5. "ForgetMeNot"

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Olaaaar! Como ta o dia de vocês? 

Ansiosos pros shows? Pras músicas novas da Lauren? Pq eu to! 

Boa leitura seus lindos <3
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"O início de um hábito é como um fio invisível, mas a cada vez que o repetimos o ato reforça o fio, acrescenta-lhe outro filamento, até que se torna um enorme cabo, e nos prende de forma irremediável, no pensamento e ação." -  Orison Sweet Marden

"Jauregui47",
seria seu número da sorte? Ano de nascimento? Um número aleatório sugerido pelo aplicativo? Não... Quantos "Jauregui" deveriam existir? Minha mente fervia em um turbilhão de pensamentos.

Eu ainda conseguia me lembrar de ver o brilho nos olhos dela, sentir seu perfume, o toque, o cheiro da bebida derramada, o geladinho entre meus seios. Esse aplicativo ia acabar me enlouquecendo. Levei a mão aos meus seios e, como previsto, não havia nenhum vestígio do líquido ali. Como era possível eu sentir o toque de uma pessoa em um ambiente completamente virtual?

A tecnologia nunca fora tão longe. Melhor do que isso, só quando conseguíssemos criar o teletransporte ou a tão sonhada viagem no tempo. De início eu achei que era exagero, só mais um texto enviado pra que ela lesse e me convencesse a comprar um produto, mas Ally tinha total razão em dizer que aquilo era espetacular, completamente novo e tudo mais, apesar dela própria nunca ter sequer experimentado isso.

Eu encarei o teto branco do meu quarto e batuquei os dedos em meu próprio abdômen. Quanto tempo será que as pessoas levaram para desenvolver um negócio desses? Com certeza tinha muito tempo e dinheiro envolvido ali. Quase 130 anos desde o primeiro computador para chegar a esse nível de tecnologia, imagina daqui uns 300 anos! Se a humanidade existir até lá né.

Chequei as horas. Eu passara mais tempo lá do que eu tinha imaginado. Talvez o aplicativo tivesse um temporizador diferente do mundo real, mas talvez fosse só o papo com Lauren que fizera o tempo voar.

Eu ficava com a segunda opção. Não por Lauren, mas pela minha solidão. Não que a garota não fosse legal, foi interessante conversar com ela, mas acho que, na verdade, o fato de eu estar sozinha o tempo todo fora o grande responsável por acelerar o tempo.

Bocejei e notei o sono. Eu tivera um dia longo e ainda a festa, pessoas, empurra-empurra... Embora fisicamente meu corpo estivesse ok, sem dores e sem cansaço, minha mente se lembrava das experiências e isso era suficiente pra me deixar mentalmente cansada, por isso me ajeitei e tentei dormir.

Minha mente não parava de pipocar em ideias novas. Eram cenários, momentos, conversas, dia, noite, chuva, sol, eu, ela, pessoas novas, Juno falando sobre o MOVIR e os fins de semana, as pessoas de visual esquisito. Meu cérebro precisava parar, mas se recusava a fazê-lo.

De olhos fechados eu pensava no momento e era como se ainda conseguisse sentir o toque dela na minha mão. O cérebro da gente tem uns poderes incríveis né? Em pleno 2070 algumas partes dele ainda são um mistério pra ciência.

O problema é que a tal moça...Lauren, acordara em mim uma sensação de carência que estava adormecida. Desde o encontro na praia já me deixara confusa, mas aquele aperto de mão fora a gota d'água.

Agora eu me sentia ainda mais sozinha. Extremamente sozinha. Por isso peguei o travesseiro comprido que eu tinha, ele era ótimo pra quando me sentia assim, era raro, mas as vezes acontecia. Me agarrei a ele de corpo inteiro, fechando os olhos e tentando lembrar de todas as vezes que eu dormira abraçada à minha mãe. Também não funcionou.

Eu costumava me sentir entediada com frequência, mas não solitária. Com o tempo eu me "acostumara" à ausência de minha família, sem contar que os Dopplers e Ally também me ajudavam bastante nesse sentido, eu acho.

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