As Últimas Cobaias - Livro 3

Capítulo XXVI - ZECA

Depois de um primeiro encontro meio conturbado, Zeca está prestes a se encontrar com a Fernanda novamente.

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Eu estava sentado na lanchonete, esperando a Fernanda chegar. Eu ainda não confiava totalmente nela, mas resolvi lhe dar um voto.

- Desculpa a demora – disse, enquanto sentava-se à minha frente. - Eu precisei reunir alguns documento para terminar de te convencer.

Apoiei o braço sobre a mesa, enquanto ela espalhava alguns papeis sobre a mesma.

- Eu ainda não tenho muita coisa – desculpou-se. – Só tenho o depoimento da minha mãe e algumas matérias de jornais.

Ela me entregou um recorte de jornal. Passei os olhos na folha e a devolvi, sem prestar muita atenção.

- E você acha que o depoimento da sua mãe vai valer alguma coisa contra a palavra daquela gente? - tornei, indignado.

- Se eu tivesse provas o suficiente, não teria pedido sua ajuda.

Bufei, pegando os outros papeis. Alguns tinham reportagens de jornais locais sobre o experimento e um último tinha um panfleto de propaganda do hospital. Peguei ele na mão e o olhei com atenção.

Havia uma foto de médicos jovens e bonitos e várias especialidades do hospital.

- Quanta mentira! - exclamei, amassando aquela droga.

- Não amassa! - exclamou, tomando o panfleto da minha mão. - Isso é importante.

- É só uma droga de um panfleto. Existe um milhão iguais a esse espalhado pela cidade.

Ela tentava desamassar o papel a todo custo.

- Esse aqui não é qualquer panfleto, seu idiota! - exclamou, enquanto esfregava o antebraço sobre o papel na tentativa de desamassá-lo.

Admito que paralisei por um instante. Para mim, parecia um simples panfleto, então não entendi porque ela tinha surtado desse jeito.

- Esse aqui é um exemplar raro, Zeca! - Fuzilou-me com o olhar. - Um pequeno lote de panfletos que fala sobre as experiências genéticas.

- Como é que é? - indaguei, arrancando o papel das suas mãos.

Olhei-o com mais atenção dessa vez e ela tinha razão. Tinha uma pequena menção sobre os experimentos genéticos, que poderia passar despercebido por quem não conhecesse a realidade daquele lugar.

- Grandes coisas! Eles vão alegar que houve erro na impressão e pronto - tornei, desesperançoso.

O silêncio reinou, enquanto eu analisava suas poucas provas. A verdade é que, mesmo que não tivessem aquele material ali, nós não tínhamos a menor intimidade para conversar. E eu também admito que não estava muito a fim de manter uma conversa.

Depois do que pareceram horas – mas na verdade foram poucos minutos -, ela começou a guardar suas coisas na bolsa.

- E então? O que você me diz?

Suspirei antes de responder. Eu, mais do que ninguém, queria acreditar que esse era um bom plano. No entanto, eu já estava saturado de bons planos que sempre acabavam falhando e, depois do último, eu já não tinha mais esperança.

- Eu não sei – resmunguei. - Não vai ser fácil...

- Eu sei que não vai ser fácil! - interrompeu-me com veemência. - Mas se eu não tentar, eles vão continuar usando crianças órfãs para ganhar dinheiro. Isso é errado, Zeca.

- E você diz isso pra mim? - tornei, com a indignação transbordando.

- Então vamos unir forças para acabar com eles.

Mesmo me achando um grande idiota por ainda ter um resquício de esperança em mim, eu aceitei aquela proposta idiota. Ela sorriu ao notar que teria a minha ajuda.

Caminhamos juntos até a porta, onde cada um tomaria um rumo diferente. Ela iria para a faculdade e eu, para o meu curso.

- Amanhã vai rolar uma festa da faculdade. Você deveria ir comigo – sugeriu, sorridente.

- Por que eu deveria ir com você? - indaguei, defensivo.

- É nítido que você precisa de uma garota, Zeca. Quem sabe lá você...

- Eu já tenho uma garota – disse, tentando não parecer desesperado.

- Com esse mau humor todo? Só se ela for imaginária – zombou, dando-me as costas e indo embora.

Precisei de muita força de vontade para não voar em cima dela, mas respirei fundo e me contive. Não valeria a pena. Além do mais, vi meu ônibus virando a esquina. Seria uma noite longa.

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Zeca está na maior bad, né? E esse plano? Será que dá pra confiar em mais planos?

Obrigada mais uma vez por tornar minha sexta muito mais feliz <3

Beijão e até amanhã.