Capítulo 35

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      Estaciono carro em frente da garagem de casa.  Minhas mãos ainda estão segurando o volante, mas não há como não reparar naquele lindo detalhe em meu dedo.  Meu anel de noivado.  Levo as mãos a cabeça,  ò céus,  penso comigo.  Meus pais vão surtar.  Apesar de eles ficarem tão feliz com meu primeiro relacionamento,  não fazia parte do plano eu noivar tão rápido. 
     Ligo novamente o carro e saio dirigindo pela cidade.  As estrelas e a lua,  são minha única companhia naquele momento.  Desligo o ar condicionado do carro e abro a janela para sentir o vento em meu rosto. Apesar disso,  o cheiro de Rômulo continua presente.  Estaciono o carro de frente para a praia, tiro o anel do meu dedo,  então coloco novamente.  Repito isso por mais umas mil vezes.
     Respiro fundo e percebo que não há o porquê da minha insegurança. Eu estou certa do meu sentimento pelo Rômulo.  E do seu por mim. "Isso não é suficiente",  meu consciente diz a mim mesma. 
    Dirijo até a casa de Rosa,  assim que chego disco para o seu número.  Ela não atende mas depois de 2 toques,  ela aparece de roupão na porta da sua casa. 
Deixo o carro na garagem interna,  e entro para sua casa. 

---- Se estiver com fome, a dispensa está cheia de comida. - diz ela deitando na sua cama. 

Retiro minha roupa e pego uma de suas camisolas.  A visto e deito-me junto dela na cama. 

---- Estou noiva.  - puxo o edredom. 

---- Não teve como não reparar no anel.  Dorme um pouco.  Pela manhã conversamos melhor.  Você demorou chegar. 

---- Como sabia que eu viria? 

---- Porque você é doida. - ela ri ---- Mas é minha melhor amiga. 

   Viro de costas,  Rosa me abraça.

     Acordo bastante confusa de sobre onde estou. Rosa levantou primeiro que eu e entra no quarto segurando uma grande bandeja com o café da manhã.
   

---- Acho que vou me casar com a pessoa errada - afasto o edredom e sento-me. 

---- Antes de você começar a me contar.  Quero saber se já repôs seus remédios?! 

---- Vou fazer isso hoje mesmo.

    Pego uma torrada e passo um talher com nutella.  Sirvo uma xícara com café e leite.  Conto detalhadamente tudo o que aconteceu naquela madrugada.  Ela me olha com os olhos definitivamente encantados com aquela história. 
   Assim que terminamos,  ela desce com a bandeja e eu sigo para o box.  Depois de escovar meus dentes, visto uma muda de roupa,  que sempre deixo lá. 
   Penteio meus cabelos enquanto Rosa toma banho.  Ela sempre coloca uma playlist,  passo as mãos sobre o meu cabelo e sinto uma moita se formar e então puxo. 
   Meu cabelo está começando a cair. 
Rosana sai do banheiro nessa mesma hora. 

---- Tá tudo bem.  É só a falta de vitaminas.  O médico me avisou sobre isso. 

---- Vou me arrumar. 

Sei que Rosana está chateada.  Eu acabei atrasando meu tratamento,  por muito mais tempo que o esperado.  Agora eu preciso correr contra o tempo,  antes que os sintomas venham com toda força. 
    Deixo a escova de cabelo em cima da penteadeira.  E apenas acaricio com os dedos.  Talvez eu tenha que cortar.  Tudo bem,  uma coisa de cada vez. 




   Passamos na farmácia do hospital. Pego os remédios da lista e uma vitamina,  encontro meu médico no caminho.  Ele pede para conversar comigo, caminhamos até sua sala.  Então peço para que Rosa me espere fora da sala. 

---- Conversei com sua amiga. 

---- Eu já imaginava. 

---- Sâmia,  você está consciente com o que vai ter que lidar,  não é?  O tratamento é fundamental para te dar forças.  Há dias que você não vem as sessões,  o teu corpo minuciosamente já começou com os primeiros sinais de socorro. 

---- Meu namo...  Meu noivo,  estava na cidade.  Ainda não contei a ele. 

---- Sâmia seu caso é raro mas a medicina tem passado por tantos avanços.  Você não precisa ter medo de falar... 

---- Eu estou bem assim.  Eles ficariam desesperados.  E eu seria mais um objeto doente e dependente do desnecessário cuidado deles. 

---- As vezes eu acho que você não escuta o que diz. 

---- Eu já peguei o remédio.  Amanhã mesmo eu venho tomar as injeções.  Se for só isso.  Eu preciso ir trabalhar. 


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