Kayla Coutinho foi enganada. Ou melhor, deixou-se enganar. Acreditou que, enfim, o homem da sua vida tinha a notado. Mas não. Ele só estava bêbado.
João Vittorio Morais perdeu o que ele mais amava, por não ter dado atenção. Por medo do que seu pai...
Prefiro sofrer na verdade que amar na mentira Viver na carência não vira
Humberto e Ronaldo
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Kayla
Liam me olha com olhos curiosos, eu já o contei muito mais do que contei pra Môni e mesmo assim ele ainda quer saber mais.
— Que foi agora? - ela dá de ombros
— Nada, eu só... - ele dá de ombros outra vez e eu balanço minha cabeça
O cronômetro do forno apita e eu me levanto da bancada para ir até o fogão. Desligo o fogo e abro o forno. O cheiro gostoso do queijo derretido me enche a boca d'água.
Ainda bem que meu bebê gosta das mesmas coisas que eu. Ficaria louca se ele não gostasse de queijo e chocolate.
Coloco a travessa sobre a bancada e encaro o Liam, ele tem olhos arregalados de surpresa e posso ver que está doido para comer também.
— Lavar a mão e depois comer? - ele afirma já saindo da bancada
Eu rio quando ele quase caí ão correr até o lavabo do primeiro andar, ele tenta fingir que nada aconteceu mas eu vi e rio mesmo.
Ele me dá espaço na pia do pequeno banheiro, pequeno é modo de falar, nessa casa nada é pequeno. Liam me molha, eu o molho e ficamos alguns minutos brincando assim.
— Chega, eu tô com fome. - ele afirma e me passa a toalha felpuda
— Vamos, madame? - eu reviro os olhos mas aceito a mão que ele me estende e caminhamos assim até a cozinha
— Você quer que eu coloque ou você mesmo coloca? - eu pergunto quando pego os pratos
— Pode deixar que eu sirvo nós dois, senta aí. - eu me sento e vejo ele fazer o que falou
— Mais, idiota, que eu tô com fome. - vejo ele revirar os olhos, mas minha atenção está focada na lasanha, o queijo derretendo deveria ser considerado pornográfico
— Seus olhos estão brilhando, parece que nunca viu uma lasanha. - ele ri
— Você não entende, olha isso... - ele coloca o prato na minha frente e eu só sei babar por isso
Então vem o gosto e eu como com uma vontade tremenda, não sei se há no mundo coisa melhor do que comer quando se estar com fome.
Depois do almoço eu subo as escadas e tiro meu cochilo de todos os dias, meu bebê tem me deixado tão sonolenta que quase não suporto ficar três horas de pé.
As batidas na porta me acordam, eu vou matar aquele idiota inglês. Ah, eu vou mesmo. Que idéia é essa de me acordar? Eu mato!
— Eu te mato, seu idiota! - eu abro a porta e ele me encara com o rosto aflito e todo meu ódio se passa em segundos — O que aconteceu? Tá tudo bem? A Môni?
