Como a gente já esperava nossa vida realmente seria uma loucura, na volta do feriado tínhamos tantas coisas a resolver, que parecíamos duas baratas tontas. A primeira providência foi sair com Mark para comprar ternos e camisas sociais, já que no novo trabalho ele teria que se vestir assim. E percebemos que tínhamos um fetichizinho com isso, o que seria um problema pra gente.
- Ainda bem que não vou te ver antes de você sair para o trabalho Mark, se não seria um problema eu te largar. Espero que isso passe...
- Será? Sonho com seus olhos azuis até hoje, quando você me encara com eles é a deixa para eu começar a pensar em coisas tristes porque se não eu te agarro independente de onde a gente esteja. - Mark disse rindo.
- Imagina então quando casarmos, nós dois saindo assim de casa. Vai ser difícil. - Ele veio e me deu estalinho com aquele sorrisinho de lado que ainda me fazia suspirar.
Apesar de ainda sermos jovens já tínhamos perdido todas as características da adolescência e já éramos dois homens feitos. Tanto eu quanto Mark éramos altos e tínhamos ombros largos, Mark estava deixando uma barba rala que eu amava e que lhe dava um charme a mais e modéstia a parte fazíamos um belo par. Era engraçado porque como sempre andamos de mãos dadas ou abraçados na rua, sempre recebíamos olhares curiosos e mesmo estando juntos algumas cantadas também.
A gente estava bem mais maduros no nosso relacionamento, as poucas brigas que tínhamos ainda eram causadas pela possessividade de Mark. Mas eu já tinha até relaxado em relação a isso, percebi que eu poderia transmitir toda segurança do mundo e ainda assim ele se sentiria desse jeito. Ele era assim com sua irmã, com sua mãe e comigo num nível mais intensificado. Nossa última grande briga foi por que fomos cortar o cabelo e ele colocou na cabeça que o cabeleireiro estava acariciando meu cabelo e não queria mais que eu voltasse lá, mas eu gostei do serviço do rapaz e não via problema nenhum em continuar indo, enfim foram duas horas de discussão por conta de um corte de cabelo. Bem, eu me esforçava para ser mais romântico, perceber o mundo a volta de Mark, e me apressar nas minhas conclusões e decisões para transmitir mais segurança a ele. Mas certas coisas não mudavam, eu continuava muito alheio a essa questão de ciúmes, até brincava com ele que se um dia ele fosse me trair para me avisar ou me dar pelo menos um toque, porque ele iria casar com a outra pessoa e eu não ia perceber. Eu media o amor dele por mim pelo olhar, esse era meu termômetro, se ele continuasse a me olhar daquele jeito o mundo fechava entre eu e ele, não me importava os outros, nem que eventualmente ele tivesse uma paquera. Já para Mark isso seria a morte, mas no geral nosso relacionamento ia muito bem, obrigada.
Os meses passaram numa velocidade galopante, eu me enfiei na monitoria que apesar de já está mais organizada , ainda me ocupava muito tempo. Ainda treinava e tinha meus trabalhos da faculdade para entregar. Mark estava encantado com o trabalho e estava se saindo muito bem, sendo bem elogiado.
Chegou a última semana de aulas, e nós dois estávamos muito emocionados. Utrecht seria uma lembrança para Mark e mesmo ele continuando próximo de mim, sentia um buraco no peito. Mesmo estando feliz que Sílvie estaria do meu lado no último ano , Mark não estaria mais no campus, um lugar que me apaixonei mas que no início representava ele, foi por ele que cheguei ali, mas foi por nós dois que continuei e é por mim que quero ir muito mais longe.
Fomos procurar um apartamento para ele na cidade e choramos várias vezes, tecendo nosso futuro, pensando em tudo o que nos esperava. Mark apesar de estagiário já ganhava um bom salário e provavelmente no próximo ano seria efetivado. Eu apesar de ainda não estar mandando currículos já recebia convites de algumas empresas por conta do meu excelente desempenho acadêmico.
No dia da sua formatura, acordamos e ficamos uns dez minutos abraçados, não tinha vontade de largá-lo e nem ele demonstrava essa vontade.
- Deixa a monitoria, vem morar comigo. - Ele sussurrou no meu ouvido.
- Eu ficaria distante do campus Mark e eu preciso desse dinheiro, você sabe. Preciso pagar a faculdade.
- Eu quero você lá comigo o tempo que você quiser e puder. Aliás, quero que você me ajude a comprar tudo. Quero que nosso ap tenha a nossa cara.
- Nosso?
- Nada é mais só meu, nem é só eu . Tudo é nosso, tudo é contigo. - E me deu um estalinho carinhoso. - Seu pai vem?
- Claro, ele está animado, ele nunca veio a Utrecht e vem na formatura do genro rsrsrs..Edy logicamente também vem já que não desgruda de Sílvie. Acho que os pais de Sílvie também vão estar aí com Sarinha.
- Nossa família então, todos juntos. Ai meu Deus, eu não paro de chorar.
- Vamos logo nos arrumar, porque depois que te ver de terno eu não respondo por mim e não podemos nos atrasar. Quero ver quando formos nos casar?
- Oi? Sig?
- O quê?
- Repete essa última frase.. Quando formos o quê?
- Casar?
- Sério que isso surgiu da sua boca? Assim de forma natural, sem mil neuroses junto?
- Seu bobo, até parece que eu nunca falei nisso.
- Quase nunca, esse assunto é sempre meu, sempre sou eu que falo. Pronto, ganhei meu dia rsrs..Te amo sabia sr Sigmund Harrie de Boer ?
- Sim Sr Mark Louis Zandvliet..
A formatura foi linda e eu chorei do início ao fim. Senti um orgulho enorme , Mark teve destaque acadêmico e recebeu o diploma " magna cum laude" o que lhe concedia um grande futuro e muitas portas abertas.
No final fomos para um restaurante e entramos de mãos dadas, sorrisos radiantes, realmente felizes. Os pais do Mark irradiavam orgulho e admiração. Foi um momento realmente muito feliz.
Essas férias seriam diferentes, Mark não tinha folga do escritório, então não voltei pra casa, pelo contrário, nossos pais que vieram ficar duas semanas com a gente, o que foi ótimo. Apresentei todo o campus para o meu pai e meus sogros, meu pai se emocionou várias vezes descobrindo a grandeza e a importância daquele lugar. Sílvie voltaria para o campus, ficando no andar abaixo do meu o que seria ótimo, teria minha baixinha de volta.
E aproveitei o resto do tempo para ajeitar nosso apartamento e ler muito, queria entrar na pós graduação logo após minha formatura e depois ser uns dos melhores para o mestrado com bolsa.
Tive que aprender a cozinhar alguma coisa também, porque Mark chegava do escritório e muitas vezes ia estudar seus casos e sobrava pra mim nos alimentar. Mas estava sendo bem legal esse ensaio de vida de casados.
- Sig, cheguei amor. Trouxe aquele chocolate que você gosta. - Mark chegou por trás de mim na cozinha, dando um beijinho no meu cangote.
- Mark, estou desconfiando que você queira me engordar.
- Seu corpo está ótimo Sig. Aliás, deixa isso aí. Vindo pra cá me dei conta que já tem uma semana que a gente não consegue ficar junto.
- Tinha trezentas pessoas aqui em casa Mark e duas crianças. Sem chance né?
- Mas agora só tem nós dois e estou morrendo de saudades.
- A gente faz assim: primeiro a gente come e depois você faz o quiser comigo. Pode ser?
- Huumm..Acho melhor assim, primeiro você me come e depois eu faço o que eu quiser contigo. - Falou isso já me puxando pela cintura e me segurando pelos cabelos como sempre fazia.
- Como sempre você tem as melhores ideias. - Meu corpo reagiu imediatamente ao corpo dele, numa necessidade quase animal.
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Boys
RomanceA descoberta da sexualidade, do primeiro amor e superação quando é um amor entre iguais. Sig e Mark foram separados abruptamente após terem se descoberto apaixonados. Sig vai ter que lutar muito para ser aceito e se aceitar e reencontrar Mark. Uma l...