18. Snow

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Primeiramente, tivemos muitos leitores novos essa semana!! Bem-vindos, seus lindos!!

Nesse cap vamos ter uma menção ao Mito da Caverna, de Platão, se algum de vocês não conhece ou não se lembra aqui vai um breve resumo adaptado. Ele será importante pra compreender melhor os paralelos que vamos traçar nesse cap. Caso vocês conheçam podem pular essa parte.

"No mito alguns prisioneiros vivem acorrentados em uma caverna desde o seu nascimento. Eles passam o tempo todo encarando uma parede iluminada por uma fogueira, ao fundo da caverna. Nesta parede são projetadas sombras de estátuas que representam pessoas, animais, plantas e objetos, mostrando cenas e situações do dia-a-dia. Os prisioneiros ficam dando nomes às imagens (sombras), analisando e julgando as situações.

Se um dos prisioneiros fosse forçado a sair das correntes e explorar o mundo dentro e fora da caverna ele entraria em contato com a realidade e veria que passou a vida toda julgando e analisando sombras de estátuas. Ao sair da caverna e entrar em contato com o mundo real ficaria encantado e então voltaria para a caverna querendo passar o conhecimento adquirido para seus colegas presos. Porém, seria ridicularizado ao contar tudo o que viu e sentiu, pois seus colegas só conseguem acreditar na realidade que enxergam na parede iluminada da caverna. Os prisioneiros vão o chamar de louco [...]"

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"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. 

É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." – Fernando Teixeira de Andrade

— Aí! - gritei assustada quando alguma coisa acertou com força minha touca, olhei pra trás e vi Lauren preparando outra bola de neve pra jogar.

— Vamos, Camila! - ela disse segurando a bola na mão enquanto esperava eu me ajeitar. - Eu já poderia ter acertado mais três. - zombou convencida só então atirando a massa de gelo direto no meu peito.

Abaixei rápido num movimento desastroso, ajoelhando no chão e alcançando o gelo. Enquanto eu tentava em vão formar a bola pra jogar nela, senti outras duas me atingindo. Quando terminei minha bola nada redonda uma quarta me acertou no ombro esquerdo. As gargalhadas de Lauren enchiam o ambiente todo, o que me deixava ao mesmo tempo irritada, mas feliz num nível que eu não sabia explicar.

Levantei com a minha munição em mãos, rindo e tropeçando. O gelo começava a penetrar na minha luva e gelar minha mão, então eu arremessei... e errei Lauren por quase dois metros. No mesmo instante ela se atirou de costas no chão gargalhando com a mão sobre o rosto.

— Caramba Camz, você é muito ruim!!!!! - ouvi ela gritar em meio a risos abafados pelas próprias mãos.

Caminhei até ela o mais rápido que a neve permitia, então me inclinei fazendo uma pequena e sofrida bola de gelo enquanto ela ainda tinha o rosto tapado. No momento em que ela ergueu a cabeça pra me procurar eu deixei cair acertando bem o meio da sua testa.

— Não vale! - ela exclamou limpando o gelo rapidamente, seu rosto estava vermelho como o de alguém que acabara de correr uns dois quilômetros. – Eu tava de olho fechado!

Eu me curvei de tanto rir, mas durou pouco. No segundo seguinte ela puxou minha perna com força me fazendo cair de cara na neve. Em seguida senti seu corpo contra o meu, me esmagando contra o chão frio e molhado.

— Você tá se achando porque acertou minha testa, né? - ela riu baixinho com aquela voz rouca perto do meu ouvido me causando um arrepio gostoso. - Quem é que tá rindo agora? - falou ajeitando seu corpo sobre o meu e me fazendo afundar mais na neve que agora parecia envolver quase metade do meu corpo.

AwayOnde histórias criam vida. Descubra agora