Capítulo 24

13 0 0
                                    

**** S.

---- Então, como foi o jantar ontem com o Dylan ? - Rosa pergunta-me, ao se aproximar.

---- Do que está falando ? - paro de fazer os cálculos das vendas e repouso a caneta no balcão.

---- Eu liguei, tá ?! Liguei pra sua casa. Seu pai atendeu e disse que estavam recebendo o Dylan lá.

---- Foi só um jantar de amigos. Ele foi me visitar ontem, e conhecer minha família.

---- Tem certeza que não está acontecendo nada ? - pergunta semiserrando os olhos.

---- Tenho certeza! Agora para de me olhar assim e vem me ajudar. - a puxo pelos braços.

Sinto um leve tontura. E começo a suar frio. Minha garganta parece ressecar.

---- Sâmia. Senta, senta aqui. Seus lábios estão ficando roxos. Eu vou chamar ajuda.

---- Não ! - respondo ofegante ---- Espera. Vai passar. --- Começo a tentar respirar devagar.

Logo após uns 5 minutos, me sinto melhor. Rosa busca um copo da água. Suas mãos estão tremendo mais do que as minhas a pouco tempo.

---- Eu estou bem, amiga. Fica calma. Foi só uma queda de pressão.

---- Vamos ao médico amanhã. Sem falta.

Reviro os olhos. Decido não entrar em discussão devido já está me sentindo muito cansada.

     

     Fechamos um pouco mais cedo. Rosa me leva pra casa, e dorme lá comigo. Depois do banho, vamos para a varanda conversar um pouco. Assistimos o por do sol e bebemos uma garrafa de vinho.

   Mama entra no quarto e nos chama para descer pro jantar. Olho para Rosa, na súplica de que ela não conte o episódio de hoje, para os meus pais. Ela apenas ignora, e sai na minha frente.
Acho que ela está chateada consigo mesma, por ceder ao meu pedido. Suspiro aliviada. E lhe abraço por trás. Te amo, murmuro perto do seu ouvido.

  Jantamos lasanha de frango, com arroz branco. De sobremesa, temos um mousse de morango com calda de chocolate.

    Eu e minha família vamos para sala e assistimos um filme no canal fechado. As meninas acabam dormindo no sofá e Rosa me ajuda a leva-las para o quarto.

---- Não acho isso necessário. - digo baixinho enquanto as colocamos na cama.

  Rosa me olha intrigada. Apenas dou de ombros e vou para o meu quarto.
Pego uma tolha limpa, na gaveta do armário no banheiro.
   Limpo o rosto com hidratante e algodão. Penteio os cabelos em seguida o amarro num coque e lavo meu corpo.

  Assim que saio do box, Rosa está sentada na latrina. Me observando, o que me faz pular de susto.

---- Tá maluca ? - grito, fechado o box atrás de mim.

---- Fiquei com medo de você passar mal novamente. E fiquei aqui esperando terminar.

   É verdade que foi menos estranho depois que ela explicou. Decido não falar e saio para o quarto. Pego meu pijama e o visto.

---- Que horas você vai querer sair amanhã ?

---- Antes das 07:00 horas. Eu não entendo como você pode não querer saber da própria saúde.

---- Já falei que foi apenas uma queda de pressão.

---- Quantas vezes ? - Rosa vira de costas e pega um porta retrato em formato de coração, que tem nossa foto na praia.  --- Quantas vezes isso aconteceu ?

Hesito um pouco na hora de responder. Eu sabia que depois disso a Rosa não me deixaria mais em paz. No entanto eu não queria e nem podia mentir pra minha melhor amiga.

---- A um tempo. - sento na cama e coloco as mãos atrás do pescoço. ---- Tinha parado, mas hoje... voltou.

Penso que ela me dará um grande sermão, mas ela apenas senta-se ao meu lado, segura a minha mão. Ficamos ali, caladas. Olhando pro nada. Ela solta a minha mão e entra no banheiro.

Depois de uns 15 minutos, ela volta e pede para irmos dormir.

---- Não vai falar nada ?

---- Eu tenho medo do que possa ser. Mas de qualquer jeito, cuidaremos disso. Eu não vou te deixar morrer antes de mim.

Sorrio com seu comentário e a abraço.
Com a Rosana do meu lado, me sentia melhor. Ela me passava um alto nível de confiança. E pela primeira vez eu pude saber o que é ter mil qualidades e posições familiares dentro de uma só pessoa.
 

Mesmo Diante De Minimas Chances Onde histórias criam vida. Descubra agora