34.Amizade verdadeira - parte 2

136 41 119
                                    

Milena reagiu bem com a nossa conversa sobre amizade e apoio, mesmo assim eu estava receosa em conversar com Vinícius sobre o mesmo assunto. Depois que ele começou a namorar Renata, ele se afastou, de modo que eu nem sabia se ele ainda era meu amigo ao ponto de chamá-lo para conversar sobre nossa amizade. Mas quando liguei para ele, sua animação ao telefone afastou os temores e com naturalidade o chamei para tomar sorvete. O sundae de nutella era o ponto fraco dele.

Nos encontramos na sorveteria menos de 30 minutos depois que eu liguei. Uma coisa que fazia eu me sentir especial quando falava com ele, era sua boa vontade em me encontrar sempre que eu precisava conversar. Quando ele chegou, me dei conta que havia semanas que eu não o via. Ele estava diferente, os cachinhos mais compridos, a barba evidente e sem a bermuda e chinelo de sempre. Ele estava bonito, ou será que são os sentimentos que a gente sente que embeleza as pessoas?

Apesar de ter ficado abalada quando Renata e Vinícius começaram a namorar, uma coisa eu preciso confessar: certo bem ela fez para ele. Vinícius colocou aparelhos nos dentes, começou a mudar o visual, abandonando a rotina de barba e cabelo curto, e renovou o guarda-roupa. Tinha dedo de Renata naquela calça jeans Skinny com camisa polo azul marinho, tenho certeza. As mulheres mudam os homens para melhor, quando eles deixam.

- Obrigada por me encontrar aqui. Você estava ocupado?

- Eu estava tomando um café a caminho de casa, então eu não estava ocupado. Mesmo que eu estivesse, tinha tanto tempo que eu não te via, que eu não poderia marcar para depois. Olha só, parece até que você já cresceu meio centímetro desde a última vez que eu te vi!

- Seu bobo. Você anda muito sumido mesmo, nem quis ir ao cinema com a gente semana passada.

- Quando você fala "com a gente", você fala de você e Milena, certo?

- Sim. Ela é minha melhor amiga... aliás, eu pensava que ela também era uma das suas melhores amigas. Mas ela diz que você também está sumido.

- Sabe como é... a gente começa a namorar e a programação fica mais caseira.

- Não acho isso, várias pessoas que eu conheço namoram e vão juntos para as festas e continuam saindo com os outros amigos.

- Acho que como Renata mora sozinha, eu passo muito tempo na casa dela. E como lá tem série, comida e ela, não dá muita vontade de sair de lá.

- Entendo... - Ele ainda parecia apaixonado por Renata e sem querer senti uma pontada no coração.

- Mas eu reconheço que me afastei de você e Milena, me desculpe. Mas agora estou aqui por você, está tudo bem? Parecia que tinha algo para me contar ao telefone.

- Sim. Andei conversando com Milena sobre meus planos de fazer medicina, e ela me prometeu apoiar totalmente. Queria te pedir para não tentar mudar minha ideia... bem, agora falando isso pareço uma boba. Mas era isso que eu queria falar.

- Tudo bem, se você está tão decidida... fico feliz por você.

- É que algumas vezes me senti magoada por você criticar essa minha ideia.

- Sinto muito, nunca foi minha intenção.

- Eu sei...

Ficamos em silêncio por alguns segundos, eu comecei a achar estranho eu ter chamado ele para conversar só para falar algo tão bobo como "vou fazer medicina, não tente me impedir". Como eu estava um pouco nervosa com aquele momento que parecia constrangedor para nós dois, comecei a falar sem parar. Contei sobre a reunião com o diretor e com o autor da novela, contei sobre minha conversa com Milena e até me vi falando o que não devia, como o fato de Milena ser muito atraente.

Nunca fale sobre UnicórniosOnde histórias criam vida. Descubra agora