Love Maze 《JIKOOK》

Capítulo 4

Jimin On

Eu não tinha ideia de quanto tempo fiquei ali. Com passos trêmulos, saí da cabine do banheiro e encarei meu reflexo, meu rosto estava com os olhos vermelhos e o rosto um pouco inchado.

Ouvi a porta do banheiro se abrir e comecei a lavar meu rosto, sem dar atenção a quem entrou.

— Por que você deixa eles fazerem isso com você? - ouvi uma voz grave atrás de mim e me assustei.

Olhei pelo espelho e meus olhos se arregalaram de surpresa ao ver Jungkook ali. Sua pergunta direta me pegou de surpresa, e enquanto a água corria sobre meu rosto, tentei disfarçar o desconforto que sentia.

Enxuguei meu rosto e me virei para encará-lo.

— Não é como se você também não achasse engraçado o que eles fizeram - respondi com um pouco de sarcasmo.

— Por que eu acharia algo assim engraçado? - ele disse sério e eu o olhei, um pouco surpreso.

— Porque todos aqui acham, todos se divertem me humilhando - meus olhos arderam novamente — Você não deve ser diferente - minhas palavras saíram carregadas de amargura e desconfiança, havia uma ferida profunda dentro de mim, uma cicatriz emocional causada pelas constantes humilhações que enfrento, e o sarcasmo em minha resposta refletia minha dor, mas também revelava minha crença de que todos eram cúmplices dessa crueldade disfarçada de diversão.

Jungkook franziu a testa, suas feições se transformando em uma expressão séria e compreensiva — Não, eu não sou como eles, não gosto de idiotas como eles, que se acham superiores e tratam os outros desse jeito. - disse ele em um tom firme — Eu nunca acharia engraçado humilhar alguém, especialmente quando isso causa tanto sofrimento. 

Olhei em seus olhos novamente, procurando sinais de sarcasmo ou zombaria, mas só encontrei sinceridade e empatia. 

—Me desculpe... eu... eu estou tão acostumado com todos ao meu redor querendo me humilhar de alguma forma que... que eu não consigo mais ver bondade nas pessoas... - deixei uma lágrima cair — Eu... Eu não sei se consigo acreditar nas suas palavras - murmurei, revelando minha vulnerabilidade.

A desconfiança havia se tornado uma armadura necessária para que eu tentasse sobreviver.

Sem que eu percebesse, ele se aproximou e limpou a lágrima que escorria de meus olhos com sua mão, e eu acabei me assustando. Não estava acostumado com alguém que não quisesse me fazer mal.

— Você pode acreditar em mim - ele me olhou profundamente nos olhos — Eu não sou como eles, e a partir de agora, quero ser seu amigo, quero te ajudar de alguma forma - ele sorriu — Eu entendo que você tenha dificuldades em confiar nas pessoas, dada a situação, mas eu gostaria de mudar isso, não vou mais permitir que te façam mal - Ele olhava para mim, e eu permiti que um leve sorriso aparecesse no meu rosto pela primeira vez naquela escola.

As palavras dele ecoaram em minha mente. A ideia de ter alguém que se importasse comigo e estivesse disposto a apoiar-me começou a mexer com algo dentro de mim, mas isso me preocupou também.

Eu não sabia se ele estava sendo sincero ou se era apenas mais uma brincadeira idiota, mas por algum motivo, sentia que podia acreditar nele, sentia que ele não estava mentindo para mim.

— Obrigado... eu... eu não sei o que dizer - senti minhas bochechas corarem — Eu nunca tive um amigo antes.

— Pois agora você tem - ele sorriu — Então, não chore mais, quero ver seu sorriso a partir de agora - disse, enquanto me puxava novamente até a pia para lavar meu rosto.

Naquele momento, eu não sabia exatamente o que estava sentindo, sentia-me bem ao lado dele, sentia-me protegido, mas o medo de me enganar e acabar me machucando no final ainda estava presente.

Depois de limpar meu rosto, saímos do banheiro e ele caminhou ao meu lado. O intervalo já havia acabado e os corredores estavam vazios.

Caminhamos juntos pelos corredores vazios da escola, enquanto a sensação de ter alguém ao meu lado começava a amenizar a dor que havia me consumido naquele dia. Jungkook parecia determinado a me mostrar que havia uma alternativa para o ambiente hostil em que eu vivia, sua presença trazia consigo uma aura de confiança e proteção que eu nunca havia experimentado antes.

Nosso caminho até a sala foi silencioso, eu não sabia o que dizer, já que nunca tive um amigo antes e não sabia como iniciar uma conversa e ele parecia um pouco tímido também, ou talvez estivesse pensando melhor sobre ser amigo de alguém como eu.

Assim que chegamos em frente à sala, ele bateu na porta e o professor de Filosofia a abriu, permitindo nossa entrada e cada um de nós foi para sua carteira.

Todos na sala começaram a cochichar sobre algo, tenho certeza de que era pelo fato de eu e Jungkook termos entrado juntos.

Aposto que em breve ele vai perceber que não quer estar perto de alguém como eu e vai se afastar, como todos os outros. Eu gostaria de acreditar que ele é diferente, mas para alguém sem esperança como eu isso é extremamente difícil, só espero que ele se afaste logo, pois não quero me apegar a ele, não quero me apegar a ninguém.