Capítulo 10

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Seguro-me nos braços de Rômulo, tentando me equilibrar, a música começa a tocar e é como se descrevesse totalmente aquele momento.

Riamos com meu mal jeito, e eu só tentava não fazer o espetaculoso mico de cair.

Rômulo patinava muito bem, pergutava-me em qual das cidades que ele e sua familia rica, teriam visitado e com isso ter adquirido está habilidade.

Um foco de luz pairava sobre cada casal, Rômulo segura em minha cintura e me leva até o centro do fiorde.

---- Vou lhe girar, iremos com calma. - diz ele, ao se aproximar de meu rosto.

Eu não tenho tempo algum de lutar contra o ato. Quando então, fecho os olhos e com todo cuidado, estico o pé esquerdo, seguro em uma das mãos de Rômulo e em seu ombro. E ele, coloca a mão direita delicadamente sobre minha cintura, e com a outra segura minha mão.

---- Você e Eu - ele sussura em meus ouvidos.

Por inúmeros minutos, tenho a sensação de estar a sós com Rômulo.
Envolvo- me com seu olhar. Sinto minha respiração desacelerar, nossos corações baterem no mesmo ritmo, e ainda mais tamanha vulnerabilidade em estar sobre o seu domínio.

Baixo a cabeça e lágrimas lentamente começam a escorrer de meu rosto. Eu não sei o porquê, aquilo é tudo novo pra mim. Um trilhão de sentimentos entram em choque ao mesmo tempo.

Talvez seja a música, ou o ar de romantismo que se estabelecia naquele lugar, quem sabe também o pressentimento estranho que venho sentindo ou a intensidade de algo que estava chegando com força, melhor, que já havia chegado, mas não queria admitir.

---- Sâmia, o que foi ? - Rômulo segura meu queixo e ergue.

---- Me leve pra casa. - peço com os olhos pesados.

Rômulo me acompanha até a saída do fiorde. Recuso sua ajuda para tirar o patins.
Sigo calada para o carro, e permaneço assim durante a viagem.
Quando então ele estaciona em frente a minha casa.

---- Me desculpa se fiz algo, sei lá. - diz preocupado.

---- Você não fez nada. - respondo direta.

---- Então por que estava chorando ?

---- Por nada. - limpo o rosto.

---- Que merda, Sâmia! - Ele bate com as mãos no carro. --- Diga- me agora!

---- Boa noite, Rômulo. - saio do carro.

---- Eu ainda preciso falar uma coisa com você.

---- Amanhã.

---- Mas...

---- Rômulo, não!

Ainda que ele se esforce em esconder, posso perceber uma dor em seu olhar.

---- Você vai embora, não vai ? - pergunto olhando para o chão.

---- Eu não queria. Mas vou precisar adiantar a viagem.

As lágrimas voltam a escorrer pelo meu rosto.

--- Sâmia eu vou voltar.

---- Eu sei.

---- Por favor, acredite em mim.

---- Rômulo você não tem obrigação alguma comigo. Se tem de voltar, isso se dá devido sua família estar aqui. - aponto para sua casa ao lado. --- E meu trabalho era lhe fazer aproveitar mais, enquanto estivesse por aqui e acho que fiz isso.

---- Sâmia eu estou apaixonado por você. E sei que você também está. Mas quer fugir, como sempre fugiu de qualquer pessoa ou situação que fosse uma "ameaça"!

Viro de costas e sigo para dentro de casa.
Assim que fecho a porta, escorrego por ela. Encosto o rosto sobre o joelho e me entrego a dor, que agora sim, por inteira me esmagava.

Penso em tantas vezes que evitei me apegar as pessoas, justamente por saber que iriam embora.
Penso nas vezes que vi colegas indo viajar para fora.
Penso no dia que Rômulo chegou na minha vida.
Eu sei muito bem que ele passaria mais de 2 estações fora, o que tornava toda aquela angústia ainda mais forte.

Ouço alguem descer a escada, é Saluza. Ela se aproxima e senta ao meu lado.
Faz carinho em meu cabelo.

---- Venha, vou dormir com você hoje. - ela segura em minha mão e me ajuda a levantar.

Vamos as duas para o meu quarto.
Ela pega uma blusa de frio e minha calça moleton, no guarda roupa.
Calça meias em meus pés e se deita ao meu lado.
Passo a noite soluçando, até pegar no sono. Enquanto Saluza continua a fazer carinho no meu cabelo.

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