Jimin On
Acordei com os raios de sol iluminando meu rosto, percebendo que havia esquecido de fechar a janela na noite anterior. Momentaneamente assustado, temi que estivesse atrasado, porém, ao conferir meu celular respirei aliviado ao constatar que ainda tinha bastante tempo antes das aulas, na verdade acabei despertando antes mesmo do meu alarme tocar.
Como percebi que não conseguiria voltar a dormir, levantei e me dirigi ao banheiro para minha rotina de higiene pessoal, aproveitando para tomar um banho mais demorado.
Ao sentir a água quente sobre o meu corpo, senti uma sensação de relaxamento e fechei os olhos. As palavras trocadas com Jungkook ontem continuavam a ecoar em minha mente, não sabia por que estava pensando tanto nisso. Ele parecia tão sincero, mas eu tinha receio de acreditar, medo de confiar.
Eu nem sempre fui assim, houve um tempo em que eu tinha muitos "amigos" e até um namorado que me amava, bom pelo menos eu acreditava que me amava, porém essas pessoas do meu passado me machucaram profundamente, e é por isso que hoje sou assim, não é algo que eu deseje, é apenas... medo, medo de reviver tudo aquilo.
Fui interrompido em meus pensamentos por uma batida na porta.
— Filho, está tudo bem, querido? Você acordou cedo hoje — era Jin.
— Sim, papai, está tudo bem, já estou saindo - respondi desligando o chuveiro.
Percebi que me perdi em pensamentos e perdi a noção do tempo.
— Vou te esperar na cozinha para tomarmos o café da manhã - ele respondeu, não esperando por uma resposta.
Saí do banheiro com uma toalha enrolada na cintura e fui até o meu guarda-roupa. Vesti o uniforme de sempre, sem graça e monótono, e desci as escadas.
Como de costume, meus pais estavam sentados à mesa, aguardando minha presença. Fui até eles e beijei o rosto de cada um antes de me sentar.
— Bom dia, querido! Por que acordou tão cedo hoje? — perguntou papai Jin.
— Ah, eu esqueci de fechar a janela ontem, e a luz do sol me acordou, não consegui mais dormir, então resolvi ficar acordado — dei um leve sorriso, que foi retribuído.
— Entendo, da próxima vez lembre-se de fechar a janela, pode ser perigoso — ele me alertou carinhosamente, e eu assenti.
Depois de alguns minutos conversando sobre assuntos aleatórios, terminei o café da manhã e fui ao meu quarto pegar a mochila. Hoje eu teria que ir a pé para a escola, já que papai Namjoon tinha um compromisso mais cedo.
Após me despedir deles, saí pela porta e comecei a caminhar em direção à escola, com fones de ouvido e ouvindo uma música qualquer. Não estava animado para ir à escola, como sempre pelos mesmos motivos, mas não havia nada que eu pudesse fazer a respeito.
Enquanto caminho em direção à escola, tento me concentrar na música que está tocando nos meus fones de ouvido. A melodia envolvente e as letras me ajudam a me desconectar um pouco dos pensamentos negativos que me acompanham.
À medida que passo pelas ruas conhecidas do meu bairro, observo as pessoas ao meu redor, cada uma com sua própria história e preocupações. Lembro-me de que todos têm suas batalhas internas, mesmo que não sejam visíveis à primeira vista.
Fico pensando se alguma destas pessoas também passam pelo mesmo que eu...
De repente senti alguém tocar meu ombro, e acabei levando um pequeno susto, dando um pulo.
Quando me virei para ver quem era, fiquei um pouco surpreso. Achava que ele não falaria comigo no dia seguinte.
— Desculpe por te assustar — ele disse, um tanto envergonhado — Não era minha intenção.
— T-Tudo bem — respondi e me virei para continuar caminhando. Pensei que ele se afastaria, mas ele permaneceu ao meu lado.
— Você está bem? Dormiu bem? — ele tentou iniciar uma conversa, e eu não queria ser rude novamente, então respondi de forma simples.
— Sim — falei baixinho.
— Sim, você está bem ou sim, você dormiu bem?
Por que ele tem que ser assim? Por que não simplesmente se afasta como todos os outros?
— Os dois.
Minha resposta foi breve e educada, mostrando um interesse mínimo na conversa. Embora eu não quisesse ser rude, também não estava exatamente aberto a estabelecer uma conexão mais profunda naquele momento.
Ele percebeu minha falta de entusiasmo, mas não desistiu.
— Entendo, mas... por que sinto que você não está sendo sincero? — ele me perguntou, e eu parei subitamente, pois não esperava esse tipo de conversa. Eu não queria esse tipo de conversa.
— Você não precisa se importar com isso.
— Mas eu me importo, eu disse isso a você ontem, e mesmo que você tente me afastar, eu não vou desistir - ele parecia determinado em suas palavras.
Senti uma mistura de empatia e culpa ao ouvir suas palavras. Ele parecia genuinamente interessado em me conhecer melhor e oferecer companhia, e eu estava sendo relutante em aceitar.
— Eu... eu não entendo... por que? — suspirei. — Por que você quer fazer isso?
— Na verdade, nem eu entendo - virei-me para encará-lo — Só... sinto que quero te proteger, quero ser seu amigo, não é uma brincadeira, estou sendo sincero com você - nossos olhos se encontraram enquanto ele falava, e senti meu coração acelerar.
Eu não gosto desse sentimento.
Fico em silêncio por um momento, processando suas palavras e os sentimentos contraditórios que surgem dentro de mim. É um misto de surpresa, incerteza e um toque de curiosidade. Embora eu tenha sido cauteloso com as pessoas ao meu redor, essa oferta de amizade genuína me deixa desconfortável, mas também desperta uma pequena faísca de esperança.
Respiro fundo antes de responder, tentando ser sincero comigo mesmo e com ele.
— Eu entendo que você esteja sendo sincero e eu aprecio isso, mas, honestamente, é difícil para mim aceitar essa oferta de amizade, eu me tornei reservado e desconfiado por causa das experiências do passado. Não é culpa sua, é apenas algo que eu ainda estou aprendendo a lidar.
— Eu não sei o que você passou no passado - ele falou — mas sei como deve ser horrível se sentir sozinho, e ninguém merece passar por isso, e é por isso que quero estar ao seu lado, ser seu ombro amigo, alguém que estará lá para ajudá-lo a superar isso. Eu entendo que você tenha suas razões e não posso forçar você a aceitar minha amizade, mas se um dia você sentir que está disposto a abrir espaço para uma nova conexão, estarei aqui, não vou desistir facilmente, mas também respeitarei suas escolhas - concluiu.
Uma lágrima escorreu sem que eu pudesse controlar.
Sua perseverança e compreensão me mostram que ele é alguém disposto a esperar e respeitar meus limites, e essa atitude toca um ponto frágil em mim, desafiando minha resistência ao mesmo tempo em que me dá uma sensação de segurança. Ele parecia ser verdadeiro comigo, então decidi desistir, desistir de resistir a isso, afinal, quem estou tentando enganar? É óbvio que eu preciso de alguém, alguém que não me deixará afundar, alguém que me dirá que tudo ficará bem no final.
Decidi confiar em alguém novamente.
Enquanto a lágrima escorre pelo meu rosto, percebo que é um momento de rendição e vulnerabilidade. Uma decisão consciente de deixar para trás a resistência e abrir meu coração para a possibilidade de uma nova amizade.
— Desculpe por ser tão relutante antes, eu... eu quero tentar, quero confiar em você, então se você está disposto a ser meu amigo, estou disposto a aceitar sua oferta.
Ele sorri gentilmente e coloca uma mão reconfortante em meu ombro. Pode ser que no final eu acabe me decepcionando, mas nesse momento, tudo o que preciso é de um abraço. E foi isso que fiz, o abracei e permiti-me chorar.
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Love Maze 《JIKOOK》
FanficJimin é um garoto que foi abandonado quando era criança, ele sofre muito bullying na escola por este e outros motivos. Ele não conta nada a ninguém e prefere lidar com as coisas sozinho e do seu jeito, porém isso acaba mudando com a chegada de um a...