Eu não sei o que tinha dado na minha cabeça para aceitar os conselhos de duas crianças de onze anos, mas lá estava eu, subindo aquelas escadas a toda velocidade, com o coração a mil, sem ter certeza se isso se dava pelo esforço ou pela ansiedade.
Numa das curvas que eu virei com pressa, esbarrei em uma pessoa que descia quase na mesma velocidade que eu e, com o impacto, caí de bunda no chão e escorreguei por alguns degraus. Só depois que eu me estabilizei, ergui a cabeça e dei de cara com o Joca me olhando com preocupação.
– Você está bem? – perguntou, oferecendo-me a mão para que eu pudesse levantar.
– Estou – respondi, estendendo a minha mão na sua direção.
Quando sua mão tocou na minha, senti um choque. Mas não era um choque hipotético. Era um choque literal e muito forte! Soltei um grito e tentei puxar a minha mão, mas ela ficou grudada na dele. Então ele puxou a sua mão com força e finalmente nos separamos.
– Você me deu um choque! – Reclamei.
– Desculpa – disse, sem jeito. – Eu esqueci que eu ainda estou um pouco energizado.
Sentei no degrau e o Joca se sentou ao meu lado, tentando não se encostar em mim.
– Onde você estava indo com tanta pressa? – perguntei.
– Eu? – Ele coçou a cabeça, sem graça. – Eu nem estava com tanta pressa assim. E você? Estava indo aonde?
– Lugar nenhum, oras – respondi, numa tentativa frustrada de desconversar.
Um silêncio pesado se instalou entre nós dois. Eu queria muito poder lhe falar o que eu sentia, mas eu estava muito envergonhada e temia que ele fosse rir de mim.
– A gente precisa conversar, Joca – disse, ao mesmo tempo em que ele disse alguma coisa parecida, que embaralhou com a minha fala.
Sorrimos, sem graça.
– Fala você primeiro. – Pediu.
Abaixei a cabeça, envergonhada e passei a encarar um ponto fixo entre os meus pés. Eu queria dizer que eu gostava dele, mas estava muito receosa e isso estava me travando.
– Eu precisava conversar com você – comecei, tomada por uma coragem que até então eu não fazia ideia que tinha. – Esse plano é arriscado demais e, apesar de estar esperançosa quanto a tudo isso, eu tenho medo de que as coisas não saiam como o esperado e que a gente acabe na segurança máxima. E eu não queria que a gente se separasse sem que você soubesse que eu gosto de você.
O Joca sorriu, aliviado e eu acho que também me permiti sorrir.
– Eu também gosto de você, Mag – tornou, aproximando a sua mão da minha.
– Melhor não. – Adverti-lo, puxando a minha mão rapidamente. – Não quero levar outro choque.
– Então nem vou tentar te beijar – zombou, com um sorriso de canto.
– Melhor assim – devolvi, também sorrindo, enquanto me levantava. – Mas quando isso tudo acabar eu vou cobrar essa dívida.
– Com juros, por favor – pediu, juntando as mãos e tentando segurar a risada. – Eu detesto dívidas.
Sentindo-me muito mais leve e feliz, joguei-lhe um beijo no ar e saí correndo de volta para o gerador. Agora, mais do nunca, eu desejava que tudo acabasse como o planejado.
************************
Agora o Rodrigo Faro já pode sossegar que o Vai Dar Namoro formou mais um casal (né, Sandy?). Prometo que a partir de agora eles vão focar no plano _/\_
Não esqueçam do voto e dos comentários.
Beijinhos ;**
VOCÊ ESTÁ LENDO
As Últimas Cobaias - Livro 3
Science FictionATENÇÃO! Esse livro é a continuação dos livros A Segunda Geração e a Terceira Criança e sua sinopse possui spoilers dos primeiros livros. Quatro meses após o fracasso do plano, o hospital finalmente conseguiu unir a Segunda Geração e está mais próxi...