Capítulo 10

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Eduardo estava à minha espera no portão de casa seu olhar aflito me fez soltar mais dois soluços seguidos, a culpa me invadiu com tudo é só naquele momento desejei nunca ter aceitado participar daquela entrevista é nunca teria conhecido Ralph assim nossas vidas não iriam se misturar. O táxi parou na porta Edu veio ao meu encontro pagando o taxista me puxando para seus braços, um conforto familiar aqueceu meu peito, chorei em seus braços como todas as vezes que havia chorando depois da morte de meu pai é como todas as vezes ele me confortou com suas palavras doces, ele me seguiu em direção a sua casa Dona Ana não estava, me sentir mais aliviada não estava preparada para um interrogatório é nem perguntas inapropriadas. Edu colocou uma caixa de lenços de papel na minha frente é duas xícaras de chá de jasmim com camomila, seu olhar me fez o quão sou ingênua na questão do amor, é o quão sou facilmente manipulável por palavras doces e promessas vazias.

— Me desculpa.

Solucei abaixando a cabeça a vergonha me invadia, ele chegou suas mãos calejadas pelo trabalho manual de muitas vezes no meu jardim em meu rosto levantando seu polegar secando as lágrimas que desciam copiosamente, a compreensão tomou conta do seu olhar relaxando a expressão em seu rosto.

— Está tudo bem, não chore está me matando te ver chorando dessa maneira é não poder fazer nada para amenizar sua aflição.

— Você já está fazendo. Eu que sou uma burra mesmo.

Solucei mais uma vez encostando no sofá com a cabeça apoiada olhando para o teto relaxando corpo, soltando um suspiro.

— Não diga isso Elie, você não é burra só tomou atitudes precipitadas.

— É deve ser, posso tomar um banho é pega uma roupa sua emprestada, não quero ir para casa ainda?

Perguntei com os olhos fechados acalmando meus nervos, precisava tirar o cheiro de Ralph do meu corpo ou qualquer indício que estava em seus braços a pouco, ele havia me magoando de todas as maneiras possíveis por mais que já estava habituada com o preconceito alheio não esperava que ele não reagisse , mas já deveria imaginar um homem como ele não se importa com tais assuntos.

— Claro.

Eduardo me levou até o banheiro me entregando uma toalha limpa junto com uma samba-canção preta é uma camisa de algodão verde-musgo. A água quente acalmava meus músculos é com toda a força que me restava usei para esfregar meu corpo, retirando qualquer resquício que houvesse de Ralph sobre ele, o único que não conseguia tirar era do meu coração que estava machucado e magoado.

Vinte minutos depois me sentia no mínimo limpa, mas meus olhos vermelhos e a ponta do nariz entregava minha tristeza, encontrei Edu sentando no sofá da sala com o celular na mão, ele estava alheio é não percebeu minha chegada.

— Onde está sua mãe?

— Hum? Ah viajou para casa de uma tia que não está bem de saúde

— AH, é a missão?

Ele sorriu colocando o celular sobre a mesa de centro virando para ficar de frente para mim, ah que saudade que senti desse sorriso, da forma como ele me olhava é da sua companhia.

— Concluída com sucesso.

— Que bom.

Me aconcheguei ao seu lado inspirando o cheiro inconfundível de menta é desodorante de Edu, me sentia tão em casa, passando os braços ao meu redor Edu acariciou meu braço apoiando o queixo em meus cabelos.

— Quer conversar sobre o que aconteceu?

Pensei segurando a respiração por alguns minutos, queria conversar sobre mim é Ralph? queria me abrir dessa forma é acabar partindo seu coração? ponderei as perguntas em minha mente.

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