Boys

Um ano

Nossas férias iam começar e estava numa fase muito feliz, consegui a monitoria e Sílvie ia nos encontrar na nossa cidade para conhecer nossos pais.

Mark e eu faríamos também no início desse verão um ano juntos, um ano. Demorava a acreditar que eles tinham passado esse ano tão bem e tão apaixonados.

Estava empolgado e ansioso arrumando minha mala  quando Antony bateu na porta.

- Oi Tony. Eu ia lá para nos despedirmos, nem acredito que ano que vem você não vai estar mais aqui.

- Nem eu, eu vou senti muito a falta de vocês, a sua falta.

Senti um tom estranho na sua voz, não queria reacender esse tipo de conversa com ele.

- Você vai ter uma vida nova, e Amsterdã é muito perto. Nós vamos nos ver sempre.

- Sig..

Senti que iria ouvir algo que não queria.

- Como você vai com Brad? ele é gente boa.

- Mas só penso em você.. Não queria me sentir assim..

Estava de costas e fechei os olhos, não queria aquilo, gostava muito de Antony, não queria magoá-lo.

- Você sabe dos meus sentimentos Tony, tanto por você quanto por Mark.
Me sinto lisonjeado, de verdade. Mas a gente não manda nessas coisas..Eu amo Mark e queria tanto que você também fosse feliz.

- Eu também não queria sentir o que sinto, só me faz sofrer. Você não imagina o quanto é doloroso te ver com ele e eu gosto de Mark, mas ver vocês dois juntos.. Quero ser sócio de vocês, quero poder estar junto sem te amar tanto..

- Fico triste com isso.. Por que quero de verdade você na minha vida.. Não quero um clima entre a gente..

- Posso te dar um abraço de despedida? Acho que essa distância vai me ajudar a lidar melhor com isso.

Cheguei perto dele e o abracei meio sem jeito, não queria dar falsas esperanças.

- Eu te amo Sig. Eu te amo muito, vou morrer de saudade de estar perto de você.

- E eu gosto muito da sua amizade.

Quando olhei para o lado Mark estava parado na porta de braços cruzados. Antony me soltou e saiu do quarto sem falar com Mark. Sentei na cama e olhei pra baixo.

- Não sei nem o que dizer Sig..

- Não tem o que dizer Mark, Tony é um amigo..

- Amigo Sig? Tem certeza?

- Pra mim é..

- Eu não quero mais que você fale com ele..

- Oi? Como assim? Você não quer? Não é assim que funciona Mark.

- Então você acha certo ficar agarrado a um cara que te ama?

- Eu não estava agarrado, eu estava me despedindo de uma pessoa que eu gosto como amigo. Se ele me ama é um sentimento dele, eu não tenho poder sobre isso.

- Mas pra mim parece que você gosta de incentivar isso. Gosta de estimular esse amor..

Não estava gostando daquela conversa.

- Olha Mark..Eu estou te falando o que aconteceu, agora isso de não quero que faça isso, ou não faz aquilo não existe..

- Você que sabe... eu não quero mais essa amizade entre vocês..

Estava caindo uma chuva forte lá fora, mas não queria ficar mais ali dentro, da última vez que eu estava num quarto com alguém dizendo o que deveria ou não fazer me causou muito sofrimento. Não pensei duas vezes abri a porta e corri.
Ouvi Mark me chamando mas não dei ouvidos. Andei umas duas horas pra esfriar a cabeça, Mark não tinha o direito de querer controlar assim minha vida. Eu poderia resolver a história com Antony.