Capítulo 2

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Mama e papa gritavam um com outro, mas era difícil entender do que se tratava. Uma boa parte minha, ainda estava imersa no sono. Viro-me para o lado, e coloco o travesseiro no ouvido.

- Filha- mama se aproxima perto de mim, meus olhos um pouco abertos se encontram com os delas. - Estamos indo no centro, queres alguma coisa ?

---- galochas - respondo ainda sonâmbula 

---- Galochas ? Oh meu Deus, por que tu não pede um salto alto ? Como é mesmo que vocês falam, ah "seria meu sonho" ?

---- Não dá pra andar de salto no bosque!

---- Tudo bem. Chego lá pelas 11:00. Traremos almoço.

Mama me dá um beijo na testa, volto a dormir mais um pouco. Levanto às 08:00 horas. Assim que termino de me arrumar, desço para cozinha e como uma salada de frutas com ceral.
Faço uma limpeza na casa e arrumo as bonecas que estão no quarto de Samira e Saluza.

---- Meu Jesus, como essas meninas dormem com isso ? - saio apressada de dentro do quarto.

Assim que termino as tarefas domésticas, resolvo ler um livro sentada no sofá da sala. Algo que por sinal é interrompido por um forte barulho de caminhão lá fora.

Levanto- me e caminho em direção a cortina, vejo uma senhora muito elegante, de cabelos castanhos direcionando o caminhão da mudança.

Volto para o lugar onde me encontrava a fazer a leitura e com certo esforço, me envolvo novamente na história.

Após umas meia hora, escuto baterem na porta.  Penso em fingir que não tem ninguém em casa, mas graças a algo chamado consciência, decido abrir a porta.

---- Bom dia, você deve ser a ... - ela fica um pouco insegura sobre se arriscar ou não em dizer meu nome.

--- Isso, Sâmia. - ofereço-lhe um sorriso simpático.

---- Conheci seus pais pela manhã. Me chamo Grace. Eu gostaria de me desculpar pelo barulho. Espero não ter incomodado tanto.

Olho para o livro repousando em cima a mesinha da sala.

---- Não, tudo bem. Eu entendo, acredito que todos da vizinhança. Mudanças são mudanças.

---- Que bom. Pra não ocupar mais seu tempo, gostaria de convidar você para um jantar hoje, na minha casa.

---- Eu ? Por que ? - aquela conversa é um tanto que estranha.

---- Só um agrado. Você e sua família na verdade, estão convidados.

---- Meu pai trabalha bastante durante o dia e geralmente prefere a noite só para ficar em casa mesmo. Mas vou falar com eles. E obrigada.

---- Está certo. Mas se possível, vá. É aqui do lado. Acho que eles não irão ver problema.

---- OK. - respondo ríspida. Mas qual é ?! De qualquer maneira ela era uma estranha.

---- Tchau Sâmia.

Assim que fecho a porta, olho no relógio. São 11:30.
Minha família chega uns 25 minutos depois.
Distribuo os pratos na mesa. E vamos almoçar.

---- A nova vizinha veio aqui. - sirvo arroz, maionese, macarrão e carne assada, no prato de papa.

---- A Grace ? Ela perguntou por você mais cedo.

---- Por mim ?

---- Sim. O filho dela falou de você pra ela.

Lembro me do encontro com o rapaz novo ontem a noite.

---- Entendi. Ela nos convidou para jantar na casa dela.

---- Que gentileza!

---- Achei um pouco estranho. - respondo franzendo a testa.

---- Mas não deixa de ser uma gentileza também. - mama me dá uma piscadela.


Por volta das 18:30 estou sentada na varanda lendo um livro. Ouço alguem batendo na porta e dou permissão para entrar.

---- Trouxe uma coisa para você. - mama ergue uma sacola prateada com o nome de Belicius.

---- O que é isso ?

---- Abra. 

Pego um vestido que vai até dois dedos acima do joelho, de cor amarelo delicado e renda branca. Com mangas parecidas com uma folha sobre a outra, e pescoço num V um pouco arredondado.

---- Mama ele é lindo. Obrigada.

Levanto- me e lhe dou um abraço.
Eu não era uma garota muito vaidosa, e mama sabia bem os meus gostos. Não gostava de coisas  chamativas nem mesmo pesadas, para usar.

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