---- Como estão as coisas por lá ?
---- Não quero falar sobre isso. Pelo menos não agora. - Rômulo acaricia meu cabelo.
Estamos sentados na areia. Observando o mar, escutando o som das ondas se desfazerem na superfície.
Aquele dia, foi tão cansativo. Tudo o que eu mais desejava era estar na minha cama, embaixo das minhas cobertas. Mas agora que Rômulo estava aqui, me sentia recarregada novamente. Não sentia mais vontade de estar em outro lugar.
Sinto uma pontada no lado direito do estômago, e uma leve náusea. Me esforço em ignora-la.
Queria ter tido forças para fazer isso, mas a verdade é que eu estava muito fraca.---- Podemos ir pra casa ? - pergunto, apertando o braço de Rômulo envolta da minha barriga.
---- Eu ia perguntar o mesmo. Estou um pouco cansado da viagem e minha família ainda não sabe que estou aqui.
---- Ótimo. Então vamos.
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Termino de tomar banho, visto uma roupa confortável e tranco a porta do meu quarto.
Pego dentro da bolsa o Narcótico que o médico me receitou para alívio de dor.
Deito-me na cama e começo a refazer todo o momento que eu descobri sobre a minha doença."---- Desculpe Sâmia. Mas não há cura.
Lá estava eu, dentro de uma sala branca e fria. Com aparelhos médicos espalhados pela sala e dois diplomas pendurados na parede esquerda. Um médico alto, com aparência de 45 anos. Moreno, cabelo estilo militar, barba pra fazer. Uma blusa azul, com jaleco cor de creme e seu nome bordado acima do bolso direito próximo ao peito, e calça preta.
Eu sabia que Rosana estava com fome, a assegurei de que eu poderia entrar sozinha. Então ela foi ao refeitório comprar algo para comer.---- Você está sozinha ?
---- Minha amiga foi ao refeitório. - respondo ainda abalada.
---- Olha, não é uma situação nada fácil. Você precisará de ajuda, companhia. Das pessoas perto de você no caso de alguma emergência.
---- Posso pedir uma coisa ? - pergunto, interrompendo o seu discurso de consolação. ---- Eu não quero que ninguém saiba. Eu vou contar o necessário, que é a questão do tratamento e só.
---- Não pode esconder uma doença como essa.
---- Pode fazer o que eu pedi.
---- Sâmia...
---- Por favor. - faço um pausa para controlar o choro. ---- Eu faço a porcaria do tratamento e o senhor, cumpre esse meu simples pedido."
Contei a Rosana que estava com uma doença "um pouco grave" que precisaria de tratamento, mas que fosse tudo em segredo.
Eu não iria aguentar ver minha amiga sofrendo junto comigo. A verdade é que eu não aguentaria ver as pessoas que eu amo, sofrendo por minha causa.
Ouço baterem na minha porta. Escondo o medicamento.---- Sâmia, filha. Por que trancou a porta ?
---- Oi, oi - abro a porta, ofegante. ---- Foi sem querer.
---- Não, tudo bem. Você precisa de privacidade. Eu entendo - mama acaricia meu rosto.
---- Isso. - concordo com a cabeça.
---- Quer que eu traga algo para você comer. Parece tão abatida.
---- Foi só o trabalho. E eu aceito algo para comer sim. - dou um beijo no rosto de mama.
Assim que ela sai, pego meu celular na bolsa e manda uma mensagem para Rosana. Aviso que preciso falar com ela.
Menos de meia hora, ela chega na minha casa. Mama a oferece algo para comer, e ela aceita como sempre. Sobe as escadas com 2 sanduíches e 1 copo de suco. Rio ao vê-lá daquele jeito.---- Como foi lá na praia ?
---- Foi lindo. - respondo sentando-me na cama. Sinto meu corpo cada vez mais fraco.
---- Olha não me faz in... Ah meu Deus, que cordão lindo. Ele que te deu ? - Rosa solta do PUF e senta-se ao meu lado, pegando o cordão no meu pescoço. ---- É de diamante. Eu amei.
---- Estamos namorando.
---- Você deveria estar mais alegre. Se deita. Você fez muito esforço hoje.
---- Espera, me escuta. Eu não vou iniciar o tratamento agora. O Rômulo está na cidade, não posso arriscar que ele descubra. - faço uma pausa, esperando que Rosa diga alguma coisa, mas ela permanece calada. ---- Mas, mas eu vou continuar com os medicamentos, vitaminas, a dieta.
Rosa continua calada por mais um tempo. Sei que seria péssimo terminar a noite com uma briga, mas aquele silêncio estava me matando a cada segundo que se prolongava mais.
---- Se você passar mal mais uma vez, eu vou te internar contra ou com sua vontade. Eu espero muito que você não esteja tão doente mesmo. Porque eu não quero viver com idéia, de que eu vi você se suicidar lentamente na minha frente. - ela dá uma mordida no sanduíche. ---- Agora descansa um pouco. Vou dormir aqui com você, e quero que me conte tudo que aconteceu naquela praia.
Reviro os olhos e a abraço. No fim das contas, aquele dia continuou sendo um dos mais bonitos e importantes da minha vida. E nada o estragou.
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Mesmo Diante De Minimas Chances
Teen FictionUm amor capaz de superar o que a princípio, se domina impossível. Um amor paciente que move dois apaixonados a alcançar lugares que nossa limitações jamais julgariam se possível chegar. . Venha embarcar nessa história contada na visão deste casal qu...