As Últimas Cobaias - Livro 3

Capítulo CXXIV - IOLANDA

Eu estava me sentindo apavorada e, pela postura dos outros, eu não era a única. Tudo bem que a presença daquele médico maluco piorava tudo e até agora eu não conseguia entender porque aceitamos a que ele participasse disso. De qualquer maneira, estávamos todos sentados na sala de estar da casa da Suzana, sem conseguir manter uma conversa. Além disso, algumas pessoas desconhecidas estavam lá.

– O nosso grupo está cada vez maior – disse a Fernanda, sorrindo.

– Não sei se isso é uma coisa boa – ouvi o Zeca resmungando do meu lado.

– Essa é a Nice – começou a Malu, apontando para uma garota de cabelos esquisitos e piercings.

– Eu sei muito bem quem é essa daí – tornou a Helô, com desprezo. – Só não entendi o que essa aí está fazendo aqui nessa reunião?

– Eu sei que vocês não acreditam em mim, mas eu quero resgatar a minha irmã – defendeu-se.

– Por que não fala com o doutor aí? – insistiu a Helô, com raiva. – Vocês eram bem amiguinhos, não eram?

– Calma, gente! Eu sei que existem diferenças entre vocês, mas para que esse plano dê certo, é preciso que todos abram exceções – explicou a Suzana, de forma prática.

– E quem é esse cara? – indaguei, apontando para o rapaz que estava do lado do Joca e da Mag.

– Eu sou o Túlio – apresentou-se, sorridente. – Sou irmão do Joca.

Todos ficaram chocados com a afirmação dele. Ninguém sabia que o Joca tinha irmãos. Ninguém sabia quase nada sobre ele, na verdade.

– Ele fez estágio no hospital – contou o Joca. – Talvez tenha alguma informação útil para o plano.

– Isso é ótimo – concluiu a Suzana. – Para o sucesso do plano, temos que ter o máximo de informações possíveis. Quem quer começar?

– Por que esse maníaco não começa? – disse o Tonho, apontando com desdém para o médico. – Se tem uma pessoa que sabe como aquilo funciona, é ele.

O médico parecia muito desconfortável. Sua aparência, antes sempre imponente, agora estava meio murcha. Ou talvez fosse a falta do jaleco.

– Eu sei que não sou bem-vindo aqui e eu não ligo. Infelizmente temos que nos unir para alcançar nosso objeto: vingança – começou, com seu tom sempre sereno.

– Chega de blá-blá-blá e fala de uma vez alguma coisa útil – disse a Sara, revirando os olhos.

Após um suspiro longo, o médico continuou:

– Vamos aos fatos. Só existe uma forma de vocês conseguirem invadir aquele lugar sem serem pegos. As reservas de energia elétrica da nossa cidade são escassas, especialmente para um hospital como aquele. Vocês nunca se perguntaram como sempre conseguiram invadir aquele lugar sem grandes problemas? Isso só acontece porque os níveis de segurança são ativados graças a um gerador a combustão. Sem ele, nem a segurança máxima é segura.

A Suzana anotava tudo em um caderninho, enquanto todos se encaravam boquiabertos.

– Deixa eu ver se eu entendi isso direito. Se eu desativar esse gerador, nós podemos usar nossos poderes no hospital sem grandes dificuldades? – indagou o Joca.

– Sem nenhuma dificuldade, eu diria – respondeu o médico.

– Isso vai ser moleza.

– Isso vai ser bem útil para o plano de vocês.