Perdão

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Toda a viagem de volta foi sofrida, chorei, senti dor no estômago, enjôo, vomitei. Cada lugar que reconhecia sentia todo o corpo vibrar.

Fiquei feliz em não ver meu pai na rodoviária, não tinha dado o horário do ônibus de propósito, queria retornar na sua maneira, no seu tempo.

Olhou em volta e as lembranças vieram como um tiro. Sua mãe, Stef, Edy e Mark.. Respirou o ar, era uma cidade pequena de subúrbio. Todo mundo se conhece isso servia para o bem e para o mal também.

Era fim de tarde, não sentiu vontade de ir direto pra casa , iria ver Stef.
Caminhou devagar pelas ruas, num misto de saudade e medo, sentia que tudo iria ser diferente.

Chegou até a casa de Stef e só aí se deu conta o quanto sentia falta da amizade desse cara.

Chamou por ele e ele logo apareceu com um grande sorriso no rosto. Estava mais alto e forte.

- Grande Sig, cara quanto tempo..
Nos abraçamos dando tapinhas , como homens se cumprimentavam ali.

- Você está mais alto Sig, sempre foi o mais anão.

- Você que está Stef, como senti sua falta cara.

- Você me abandonou, não me telefonou mais, nem uma carta.

- Não vou mentir, queria esquecer tudo isso daqui, e infelizmente você estava junto. Mas foi uma bobagem. Como está sua vida amigo? Fazíamos tantas merdas.

- É mesmo. Bem terminei o colégio e estou trabalhando com meu pai..

- Paula?

- Estamos juntos ainda..

- Que isso cara, então era sério?

- Sig aqui não temos muitas opções e entre todas você lembra ela era a mais gata. Vamos nos casar no próximo verão.

- Que legal , muito feliz por você.E Angélica?

Olhamos um para o outro e caímos na gargalhada.

- Vamos sentar aqui e tomar uma cerveja Sig, você bebe né? Aí te conto tudo.

- Uma cerveja seria ótimo.

Sentamos na varanda de Stef, estava relaxado e feliz.

- Bem Angélica chegou a te esperar um tempo cara.

- Sério?

E gargalhamos de novo.

- Mas está namorando faz um tempo.

- Ah..Fico feliz por ela.

- E ...Stef abaixou a cabeça e corou, sabia do que queria falar e facilitei.

- Mark?

- Sim.

- Não estamos juntos.

- Isso eu sabia. Ele estava aqui no último feriado, soube que teve problemas com o namorado lá na universidade de vocês.Você está em Utrecht cara. Muito legal. Mas vocês se encontraram?

- Sim. Mas é uma história muito longa e complicada.

- Entendo. Mas você...._ Sentia uma curiosidade e uma dificuldade das pessoas serem diretas comigo, então estava aprendendo a ser direto.

- Se eu sou gay? No momento não namoro nem meninos e nem meninas. Mas amo Mark. Isso seria um problema pra você?

- Pra mim? Nada que impedisse você de ser meu padrinho de casamento.

- Sério? Que honra meu amigo. Fico muito feliz.

Bebemos mais uma cerveja, rimos de muitas besteiras, mas tinha que encarar minha casa.

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