Capítulo 25

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Eu só queria que aquele dia chegasse ao fim. Eu e a Rosa brigamos feio. Eu sabia que estava errada. Mas eu tinha o direito de decidir.
A escolha cabia somente a mim.

---- Rosa por favor, me espera ! - saio correndo atrás dela e seguro seu braço direito.

---- VOCÊ TEM IDÉIA DO QUE ESTÁ QUERENDO QUE EU FAÇA ? - seus olhos rapidamente ficam vermelhos e cheios d'água.

---- Tente me entender. Eu vou ficar bem. - limpo suas lágrimas ---- Não acho necessário preocupar outras pessoas, com as possibilidades negativas.

---- Sua família tem o direito de saber!

---- Se fosse algo grave sim. Mas é só um problema que podemos resolver juntas. Sem envolver mais ninguém.

---- É uma responsabilidade que eu não sei se posso suportar sozinha.

---- Você não vai estar sozinha.

---- Até quando, Sâmia ? Dolls Vale é a metade de um ovo. Querendo ou não as pessoas vão saber. Dai você vai preferir esconder. Preferir não fazer nada a respeito por causa de uma egoísta covardia.

Mordo os lábios. Fecho os olhos e lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto.

Sentamos as duas em um banco, no corredor do hospital. Tento pegar na mão da Rosa, mas ela apenas recua. Decido não insistir. Eu sei o quanto precisa de tempo pra digerir o pedido que eu fiz.

---- Pega um táxi de volta pra casa. Eu preciso ficar sozinha.

---- Rosa - chamo seu nome, tão baixo que chega até ser difícil ela ter escutado.

Ela se levanta, coloca a jaqueta de couro preta em seu braço esquerdo e vai embora.


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Não consigo dormir. Eu preciso acordar cedo novamente no outro dia para novos exames. E eu só queria que a Rosa estivesse comigo. Juro que não sei se vou conseguir sem ela.

Meu celular começa a vibrar. A foto do Rômulo aparece na tela. Penso se devo mesmo atender. Ele vai querer saber sobre o motivo da briga. E eu não gosto de mentir. Mas talvez eu só devesse falar que vai ficar tudo bem, assim não dou margem para entrar no outro assunto.

---- Oi ...

---- Oi, estava com saudades. Queria saber como você está ?

---- Eu estou bem - forço uma voz ---- Você parece preocupado. Tá tudo bem ? - começo a pensar na possibilidade de Rosa ter contado alguma coisa para ele. Não. Ela não teria como.

---- Só o trabalho. Estamos muito distantes um do outro ?

---- Tecnicamente sim. - rio

Rômulo fica em silêncio.

---- Mas meu coração o faz todos os dias estar perto de mim. Não devemos pensar na distância física. - completo.

Mesmo que não o veja, posso sentir pela sua voz, o alívio.

---- O que vai fazer amanhã ?

---- De manhã vou ao médico, depois vou pro trabalho.

---- Médico ?

---- Sim. A Rosa quer que eu cuide da minha saúde. Vou fazer alguns exames.

---- Exames de rotina ?

---- Isso ! - um nó se forma na minha garganta. Eu não posso chorar! Aguenta só mais um pouco. Repito para mim mesma.

---- Vou te deixar dormir. Qualquer que você precisar, me avise. Posso levar qualquer médico pra você.

---- Não vou morrer. - finjo uma risada.

---- Eu morreria, se isso acontecesse.

---- Eu vou dormir. Fica bem. Estou aqui se precisar. E ... Não esquece de voltar pra mim.

---- Pode deixar. Boa noite.

Retiro o celular de cima do ouvido.
Papa bate na porta e entra. Ainda que esteja escuro, sei que ele pode me ver com os olhos abertos.

---- Está sem sono, filha ? - pergunta

Sufoco meu rosto no travesseiro e começo a chorar. Chorar muito. Desesperadamente.
Papa deita-se ao meu lado e me puxa para os seus braços.
Começa a fazer carinho na minha cabeça.

---- Briguei com a Rosana. - digo em meio ao choro.

---- Ela é sua melhor amiga e você a dela. O que quer que tenha acontecido, vai ser resolvido.

---- Sinto falta do Rômulo. Não quero perde-los.

---- Você não vai !

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