Sentado em frente à porta da sala que a Helô estava enfurnada há horas, eu estava me sentindo muito entediado. A verdade é que eu não conseguia parar de pensar no quanto eu queria que a minha dupla fosse a Mag. Ela me entendia como ninguém, dava boas ideias e, acima de tudo, sabia fazer silêncio, coisa que a minha dupla parecia não saber.
– Você tem dentes? – indagou a Nice, com um sorrisinho bobo no rosto.
– Como é que é? – tornei, confuso.
– Estava pensando no quê, Joca?
– Nada que seja da sua conta – devolvi, irritado.
– Seja lá o que for, ou melhor... seja lá quem for, deve ser muito importante para tirar um sorriso de você – disse, com deboche.
Lancei um olhar duro na sua direção. Não era da conta dela em quem eu pensava ou deixava de pensar, oras.
– Não está mais aqui quem falou – tornou, erguendo as mãos num sinal de rendição.
Aproveitei o momento de silêncio para me concentrar na energia elétrica que eu controlava. Será que eu estava mesmo sorrindo? Isso não fazia o menor sentido porque eu não sorria quase nunca.
– Eu estava mesmo sorrindo? – indaguei, depois de um longo intervalo de silêncio.
– E com cara de bobo – completou. – Estava pensando naquela garota, né? A irmã da baixinha. Nem precisa responder que a sua cara já entregou tudo.
Encarei-a por um bom tempo, esperando pelo momento que ela fosse rir de mim, mas isso não aconteceu. Ela estava falando sério.
– E quando você vai falar pra ela?
– Eu? Eu não vou falar pra ela – respondi, envergonhado.
– E por que não?
– Porque ela gosta do meu irmão.
– Ela disse isso? – indagou, erguendo uma sobrancelha.
– Não, mas ela fica esquisita quando está perto dele.
– Esquisita como? – Ergueu a sobrancelha.
– Ela fica quieta demais e quando ela está comigo ela fala pelos cotovelos – expliquei, cabisbaixo.
– A questão é como ela fica quando está com todas as outras pessoas – insistiu.
Eu estava me sentindo envergonhado e constrangido com aquela conversa. Ainda bem que a Nice não era minha amiga e era muito provável que não tornaríamos a nos ver depois desse plano.
– Ela não é de falar muito.
– Então deixa eu ver se eu entendi. Ela é quieta o tempo todo, menos quando está com você – concluiu. – Isso significa que ela fica esquisita quando está com você, certo?
Balancei a cabeça em concordância. O que ela estava dizendo fazia algum sentido. Ou talvez eu estivesse tentando acreditar que aquelas coisas que ela dizia poderiam ser verdade.
– Presta atenção, Joca. Nós estamos fazendo uma coisa grande e existe uma possibilidade de ficarmos presos aqui para sempre. E se ela ficar com outro cara porque nunca soube que você gosta dela? – perguntou, enchendo a minha cabeça de ideias.
– Mas se formos presos, ela não vai ficar com nenhum cara, porque as celas são individuais – argumentei.
– Da última vez que estiveram aqui, o Zeca e a Helô ficaram na mesma cela, lembra? O que te garante que ela não vá ficar com outro cara? – insistiu. – Já pensou se ela cair na cela de um bonitão?
– Eu acho que essa sua ideia não faz o menor sentido.
Ela deu de ombros e voltou a encostar as costas na parede.
– Bom... é você quem sabe. Depois não venha me dizer que eu não avisei.
*********************
Será que agora vai?
Não esqueçam do voto e dos comentários.
;*
VOCÊ ESTÁ LENDO
As Últimas Cobaias - Livro 3
FantascienzaATENÇÃO! Esse livro é a continuação dos livros A Segunda Geração e a Terceira Criança e sua sinopse possui spoilers dos primeiros livros. Quatro meses após o fracasso do plano, o hospital finalmente conseguiu unir a Segunda Geração e está mais próxi...