Capítulo 1

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São duas da manhã e não consigo dormir porque os meus pais estão a discutir. Amanhã tenho aulas e nao sei como é que me vou levantar com o sono. Já estou habituada a isto, eles discutem todos os dias, a toda a hora. Pus os fones nos ouvidos e adormeci.

Acordei com o meu despertador. São sete horas tenho que me ir vestir mas estou cheia de sono e só de pensar que tenho de ir para aquela escola... Vesti umas calças de ganga justas e uma camisola de meia manga e calçei as minhas vans. Desci as escadas peguei num iogurte e numa maçã e saí. Não gosto de tomar o pequeno almoço em casa, sentar-me e fingir que esta tudo bem.

Quando cheguei a paragem já tinha comido. Apanhei o autocarro e saí na escola. Entrei e fui para a porta da sala em que ia ter a primeira aula. Como sempre estava lá aquele grupinho de merda para gozar comigo. Eles chamam-me sempre nomes, não sei o que é que eu lhes fiz, não faço mal a ninguém. Uma vez eles levaram-me para uma zona da escola isolada e bateram-me. Fiquei só com negras na barriga e nas pernas, na cara nada, por isso é que ninguém soube. Ainda bem que estou quase a acabar o 12° ano, ainda não sei se vou para a Universidade mas em princípio sim.
A minha vida é isto. Na escola sou gozada por tudo e por nada e em casa discussões. Uma porcaria. Ah, e para além disso tenho uns pais que não querem saber da filha para nada. Podia andar um mês fora e acho que eles não me iam procurar.

Quando as aulas acabaram fui para casa. Abri a porta e o meu pai estava sentado no sofá com um jornal e uma caneta na mão, devia de estar a procura de emprego. Olhou para mim e depois voltou ao que estava a fazer sem dizer nada. Subi para o meu quarto, como sempre e fui fazer os t.p.c.s. As minhas notas não são muito altas nem muito baixas, são razoáveis, eu até podia ter péssimas notas que os meus pais não se importavam, eles nem vêm as minhas notas.
Sinceramente acho que não tenho pais. Sim, eu não tenho pais. Para mim os pais são os que nos dão carinho e amor e os que se preocupam com os filhos, os meus desde que me lembro nunca me deram isso.
 
A minha mãe chegou e fomos comer. Reparei que ela estava um bocado em baixo. Passado um bocado disse que queria falar connosco no fim de jantar. Comemos e fomos nos sentar na sala.
É estranho estar com eles assim, na sala todos juntos. À tanto tempo que isto não acontece.

Mãe: Fui despedida.
Eu: O quê? Como?
Pai: Ainda perguntas Sofia? A tua mãe e uma irresponsável.
Mãe: Tu não me chamas isso estas a ouvir?
Pronto ia começar. Às vezes preferia que eles se separassem do que andarem sempre assim.
Eu: Parem por um bocado para a mãe explicar. Só durante um bocado. - Disse com a voz mais alta.
Eles ficaram a olhar para mim espantados, eu nunca tinha falado assim.
Mãe: A empresa onde eu estava faliu. Eu não tenho culpa.
Merda de país.
Pai: E agora? Estamos os dois desempregados.
Eu: Só há uma hipótese. Emigrar.
Não me importava nada.

Olá
Este foi o primeiro capítulo espero que tenham gostado.
Beijinhos.

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