Capítulo 10 - Especial

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Por Nikolas Folkestad

Ela me olha com aquele par de olhos grandes e impecavelmente azuis. Eu nunca me importei com os olhos de qualquer garota, foda-se. Mas o seu olhar me atraí. E muito. Eu já ouvi dizer que os olhos são a porta para a alma. O seu olhar é misterioso e cheio de curiosidade. Mas agora ela se encontra irritada. Ela sempre se irrita, e eu adoro provocá-la.

- Vai, fala logo!

Eu rio.

- Eu já disse, isso não é problema meu! Garotinha.

Ela revira os olhos. Eu posso imaginar as coisas mais inadequadas com isso. Eu não tenho culpa.

- Você é um saco. - Ela diz e se levanta, passando as mãos pelos cabelos loiros - vai, saí daqui, eu não suporto a sua presença.

Eu rio mais uma vez, agora sarcástico.

- Não foi o que me pareceu hoje mais cedo.

- Urgh. Saí logo, você só fala merda.

- Eu vou sair, mas é por que eu tenho de ajudar o Hermund, e não porque você quer. - Me levanto.

Ela bufa.

- Tanto faz, some.

- Okay garotinha, boa noite. - Rio tirando uma onda e me levanto - sonhe comigo - digo no pé do seu ouvido e rio ainda mais quando o seu corpo treme.

- Idiota. - Ela me dá um tapa ardido nas costas.

- Eu adoro quando você me bate - murmuro segurando a sua cintura.

- Será que vai adorar quando eu te dar um soco na cara?

Gargalho.

- Você não teria essa audácia!

- Então experimenta para ver.

De repente, alguém abre a porta. Næsheim. Porra, ele sempre atrapalha.

- Opa, atrapalho alguma coisa aqui? - Ele ri e me olha.

- Atrapalha - reviro os olhos.

- Não, ele já estava de saída - ela diz e começa a me empurrar para fora do quarto.

- Tenha bons sonhos - digo já na porta e ela bate a mesma na minha cara. - Comigo!

- Vai se foder - grita.

Gargalho e começo a caminhar para o quarto em que o Hermund me instalou, quando recebo uma ligação.

É a Sara. Minha mãe.

Atendo.

- O que você quer?

- Nossa, filho. É assim que você fala com a sua mãe? - Ouço a sua voz doce do outro lado da linha.

Suspiro.

- Desculpe Sara, aconteceu alguma coisa?

- Quando é que você vai voltar a me chamar de mãe? Niki.

Reviro os olhos lentamente, mesmo sabendo que ela não pode ver, e entro no quarto. Eu odeio ser assim, mas o que ela fez... Eu acho que nunca vou poder perdoá-la.

- Só me diz o que aconteceu, é estranho você me ligar, ainda mais à essas horas.

- A sua irmã está doente, Niki. Eu já não sei mais o que fazer, ela sente muito a sua falta. Desde que você se mudou. Então eu estou fazendo as malas.

- O quê? - Exclamo alto. Ela não pode vir para cá, atrapalharia todos os meus planos.

- Filho, é sério. Eu sei que você quis se mudar para se dedicar aos estudos - suspira - a morte do seu pai também fora um baque para mim e para ela, você sabe disso. Nós também o amávamos, não é justo que você faça isso com ela. Ela precisa de você ainda, e eu também.

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