Apesar de já terem repetido seus nomes várias vezes, eu só me lembrava do nome de uma delas. Rúbia era telecinética igual a mim – nem tão poderosas, já que ela não era da segunda geração – o que explicava a simpatia imediata que eu senti pela garota.
– Você consegue mesmo arremessar pessoas? – perguntou-me, a certa altura da nossa eterna caminhada.
Eu conseguia arremessar elefantes se eu quisesse, mas preferi não entrar em detalhes.
– Consigo.
– Puxa! Eu só consigo movimentar objetos leves. Será que um dia eu vou conseguir arremessar pessoas? – insistiu, com um certo brilho sádico no olhar.
Fiquei me perguntando porque ela tinha tanta vontade de arremessar pessoas, mas antes que eu tivesse oportunidade de perguntar, a Flávia nos interrompeu.
– Tem gente vindo do outro corredor. Silêncio que eu vou distraí-los.
Todos nós ficamos em silêncio enquanto caminhávamos o mais naturalmente possível, ninguém desconfiou e tudo correu bem, até que um dos meninos pisou em alguma coisa que a ilusão da Flávia camuflou. Como ele estava descalço, soltou um gemido de dor e foi aí que nossa encenação foi pelos ares.
Ficamos nos encarando com cara de espanto, enquanto os enfermeiros olharam na nossa direção tentando entender o que estava acontecendo. Fiz um movimento de cabeça para que eles corressem dali o mais rápido possível, enquanto usei minha telecinese para prensá-los contra a parede.
– Anda, Bruno – gritou a Flávia, do final do corredor. – A gente tem que sair daqui.
– Vão indo que eu já encontro vocês – respondi.
Uma das meninas voltou correndo na minha direção e ficou parada ao meu lado. Então ela se aproximou deles e colocou a mão na cabeça de uma moça e a coisa mais louca que eu já vi na minha vida aconteceu – e olha que eu já vi muita coisa louca. Os cabelos da enfermeira começaram a crescer e crescer até que ele prendeu as mãos deles e suas bocas – o que eu achei muito nojento.
– Agora eles não oferecem mais perigo – disse ela, estufando o peito de orgulho.
– Essa é a coisa mais nojenta que eu já na minha vida – disse a Flávia, aproximando-se da gente.
– Por que você não disse antes que fazia isso? – indaguei, perplexo.
– Eu falei, oras. Meu nome é Júlia e eu tenho prehensilia.
– Ela falou isso mesmo – concordou um dos meninos.
– E como você queria que eu adivinhasse que essa pren... prens... que essa coisa aí é fazer crescer cabelo? – insisti.
– Se você não sabia era só ter perguntado. – Deu de ombros.
Ela colocou a mão nos próprios cabelos e eles ficaram azuis e mais curtos.
– Faz meu cabelo crescer, por favor – pediu a Flávia, eufórica. – E se puder pintar ele de verde, eu serei eternamente grata.
************************
Só queria esse poder *-*
Não esqueçam de votar e comentar.
Beijão
VOCÊ ESTÁ LENDO
As Últimas Cobaias - Livro 3
Science FictionATENÇÃO! Esse livro é a continuação dos livros A Segunda Geração e a Terceira Criança e sua sinopse possui spoilers dos primeiros livros. Quatro meses após o fracasso do plano, o hospital finalmente conseguiu unir a Segunda Geração e está mais próxi...