As Últimas Cobaias - Livro 3

Capítulo LIX - BRUNO

A Segunda Geração descobriu que o médico não é o mandachuva do hospital e ainda estão chocados com a descoberta.

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Em algumas horas todas as minhas certezas sobre esse lugar haviam desmoronado como um castelo de cartas de baralho. Descobri que o doutor não mandava em nada nesse lugar, que ele perdeu a liderança do experimento e que, por mais estranho que isso possa soar, ele estava meio que nos protegendo por sermos filhos dele.

Essa última parte não foi necessariamente dita com todas as letras, mas eu consegui entender muito bem. A Malu também entenderia se ela sequer se lembrasse que fomos amaldiçoados com a paternidade de um monstro. Ou talvez não, já que foi ela quem sofreu semanas sem receber comida.

Depois daquela discussão, ao invés de sermos mandados para os nossos quartos, como de costume, fomos encaminhados para uma sala ampla e iluminada, com uma televisão e dois sofás. A cientista que estivera na reunião estava nos esperando.

– Fiquem à vontade – começou, ao notar nossas expressões esquisitas.

Sem cerimônia, sentamo-nos nos sofás esperando pelas instruções.

– Como vocês perceberam, algumas coisas mudarão a partir de hoje – explicou, sentando-se também em um dos sofás. - Além da gestão do experimento, a maneira como vocês são tratados também sofrerá alterações. Esta é a sala de recreação e é o local onde vocês estão permitidos interagir uns com os outros, nos horários determinados pelos coordenadores.

– Nós não podemos conversar quando bem entendermos? - indagou a Flávia, erguendo uma sobrancelha.

– Não podem – respondeu, sem alterar o tom de voz. - Mas acredito que isso não será nenhum problema, já que antes vocês eram proibidos de ter qualquer contato, não é mesmo?

Concordamos sem silêncio, enquanto ela nos deixou a sós.

– Eu não sei o que está acontecendo, mas não está me cheirando nada bem – anunciou a Flávia, esticando as pernas sobre o braço do sofá.

– As coisas vão começar a mudar aqui e eu duvido muito que sejam para melhor – concluí.

– Se não me deixarem sem comida, já está ótimo para mim – a Malu deu de ombros, levantando para ligar a TV.

Eu realmente não estava entendendo, mas sabia que as coisas não estavam melhorando. Neste lugar elas nunca melhoravam.

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Pior do que tá não fica. Ou será que pode ficar?

Já adianto que mais reviravolta vem por aí, então fiquem de olho.

Não esqueçam do voto e dos comentários.

Beijos e até amanhã