Capítulo LIII - HELÔ

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Após muita especulação, finalmente chegou o dia de colocar o plano em prática.


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Apesar do calor inesperado, não havia sol naquela manhã. O dia nublado e abafado demonstrava um pouco dos nossos sentimentos naquela manhã. Era o dia de colocar o plano em ação e eu já estava parada em frente a porta da pensão. Era um sábado, dia que o Zeca não trabalhava.

A espera não foi muito longa, mas pareceu levar uma eternidade. Quando ele saiu, pude perceber que ele estava ainda mais tenso do que eu, o que era justificável. Se tudo desse certo – e eu estava rezando que isso acontecesse – ele finalmente reencontraria a Malu.

– Ninguém te viu saindo? – indagou assim que me viu sentada no meio-fio.

– As únicas pessoas que reparariam na minha saída são o Tonho e a Sara, mas eles estão ocupados demais reparando um no outro – revirei os olhos.

Ele me fitou por alguns segundos, tentando entender o que exatamente eu dissera. Sua expressão notável de surpresa revelou o momento em que ele compreendeu tudo.

– Você está dizendo que os dois...

– Os dois estão namorando – completei.

– Minha nossa! O que eu perdi? – tornou, enquanto segurava o riso.

Enquanto caminhávamos, contei-lhe sobre como os dois se aproximaram depois da sua saída. Relatei também o episódio em que eu vira com meus próprios olhos o Tonho acariciando a cabeça dela alegando se tratar de "preocupação". O Zeca quase gargalhava com as histórias que eu lhe contava. Notei um pouco de melancolia em seu olhar, mas não o culpo. Apesar de fazer o que julgou necessário, eu podia apostar que ele sentia a nossa falta.

Chegando ao ponto de encontro – que era uma praça próxima ao hospital – sentamo-nos em uma das mesas para esperar a Dani trazer notícias.

– Uma amiga vai nos ajudar a tirar a Malu. Já era para ela estar aqui – disse ele, franzindo o cenho.

Dei de ombros e continuamos nossa espera. Eu sabia que o clima aqui estaria esquisito, mas não pensei que fosse ver pessoas mais nervosas do que eu naquele lugar. Uma moça jovem discutia freneticamente com uma mulher mais velha, que a segurava pelo braço e tinha uma expressão de muita raiva. Eu não sabia qual o motivo da briga, mas não queria estar na pele da garota.

– É a Fernanda! – exclamou o Zeca, correndo até onde as duas discutiam.

Sem entender nada, segui atrás dele.

– O que está acontecendo? – indagou o Zeca, tentando separar a briga.

– Alguém te chamou aqui? - tornou a mulher, claramente raivosa. – É assunto de família, caso não tenha notado.

– Deixa que eu me entendo com ela, Zeca – disse a garota, que tentava a todo custo se livrar das garras da mulher.

– Então esse é o tal, Zeca? - tornou ela, soltando fogo pelas ventas. – Então você é o responsável por tudo isso? Estava ansiosa para te conhecer.

– Eu não sei o que está acontecendo aqui, mas você precisa se acalmar – sugeriu o Zeca.

– O que está acontecendo aqui é que essa garota ingrata, que eu chamo de sobrinha, está tentando me enganar na cara dura. - Ela encarou a garota com olhos injetados de raiva. - Se a sua mãe desconfiar que você anda me enganando... Se ela sequer sonhar que você anda se metendo com esse hospital...

– Peraí! O que você sabe a respeito desse hospital? – indaguei, pronunciando-me pela primeira vez nessa briga.

– Muito mais do que você imagina – respondeu, parecendo um pouco mais calma agora.

– Então isso significa que você não falou a verdade quando me chamou para conversar aquele dia, não é? - perguntou o Zeca.

– Eu tive que omitir alguns fatos. Mas meu interesse em denunciar aquele lugar é verdadeiro.

– Então eu recomendo que a gente se sente e converse civilizadamente, porque, pelo que eu estou vendo, tem muita coisa que precisa ser resolvida aqui – sugeri.

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Eita!! Mais um problema para atrapalhar o plano. Essa galera não tem sorte mesmo, viu?

Não esqueçam do voto e do comentário.

Beijão.

As Últimas Cobaias - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora