Mesmo Diante De Minimas Chances

Capítulo 34

**** S

---- Sâmi,  você faz idéia que horas são ?  - Rosa responde sonolenta,  do outro lado da linha. 

---- Você escutou o que eu disse ?

---- Rômulo te pediu em casamento...  - ela boceja ---- E o que tem ? 

---- Eu disse que não queria! 

---- Por Deus,  Sâmia?!  Eu tenho trabalho amanhã.  Não sei o que quer que eu diga,  sendo que já deu a resposta pro cara. 

---- Você acha que eu fiz certo ? 

---- Você tem dúvidas sobre o seu amor por ele ?  Sobre o que ele sente ?  Sobre querer construir algo juntos ? 

---- Não,  eu não tenho dúvidas! 

---- Então...  Você não fez o certo. 

---- Isso não está me ajudando,  Rosana. 

---- Minha opinião deve ser muito importante mesmo.  Ok.  Sâmia,  vocês se amam.  E eu sei que mesmo diante de todos os medos que isso possa trazer,  vocês darão um jeito.  Eu sei que é injusto ainda não terem a oportunidade de permanecerem juntos,  digo fisicamente.  Mas eu sei que trabalham para que isso só fortaleça o que vocês sabem que é verdadeiro,  acima de tudo e de todos.
Amiga você pode se arrepender de aceitar,  mas podem se arrepender mais ainda por não ter se arriscado em não aceitar. 

Fico em silêncio por uns instantes. 

---- Sâmi ? 

---- Mas e se todos estivermos errados?

---- Não pense no "e se".

---- Tá bom. 

---- Tem mais uma coisa que eu queria falar com você.  Tem tomado os remédios ?  Você precisa voltar as consultas. 

---- Eu vou amanhã.  Alguns dos remédios já acabaram.

Terminamos de nos falar e em seguida,  começo a me arrumar para ir ao aeroporto. 
  As palavras de Rosa,  dançam pelos meus pensamentos.  Visto uma calça jeans e uma blusa rosa bebê,  de manga comprida e um unicórnio estampado. Visto a jaqueta jeans por cima. Calço minha bota de cano baixo preta. 

Penteio os cabelos e amarro num rabo de cavalo.  Esse penteado me deixa bem mais madura.  Ou será só minha impressão?! Recomponho-me de meus devaneios e passo perfume. 

  Rômulo está na varanda me esperando.  Ele olha para o céu como eu criança, com um olhar tão brilhante e ingênuo.  Engulo o seco ao imaginar o tempo que ficarei sem ter novamente o privilégio de olhar para ele exatamente assim.  Suspenso em seus pensamentos,  distraído sobre a beleza da "noite".

    Ao perceber minha presença,  ele sorri de lado e estende a mão como num gesto de convite.  Toco levemente em seus dedos.  Tento dizer o que me preparei para dizer,  mas as palavras simplismente engatam na garganta. 

     Rômulo me puxa para perto,  e acaricia meus cabelos.  Sinto um forte  arrepio e então o beijo.  Envolvo meus dedos sobre seu pescoço e ele,  sobre a minha cintura. 

---- Eu vou estar aqui quando voltar!  - digo em meio ao nosso beijo. 

  Ele repousa um delicado selinho,  mas ainda com o rosto próximo,  me encara com os olhos apaixonados e entristecidos. 

   Espero que ele diga algo,  mas permanece em silêncio.  Quando então seguimos em direção ao carro. 
   Colocamos o cinto e ele dirige até o aeroporto.  Observo as gotas de orvalho na janela do carro.  E a neblina escura na floresta. 

  Rômulo segura em minha mão e oferece um sorriso.  Levo sua mão até minha boca e dou um leve beijo.  Ele faz o mesmo. 

  Assim que estaciona o carro,  pede que eu o dirija de volta pra casa.  Concordo,  apesar de não gostar muito da idéia,  visto que é o seu carro e tenho medo de bate-lo. 

---- Isso não vai acontecer.  - ele responde meus pensamentos como se pudesse lê-los. 

   Entramos de mãos dadas no aeroporto.  Um número pequenos de rostos diferentes,  começam a passear por toda área. 
  Subimos na escada rolante, para outra parte do aeroporto.  Rômulo compra um café espresso e um achocolatado com nutella,  para mim. 
     Sentamos a esperar de iniciar o check-in e para conversar mais sobre como as coisas funcionaram agora. 

---- Quantas vezes na semana ? 

---- Como assim "quantas vezes na semana" ?  - pergunta bastante confuso. 

---- Que nós iremos nos falar. 

---- Sâmia,  não tem como decidirmos isso agora. 

---- E por que não?

---- Eu preciso ver de perto como estão as coisas.  E o quanto do meu tempo,  cobrará.  Mas eu quero falar todos os dias com você.  Sem estipulação alguma.  E outra coisa ...

---- O que ? 

---- Eu amei essa blusa.  Você fica uma verdadeira graça. 

  Sento em seu colo e o abraço. 

Após alguns minutos,  Rômulo segue para o embarque.  Fico segurando em seu braço esquerdo. Sei que ele está tendo toda paciência comigo,  e não caminha mais rápido por minha causa. 

---- Não!  Espera.  Eu preciso te dizer uma coisa antes de você ir.  - paro na sua frente e ergo meu braço direito,  num sinal que ele não continue e andar.  ---- Rômulo eu amo você.  Amo muito.  Eu penso em você desde a primeira vez que nos vimos.  Eu sonho com você desde a primeira vez que nos vimos.  É com você que eu comecei a imaginar um futuro,  uma família - lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto.  ---- Eu não fazia idéia do quanto isso só cresceria depois do longo tempo que passaríamos longe um do outro.  Mesmo sendo só amigos,  eu sempre me senti em compromisso com você.  Eu sempre senti a necessidade de te contar da menor a maior das realizações que eu tinha no meu dia.  Mesmo sendo só amigos,  eu quis te esperar e vou continuar fazendo isso.  Mas agora não só como amigos,  ou namorados.  Mas como sua noiva. 

---- Sâmia... 

---- Meu amor me perdoa por toda insegurança.  Me perdoa por não conseguir te polpar de tantas dores.  Mas eu prometo tentar melhorar.  E,  e...  Obrigada por ser você.  Obrigada por estar aqui.  Obrigada por dar cor em dias que os problemas deixa tudo preto e branco.  Obrigada por fazer da tua companhia o meu lugar preferido.  E principalmente, obrigada por nunca ter pedido pra mudar quem eu era, e ter se reajustado pra a cada momento fazer com que eu me sinta bem e protegida.  Por me aceitar.  Por ser meu equilíbrio.  Eu te amo.  E eu aceito casar com você.