Capítulo 11 - Dor

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[Lia Young On]

Rolei na cama. Já era madrugada e eu ainda não tinha conseguido dormir. Meus braços ainda estavam ardendo pelos arranhões; Yun tinha feito alguns curativos enquanto Yoongi supervisionava tudo, mas mesmo assim alguns ainda doíam um pouco. Mesmo não tendo necessidade alguma, Yoongi realmente ficou ao meu lado e eu ainda tentava entender aquilo. Não tínhamos trocado muitas palavras desde aquela noite em que ele foi agressivo comigo... talvez esse fosse o jeito dele se desculpar? Quanto mais eu tentava entendê-lo, mais confusa eu ficava. Por mais que Yoongi fosse, por vezes, meio "foda-se" comigo, esse jeito dele ainda mexia comigo. 

Soltei um suspiro e sentindo uma cólica terrível, encolhi-me sobre a cama e desejei poder dormir. Mordi o lábio com força e fechando os olhos, a dor apenas aumentou. Estávamos em que dia do mês mesmo? Precisava de algo que pudesse aliviar aquelas malditas dores, mas não havia nada aqui para fazer isso. Sun já tinha ido para sua casa e além de mim, ela era a única mulher neste lugar. Sair da cama para ir na cozinha tentar encontrar algo por lá não era uma opção, então tudo o que me restava era continuar deitada. Inferno. Se eu estivesse na minha casa eu poderia ter pegado algum dos remédios que tomo para aliviar essas dores de cólica, mas nããão. Agora eu estava aqui, na casa dele. Muito obrigada Yoongi. 

Eu poderia ir falar com Yoongi e pedir para que ele me comprasse algumas coisas, mas ir ao seu quarto também era um problema. Seu quarto ficava praticamente do outro lado da casa e eu mal estava conseguindo me mover direito, imagine andar até lá. Suspirei mais uma vez e encolhendo-me mais um pouco, fechei os olhos e tentei dormir. E finalmente consegui. 

[...]

 Acordei e gemendo, senti aquela maldita dor de novo. Agarrei o travesseiro com força e virando-me de lado, coloquei o travesseiro entre minhas pernas e contei mentalmente até cem. Onde está Yun quando mais se precisa dela? Continuei naquela mesma posição até que ouvi abrirem a porta do quarto. Eu poderia gritar um agradecimento aos céus se estivesse em condições de poder fazer isso. 

- Ei, levante - ouço a voz de Yoongi e encolho um pouco mais. 

- Não posso – falo com a voz baixa e o sinto aproximar-se da cama.

- Por que não pode? – Yoongi questiona e soltando um gemido de dor aperto mais as pernas contra o travesseiro.

- Está doendo – o silêncio se torna presente entre nós até que sinto um peso a mais no colchão. A mão de Yoongi pousa minha testa e permanece daquela maneira por alguns instantes. 

- Você não está com febre – observa e eu rio soprado. – O que está doendo?

- Minha barriga – disse e senti meu rosto esquentar levemente. Era completamente embaraçoso falar disso com ele.

- Foi algo que comeu ontem? Ou foi por conta da briga que teve com MinHee? Onde aquela vadia acertou? – eu quase sorrio. 

- Estou com cólicas, Yoongi. Malditas e dolorosas cólicas! – falo e um silêncio constrangedor nos envolve.

- Aaah, você está...

Calado – digo entredentes e ele dá uma risada. Sua mão acaricia meu ombro e sinto os pelos do meu braço se eriçarem.

- Quer que eu compre algo? – Pergunta e encolho-me novamente por sentir outra pontada desta vez mais forte. Balanço a cabeça e ele se levanta da cama. – Mas onde eu encontro esse tipo de... coisa?

- Você que vai ir comprar mesmo? – Arqueio uma sobrancelha.

- Sim, só tem nós dois na casa..., mas se não quiser que eu vá é só dizer... 

- Não! Vai agora comprar isso, por favor, por favor!

- Hm... Onde eu encontro essas coisas? 

- Farmácias, supermercados, esses lugares. 

- Volto daqui a pouco – ele diz e logo se vai. 

 Apertei um pouco mais o travesseiro e choramingando, engoli em seco. Não pensei que ele pudesse ir mesmo comprar essas coisas para mim. Isso estranhamente me surpreendeu. Gostava de quando ele parecia estar preocupado assim. Chegava a ser fofo. Franzi as sobrancelhas com o rumo dos meus próprios pensamentos e suspirando, fechei os olhos novamente. Yoongi, Yoongi. Me ajeitei um pouco sobre a cama e nem mesmo percebi quando dormi de novo...

- Lia – ouvi e abrindo meus olhos aos poucos tomei um susto ao ver Yoongi me encarando com as sobrancelhas franzidas.

- O que...?

- Comprei algumas coisas – olhei para o lado e vi duas sacolas cheias. O encarei com estranheza. – O que foi? Eu não tinha ideia do que devia trazer, então a mulher que estava na farmácia separou tudo e me disse para escolher o que queria, mas eu não entendo nada disso então trouxe tudo de uma vez. 

Não consigo conter uma risada e vendo-o revirar os olhos, rio ainda mais. 

[...]

Quando saí do banheiro Yoongi não estava mais no quarto, então só deitei na cama novamente e fiquei olhando para o teto até que ele voltou para o cômodo com uma bandeja de café-da-manhã em mãos. Me vi ainda mais surpresa com ele e vendo-o aproximar-se, franzi as sobrancelhas.

- Me dê espaço. 

Afastei-me um pouco para o lado e sentando-se na cama, ele ajeitou as almofadas em suas costas e então me disse para comer o que ele tinha preparado. Não conversamos muito. Assim que terminei de comer ele deixou a bandeja sobre o criado-mudo e continuamos em silêncio, mas não era um silêncio constrangedor, este era confortável até. Yoongi ajeitou-se na cama e esticou as pernas sobre o colchão, respirando profundamente. 

- O que veio fazer aqui mais cedo? Por que quem sempre vem me acordar é a Yun... –  e ele me olha. 

- Íamos sair para comer fora – revira os olhos e ri soprado. – Um amigo que eu não vejo a tempos me convidou para um café e eu estava vindo chamar você para ir comigo até lá.

- E por que não foi sozinho? – pergunto, confusa. – Tenho certeza que não faria falta alguma – dou de ombros e deito-me de lado, para encara-lo melhor. Felizmente a dor tinha sido aliviada com alguns remédios que Yoongi tinha trazido numa das sacolas. 

- Se eu não fui é um problema meu – retruca, indiferente. – E também... fiquei preocupado com você.

- Você? – questiono, ainda perplexa – Preocupado? Comigo?

- E qual é o problema? Eu sou não tão ruim ao ponto de deixar você aqui sozinha... hm, nesse estado - esbocei um sorriso e atrevi-me em bagunçar seus cabelos num gesto amigável. 

- Obrigada.

- Não se vanglorie, eu faria isso por qualquer um – rebate e virando-se para o lado, deixo meu sorriso se alargar um pouco mais. 

[Lia Young Off]

Prisioneira-Onde histórias criam vida. Descubra agora