Capítulo CIV - IOLANDA

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O Tião ainda está evitando a Iolanda e ela está chateada.

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Fazia tempo que eu não tinha um oportunidade de conversar a sós com o Tião e essa oportunidade apareceu naquela manhã. Ele estava andando de um lado pro outro, nitidamente ansioso por alguma razão que eu desconhecia. Aproveitei para me aproximar.

– Está tentando abrir um buraco sem precisar de pá? – Sorri.

Eu sabia que ele ainda estava chateado comigo, mas achei que uma piada pudesse amansar o clima entre nós. Mas eu estava enganada. Ao invés de responder, ele apenas me encarou com uma expressão seca e continuou sua caminhada no mesmo lugar.

– Caramba, Tião! Você não acha que já passou da hora de nós dois conversarmos? Essa situação está ridícula.

Dando de ombros, ele me seguiu e resolvi que essa conversa não podia acontecer na nossa casa. Eu queria caminhar com ele, pois, dessa forma, não tinha jeito de nenhum de nós sair correndo. Aproveitamos para ir buscar o café da manhã.

– Eu queria começar te pedindo desculpas por ter feito você acreditar que as coisas entre a gente poderiam ser diferentes – comecei, sem graça. – Você é um cara super legal, mas...

- Você me vê como um amigo e não queria estragar nossa amizade, não é? – completou, com um sorriso irônico. – Eu já sabia disso.

Fiquei surpresa com a sua reação, mesmo já tendo presenciado a hostilidade do Tião nessas últimas semanas.

– Olha só, Tião – insisti, parando a caminhada e apoiando a mão sobre o seu ombro. – Quando eu descobri que o Zeca estava me enganando pra sair com a Malu e a Helô estava do lado dele, eu fiquei perdida. Eu era muito burra e todos me faziam de trouxa, porque eu me colocava nessa situação. Mas você me mostrou que eu era muito mais do que aquela burra. Você me mostrou que eu podia enfrentar meus problemas sem depender de mais ninguém pra isso e eu te devo muito por isso.

Ele me olhou com estranheza. Talvez não esperasse que eu dissesse essas coisas. Talvez ele pensasse que eu ainda fosse aquela idiota, mas eu tinha mudado. Eu já não tinha mais medo de enfrentar os meus fantasmas. Eu já tinha tomado a iniciativa para resolver minhas pendências com o Zeca e depois daquela coincidência com a Malu, eu já não tinha mais nenhuma dívida com ela.

– Se você pensa que eu só te usei para poder me levantar, você está muito enganado – prossegui. – Você apareceu no momento que eu mais precisei e foi primordial naquele momento, mas eu não te usei e depois joguei fora como você está pensando, Tião. Você é um grande amigo que...

– Mas eu não quero ser só um amigo, droga! – exclamou, com raiva.

Emudeci com sua atitude repentina, mas tentei manter o foco e continuar.

– Mas é tudo o que eu posso oferecer neste momento – concluí. – Eu não sei como as coisas serão lá na frente, mas neste momento eu não gosto de você da maneira como você gostaria que eu gostasse. Eu sinto muito por isso, porque eu realmente queria que o meu coração fosse um pouco mais esperto para retribuir o que você sente por mim.

Cabisbaixo, ele apenas concordou. Continuamos por algum tempo sem falar nada, até chegarmos na lanchonete escolhida, onde a conversa para decidir como executaríamos o plano era inevitável.

Logo que a comida já estava na nossa mão, o clima parece ter ficado uns vinte quilos mais leve. Eu sabia que essa conversa surtiria efeitos, só não imaginava que fosse tão rápido.

Assim que entramos em casa e deixamos a comida sobre a mesa, ele me disse, sem graça.

– Obrigado pela franqueza, Iolanda. Isso foi bem importante pra mim.

Com um sorriso como resposta, fui atrás das meninas. Mais um ciclo estava encerrado agora.

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Mais um problema resolvido. \o/

Não esqueçam do voto e do comentário.

Beijos e até.

As Últimas Cobaias - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora