Capítulo CXLIV - JOCA

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Sentado em frente à porta da sala que a Helô estava enfurnada há horas, eu estava me sentindo muito entediado. A verdade é que eu não conseguia parar de pensar no quanto eu queria que a minha dupla fosse a Mag. Ela me entendia como ninguém, dava boas ideias e, acima de tudo, sabia fazer silêncio, coisa que a minha dupla parecia não saber.

– Você tem dentes? – indagou a Nice, com um sorrisinho bobo no rosto.

– Como é que é? – tornei, confuso.

– Estava pensando no quê, Joca?

– Nada que seja da sua conta – devolvi, irritado.

– Seja lá o que for, ou melhor... seja lá quem for, deve ser muito importante para tirar um sorriso de você – disse, com deboche.

Lancei um olhar duro na sua direção. Não era da conta dela em quem eu pensava ou deixava de pensar, oras.

– Não está mais aqui quem falou – tornou, erguendo as mãos num sinal de rendição.

Aproveitei o momento de silêncio para me concentrar na energia elétrica que eu controlava. Será que eu estava mesmo sorrindo? Isso não fazia o menor sentido porque eu não sorria quase nunca.

– Eu estava mesmo sorrindo? – indaguei, depois de um longo intervalo de silêncio.

– E com cara de bobo – completou. – Estava pensando naquela garota, né? A irmã da baixinha. Nem precisa responder que a sua cara já entregou tudo.

Encarei-a por um bom tempo, esperando pelo momento que ela fosse rir de mim, mas isso não aconteceu. Ela estava falando sério.

– E quando você vai falar pra ela?

– Eu? Eu não vou falar pra ela – respondi, envergonhado.

– E por que não?

– Porque ela gosta do meu irmão.

– Ela disse isso? – indagou, erguendo uma sobrancelha.

– Não, mas ela fica esquisita quando está perto dele.

– Esquisita como? – Ergueu a sobrancelha.

– Ela fica quieta demais e quando ela está comigo ela fala pelos cotovelos – expliquei, cabisbaixo.

– A questão é como ela fica quando está com todas as outras pessoas – insistiu.

Eu estava me sentindo envergonhado e constrangido com aquela conversa. Ainda bem que a Nice não era minha amiga e era muito provável que não tornaríamos a nos ver depois desse plano.

– Ela não é de falar muito.

– Então deixa eu ver se eu entendi. Ela é quieta o tempo todo, menos quando está com você – concluiu. – Isso significa que ela fica esquisita quando está com você, certo?

Balancei a cabeça em concordância. O que ela estava dizendo fazia algum sentido. Ou talvez eu estivesse tentando acreditar que aquelas coisas que ela dizia poderiam ser verdade.

– Presta atenção, Joca. Nós estamos fazendo uma coisa grande e existe uma possibilidade de ficarmos presos aqui para sempre. E se ela ficar com outro cara porque nunca soube que você gosta dela? – perguntou, enchendo a minha cabeça de ideias.

– Mas se formos presos, ela não vai ficar com nenhum cara, porque as celas são individuais – argumentei.

– Da última vez que estiveram aqui, o Zeca e a Helô ficaram na mesma cela, lembra? O que te garante que ela não vá ficar com outro cara? – insistiu. – Já pensou se ela cair na cela de um bonitão?

– Eu acho que essa sua ideia não faz o menor sentido.

Ela deu de ombros e voltou a encostar as costas na parede.

– Bom... é você quem sabe. Depois não venha me dizer que eu não avisei.

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Será que agora vai?

Não esqueçam do voto e dos comentários.

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As Últimas Cobaias - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora