Love Maze 《JIKOOK》

Capítulo 3

Jimin On

 Um tempo se passou e logo meu breve momento de paz chegou ao fim com o som do sinal de entrada para a aula. Os vários alunos começaram a entrar e imediatamente percebi seus olhares maldosos pesando sobre mim, não conseguia compreender o motivo de tanto ódio, eles sequer me conheciam o suficiente para me julgarem dessa forma, nem sabiam o quanto suas palavras podiam machucar.

Somente após algum tempo, comecei a ouvir conversas sobre o aluno novo, como se tivessem notado sua presença apenas agora. Em poucos minutos, a professora de História entrou na sala com sua típica expressão desanimada e olhou para o lugar onde o novo aluno estava sentado.

— Você é novo aqui, não é? - disse ela, direcionando-se a ele.

 — Sim - ele respondeu baixinho, quase como um sussurro.

— Venha até aqui e se apresente, por favor!

O garoto levantou-se do seu lugar calmamente e caminhou até a frente da sala. Devo admitir que ele era muito bonito, com olhos escuros, pele clara e cabelos castanhos escuros, ele parecia forte e alto, na verdade, acho que todo mundo é mais alto que eu, mas isso não importa agora.

Ele parou em frente à sala e se curvou em cumprimento.

— Olá, meu nome é Jeon Jungkook, tenho 17 anos e espero que possamos ser bons amigos - disse um pouco tímido, e logo ouvi os gritos de algumas garotas.

Ele parecia ser alguém legal à primeira vista, mas não vou me iludir, logo ele deve começar a agir como todos aqui. Isso sempre acontece quando um novo aluno chega, eles fazem amizade com as pessoas erradas e, algumas semanas depois, se tornam apenas mais um idiota que gosta de humilhar os mais fracos.

— Obrigada, agora pode se sentar - disse a professora.

Finalmente a professora iniciou a aula, chamando a atenção de todos para o quadro, então decidi tentar me concentrar na matéria, afinal, estamos nos aproximando da época das provas e não posso ter notas baixas, não quero mais um motivo para falarem de mim, e também não quero decepcionar meus pais. Quero que eles sintam orgulho de mim.

Eu mantive meu olhar fixo na lousa, tentando me concentrar nas explicações, mas minha mente vagava em pensamentos sobre o garoto misterioso.

Percebi, pelo canto dos olhos, que ele se sentara em uma carteira próxima à minha. Ele parecia alheio às tensões que permeavam o ambiente escolar. Aquilo me intrigava, mas preferi esquecer esses pensamentos e voltar a atenção a professora.

Depois de longos minutos de aula e muitas meninas falando sobre o tal aluno novo, finalmente o sinal do intervalo tocou. Não que seja um horário bom para mim, pois é quando todos encontram alguma desculpa para me humilhar na frente da escola.

Eu já deveria estar acostumado com isso, mas simplesmente não consigo, queria não ser tão fraco assim. 

Fui caminhando pelo corredor em direção à área verde da escola, já que não pretendia comer mesmo. Enquanto caminhava, as pessoas esbarravam em mim de propósito, com o objetivo de me derrubar, eu tentava não ligar, mas isso foi impossível quando Jaewon, o garoto que mais me odeia na escola, e seu grupo pararam na minha frente.

— Olha só quem temos aqui, o esquisitão da escola - disse Jaewon, olhando-me de cima a baixo com expressão de nojo — Por que você não faz um favor para a humanidade e desaparece? - continuou, empurrando-me com força, fazendo-me cair no chão enquanto seus amigos riam ao redor.

Como sempre, não fiz nada, apenas esperei que eles acabassem logo com aquilo. Jaewon continuou a proferir palavras cruéis, atingindo-me onde mais doía. 

—  Você é tão inútil, garoto, talvez seja por isso que nem sua mãe te quis - zombou ele, enquanto os risos se intensificavam, as lágrimas começaram a encher meus olhos, e a dor em meu peito tornou-se insuportável — Além de tudo, você é gordo e gay, tenho nojo de você, assim como tenho nojo dos seus pais gays, você é uma aberração e nem deveria ter nascido - concluiu ele, saindo do local, rindo junto com seus amigos.

Não esperei nem um minuto a mais. Corri para o banheiro, buscando desesperadamente um lugar onde pudesse ficar sozinho, eu precisava daquela solidão momentânea para me recompor, para evitar que me vissem chorando.

Tranquei-me em uma das cabines vazias, sentindo a tristeza me consumir. As palavras de Jaewon ecoavam em minha mente, alimentando minha dor e autodepreciação. Por um instante, acreditava em cada insulto lançado contra mim, a sensação de não pertencer a lugar nenhum, de ser alvo de ódio e desprezo, era esmagadora. Eu só queria desaparecer e nunca mais voltar.