Capítulo 20

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---- Mas então, o que está achando daqui ?

   O sr. Agostino, deixa a floricultura aos nossos cuidados e sai para um "compromisso". Ainda assim, eu sinto que isso é um teste e que ele está nos observando em outro cômodo da floricultura, mesmo que eu não veja nenhuma câmera.

---- Não tenho uma resposta muito bem formulada. Eu vim aqui, apenas 1 vez.  A memória é um pouco embaçada, mas eu lembro de um monte verde, que dava a vista exuberante do mar, e o mais vasto horizonte.

---- Acho que sei de onde está falando. Eu vou muitas vezes lá também. Quer dizer, só eu vou lá. O barranco se desgastou e fica muito perigoso ir novamente pela trilha.

---- E você vai mesmo assim ?

---- Escondido é possível ir até a lua... - rimos.

---- Você é formada ?

---- Fiz uns cursos técnicos, mas coisa básica pra se sobreviver. E você ?

---- Sim, em Contabilidade e Marketing. Um por obrigação e o outro por amor.

---- Caramba, você deve ter estudado mesmo.

---- Eu fiz as duas ao mesmo tempo ! - ela ri da minha expressão. ---- Ah por favor, não faz essa cara. Não foi fácil, mas era isso ou passar mais anos dentro de uma faculdade e longe dos meus pais. A verdade é que as companhias que eu tinha lá, me motivavam muito e também ...

---- Também ?

---- Deixa pra lá. Não vale a pena.

Percebo um toque pesado de tristeza, na sua última frase. Resolvo não forçar mais outra direção para aquela conversa.

---- Vai ficar muito tempo, aqui ajudando seu pai ?

---- Eu vim mais pra "relaxar"! - ela faz aspas com as mãos. ---- Acho que 1 ano ou mais.

---- Isso é muito bom. Vamos ter a oportunidade de nos conhecer mais. - digo entusiasmada.

Eu não sabia o porquê de estar feliz com aquilo. Mas saber o período que a Rosana iria ficar, me deixava assim.
Conversamos tanto aquele dia, que parece que menos de 24 foram o suficiente para ficarmos próximas e rir das coisas mais bobas.
Rosana me contou as experiências nos países que ela já tinha visitado. Os micos que já havia pagado, por falar muito ruim outros idiomas.
 
Nem tocamos no nosso almoço, a conversa fluía numa intensidade que esqueciamos das outras coisas. Claro que isso só quando não tinha cliente, mas logo depois de atender e eles demonstrarem estar satisfeitos com a escolha e compra, voltavamos a conversar.

   E o mais impressionante aconteceu, convidei Rosana para jantar uma noite lá em casa. Com toda certeza isso levantaria comentários, pois eu nunca levava amigos em casa. Ou tinha confiança suficiente para leva-los. 

---- O que você gosta de comer ?

---- Comida Tailandesa!

Fico perturbada com sua resposta, como diabos minha mãe prepararia comida tailandesa ?!

---- Mas também abro excessão para bolo de carne, ou torta de frango. - completa ao perceber minha primitiva decepção comigo mesma.

---- Você toca algum instrumento ? - pergunto.

---- Violino e piano. E tudo graças a minha avó, ela sempre foi uma pessoa muito culta.  E ressaltava que se você adquiri delicadeza com os dedos ou mãos, adquiri para a vida.

---- E o que você achava disso ?

---- O que acho até hoje. Nem tudo merece nossa delicadeza. - dá de ombros.

Varro o piso, para tirar o excesso de sujeira que se formou não sei que horas exatamente.

---- Viu só ? Isso que fizeram com o piso, não é delicado. - grita Rosana atrás do balcão. Reviro os olhos e rio.

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