Mesmo Diante De Minimas Chances

Capítulo 8

Estar naquele lugar me fazia refletir sobre muitas coisas.
A princípio, eu só havia passeado de canoa quando ainda era criança e lembro que tinha bastante medo de cair na água.
E depois de tanto tempo, era outra sensação que eu sentia.

---- Você parece muito bem neste lugar!

---- A última vez que eu vim, foi a mais de 12 anos. E eu não estava nem um pouco empolgada.

---- Se não criou o hábito e desejo de estar aqui. Por que demonstra tanta tranquilidade ?

---- Não sei dizer. Acho que antes, não havia abrido oportunidades de curtir mais o passeio. Eu só pensava em não cair da canoa.

---- Eu e minha família, quando saiamos de férias para o Caribe, sempre velejamos. Tanto eu, como as crianças, curtiamos bastante.

---- Você sente falta de lá ?

---- Caribe ? Não, eu sei que ainda está no mesmo lugar e quando eu quiser posso ir lá. Mas do meu pai sim. Tudo é bem mais diferente sem ele aqui.

---- Desculpa, Rômulo.

---- Não se preocupa. Ei, sabe que eu gostei muito daqui também. E você foi a melhor companhia.

---- Digo o mesmo.

De repente minha vista fica escura e tenho dificuldade em me equilibrar.
Sinto uma leve tontura e tento respirar devagar.

---- Sâmia ? Aconteceu alguma coisa ?

---- Podemos voltar ? Me senti um pouco mal agora.

Rômulo rema com força até a superfície, me pega no colo e por pouco não me derruba, apesar do humor que se estende daquele momento, ainda assim demora mais alguns instantes para passar o mal-estar.

Logo depois deste episódio, Rômulo me carrega mais uma vez no colo e me leva até o carro.

---- Qual é o seu problema ?

---- Juro que não sei. Me prestar a carregar duas vezes um filhote de elefante desta maneira.

Dou-lhe um tapa nas costas, o que faz ele rir, e seguir em direção a cadeira do motorista. Agradeço a preocupação que tem comigo e ele apenas me responde com piscadela.

Seguimos sem falar nada, apenas ouvindo o som de 'Angel' do The Weeknd.

---- Podemos não falar para os meus pais ? Sobre o meu mal estar ?

---- Por que não ?

---- Não é preciso preocupa-los .

---- Verdade. Até porque deve ser super normal isso acontecer. - ele levanta a sombrancelha direita.

---- Você é péssimo com ironias.

Rômulo estaciona em frente a minha casa. Já me sinto melhor e grito por telepatia, que consigo caminhar sozinha.

---- Tudo bem, você pode ir. Ah e outra coisa, não falo sobre o assunto se... Você me levar em um lugar muito legal     a m a n h ã.

---- Prometo pensar em algo. - fecho a porta com força.

Assim que chego em casa. Mama e papa estão na sala e as meninas no quarto brincando. Dou um beijo em todos, em seguida tomo um banho e visto um vestido azul que vai até os pés. Deixo o cabelo secar naturalmente.

A noite passa rápida. Jantamos uma lasanha acompanhada com arroz solto. Mama preparou 2 pudins. Um de maracujá e outro de chocolate, que por sinal é o preferido da família.

Dialogamos sobre várias coisas. Depois papa pega seu violão no seu quarto e vamos para sala cantar um pouco.

E esta era nossa rotina, nos reunir durante a noite e fortalecer o porto seguro que temos um no outro. Ainda que possa parece a coisa mais difícil de se ver numa família de "verdade", tratava- se apenas do sinceros esforços de ambas as partes. Nem sempre estávamos de bem, até porque todo ser humano têm o seu dia, mas faziamos o possível para cuidar um da dificuldade do outro e aproveitar a deliciosa companhia que uma a família pode ser.

Já no fim da noitinha, seguimos para nossos quartos.
Decido ficar um pouco na minha varanda, pensando na proposta do Rômulo. Ele estava querendo um lugar legal, mas já não me vinha nada a mente.

Bom, tinha um lugar que ainda não tínhamos ido, mas era difícil saber se já estava aberto. Entro no meu quarto e olho no calendário, faltavam apenas 2 dias para o inverno e possível que já tenham abrido. Aproveito e levo as crianças também.