– Onde está o Joca? – perguntei, assim que abri a porta e dei de cara com a Nice.
– Estou aqui – respondeu aos gritos, correndo na minha direção. – Eu tive que resolver um assunto.
– É bom mesmo, porque a energia está oscilando e a Helô não consegue salvar os arquivos. Está dando erro.
Ele concordou com um aceno e encostou na parede. Voltei para dentro da sala e encontrei a Helô sentada, olhando para a parede e perdida em pensamentos.
– O Joca já normalizou a energia.
– Sabe, Tião. Eu estava pensando que, se o nosso plano der certo, a gente vai se livrar desse hospital para sempre – disse, mas ela não parecia feliz. E eu não conseguia entender como se livrar do hospital e felicidade podiam não caminhar juntos.
– É com isso que a gente sonha há anos, não é? – devolvi.
– É o que eu mais quero que aconteça, mas eu estava pensando como vai ser nossa vida daqui pra frente. Será que a gente vai conseguir fazer parte de alguma coisa ou vamos estar sempre à margem da...
– Fogo! – exclamei, interrompendo ela.
– Não! Eu não estou falando de fogo, Tião – respondeu, irritada.
– Está pegando fogo! – insisti.
Os computadores estavam todos pegando fogo e eu não conseguia entender como isso tinha acontecido. Não houve uma fagulha ou nada do tipo. Em um momento estava tudo certo e no outro estava tudo pegando fogo.
Sem perder tempo, a Helô pegou os arquivos que ela conseguiu salvar em um dispositivo – que eu não fazia a menor ideia de como se chamava – e saímos porta afora, esbaforidos.
– O que aconteceu? – perguntou a Nice alarmada, assim que nos viu.
– Fogo! – respondemos em uníssono.
– Fogo? – repetiu, entrando na sala.
Antes que ela pudesse entrar lá dentro a puxei pela blusa, desesperado.
– Você está louca? Vai entrar numa sala incendiando? – perguntou o Joca.
– Não tem fogo nenhum ali dentro – respondeu, como se estivéssemos loucos.
– É claro que tem. Você não está ouvindo o crepitar das chamas? – perguntou a Helô. – A gente tem que sair daqui imediatamente e avisar aos...
– Não está pegando fogo, Helô – repetiu, pausadamente.
Ela a encarou por um tempo, como se estivesse tentando entender o que se passava, até que seu semblante se iluminou.
– Eu já entendi tudo. Você está mancomunada com aquele médico. Como eu não pensei nisso antes? É por isso que você veio até aqui, para tentar matar a gente. – Acusou-a, com os olhos injetados de raiva.
Revirando os olhos, a Nice entrou na sala, enquanto todos nós ficamos na porta a observando. Então ela entrou no meio das labaredas, mesmo que estivéssemos berrando para que ela não fizesse aquilo e, dentro de alguns segundos ela saiu dali, ilesa.
– Eu não estou entendendo mais nada – declarei, estupefato.
– Eu não estou mancomunada com ninguém – explicou, lançando um longo olhar na direção da Helô. – Isso que vocês estão vendo não passa de uma ilusão. Eu sou imune e, por isso, não estou vendo essas labaredas que vocês tanto falam.
– A Flávia é a única pessoa capaz de fazer isso – A Helô constatou, boquiaberta. – E se ela está contra a gente...
Ficamos nos encarando por algum tempo, sem saber o que pensar. As expressões apreensivas estampadas em nossas caras só significavam uma coisa: estávamos ferrados.
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Quem estava reclamando que tudo estava dando muito certo... ó as tretas começando.
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Beijão ;*
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As Últimas Cobaias - Livro 3
Science FictionATENÇÃO! Esse livro é a continuação dos livros A Segunda Geração e a Terceira Criança e sua sinopse possui spoilers dos primeiros livros. Quatro meses após o fracasso do plano, o hospital finalmente conseguiu unir a Segunda Geração e está mais próxi...