeu?

Concordei com um meneio de cabeça. Nem que eu quisesse ousaria discordar dele. Ele saiu pela porta e eu o segui, como ele mandara. O corredor estava completamente vazio, o que eu não conseguia compreender. A cientista dissera que seríamos vigiados o tempo todo.

Quase precisei correr para alcançar os passos rápidos do médico. Ele entrou em um corredor estreito e escuro, que julguei não ser mais utilizado há um bom tempo. Seguimos em silêncio por uns dez minutos, quando demos de cara com uma porta grande. Ele apertou alguns botões e tirou o meu capacete, jogou um casaco com capuz sobre os meus ombros e então abriu a porta e me empurrou para o lado de fora.

– O que está acontecendo? – perguntei, começando a ficar com medo.

– Você está livre. Vá embora antes que alguém te pegue aqui – explicou, sem a menor paciência.

Permaneci imóvel feito uma estátua, enquanto o encarava incrédula. Eu não entendia o que estava acontecendo. Como assim livre?

– Ah! – bufou, com raiva. – Eu estou te libertando desse lugar, oras! Corra para o mais longe possível antes que alguém descubra.

Ainda estática, indaguei:

– Por que você está fazendo isso?

– Isso não vem ao caso. Só quero que fique ciente que fui eu quem te libertou desse inferno. Caso eu venha a precisar, eu vou cobrar esse favor com juros.

– E quanto aos outros dois? Eu não posso simplesmente abandoná-los.

– Eles estarão melhor sem você, pode apostar.

E dizendo isso, ele fechou a porta na minha cara. O que me obrigou a correr para o mais longe possível.

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Eu falei que essa semana ia ter capítulo bombástico, não falei? Promessa é dívida!!

E para não deixar vocês sem saber o que vai acontecer até amanhã, mais tarde vai ter capítulo \o/

Beijinhos e até depois.

As Últimas Cobaias - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora