Depois de alguns dias — a audiência foi feita — e Richard não pode ficar preso com uma acusação sem provas — mas passou a ser investigado. Como o caso de Jorge Folkestad estava reaberto, a investigação voltara a acontecer. E por isso nós não podíamos sair de Oslo. Eu simplesmente não podia e nem queria acreditar em tudo o que estava acontecendo.
Em uma hora, a minha vida parecia perfeita. Para depois descobrir que; o garoto que eu amava estava me apunhalando pelas costas. Eu passei dias chorando, e a dor parecia não querer ir embora. Eu ainda posso me lembrar de como ele chorava e suplicava para que eu não o deixasse, eu não queria, mas tinha de ser assim! Nunca mais eu confiaria nele. E nem em qualquer outra pessoa.
A decisão que eu tomei foi difícil, mas eu aprendi que nada é fácil nessa vida. Quando tudo terminasse, eu iria para Madri. Eu precisava ir para longe, pois só assim poderia esquecer aqueles olhos cor de mel. Era o que eu pensava. Mas eu sabia que estava me enganando. Eu nunca o iria esquecer.
Dois meses depois, depois de novembro e dezembro; o natal, o qual nós passamos em um clima totalmente escuro. Em janeiro, a verdade veio à tona. Com as investigações avançadas, logo descobriram quem matara o pai de Nikolas. E quando eu soube quem foi, eu também não queria acreditar. Parecia um pesadelo sem fim.
Marcus Magnussen, pai de Pet Magnussen. Um dos melhores amigos do meu pai, e que também era amigo do pai de Nikolas. Ele havia sabotado o helicóptero de Jorge Folkestad, e também havia assassinado a minha mãe em 2009. Quando tudo isso se esclarecera, tudo fazia sentido, as peças se encaixavam. Até as páginas do meu diário, o qual eu repetia milhares de vezes o quão o pai do Pet era assustador.
Quando fora preso, Richard me contou que; quando adolescentes, Marcus era ambicioso e sempre quis ficar com a minha mãe. E o motivo para matá-la foi esse. Se ele nunca a teria, Richard também não. Foi o que ele dissera na frente das câmeras, para os jornalistas.
Eu chorei como se pudesse secar todo o líquido do meu corpo. Eu senti ódio, raiva, repulsa. E todos os tipos de sentimentos negativos. Eu queria que Marcus apodrecesse na cadeia, e se dependesse de mim... Ele iria!
O motivo de ele ter matado o pai do Nikolas? Ambição. Tudo por conta de dinheiro, mesmo sendo podre de rico. Aquele homem era doente...
Quando tudo isso terminou, já fazia quatro meses que eu não via o Nikolas. E no mês de março, quando o meu pai estava totalmente livre de qualquer coisa que envolvesse a justiça, eu o pedi para que me levasse para me despedir, pelo o menos da Ana.
Então eu fui para Madri. Eu não me despedi de mais ninguém. Eu queria esquecer de tudo aquilo, mesmo sabendo que não era possível. Mas eu iria tentar, terminar os meus estudos em Madri, e entrar para a faculdade de direito e de música em Nova York. Eu iria seguir os passos do meu pai, mas também os da minha mãe.
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23.12.2008
Querido DiárioHoje o papai trouxe alguns amigos para a casa, os mesmos de sempre. Eles estavam bebendo. Eu não gosto quando o papai bebê. Marcus, o pai do Pet também estava junto, eu não gosto dele. Ele me olha de um jeito estranho. Eu estava na cozinha quando ele me disse que eu nunca mais veria a mamãe. Eu não entendi, mas fiquei com medo. Ele me dá medo. Não gosto que ele seja amigo do papai. Pois ele faz com que ele beba e brigue com a mamãe.
25.12.2008
Querido DiárioO papai trouxe Marcus e Pet para passarem o natal com a gente. Antes eu gostava do Pet, quando nós brincávamos. Agora ele faz de tudo para me provocar. E eu não o suporto... Também não gosto do pai dele, e esse natal poderia ser mais legal se os dois não estivesse em casa. Mas eles logo foram embora, e eu pude abrir os meus presentes com a mamãe, o papai e o William. Eu amei a boneca que a mamãe me deu, e eu lhe dei o nome de Mia. Mas não gostei do presente de Marcus. A boneca parecia um monstro e eu tive de pedir para o papai tranca-la no quartinho. Eu odiei.
12.04.2009
Querido DiárioMamãe não volta para casa já tem uns 3 dias. Papai disse que ela está viajando, de novo. Ela nem se quer se despediu de mim. William está estranho, ele não me perturba como antes, só fica trancado em seu quarto. Emma está cuidando de mim agora, eu não sei por que eles não me deixam assistir TV, e nem mexer no laptop. Acho que estou de castigo, mas eu nem sei o que eu fiz! Eu estou com saudades da mamãe, pedi para o papai me levar com ela, mas ele anda muito ocupado com o trabalho. Hoje de manhã alguns policiais estiveram aqui em casa, eles me perguntaram se eu tinha visto a minha mamãe, e eu disse que não, eu não vi ela mesmo. Ainda não sei por que esses policiais estiveram aqui, e também não sei o que eles querem com a mamãe. Papai não responde as minhas perguntas, e Emma também não. Eu queria saber o que está acontecendo.
14.04.2009
Querido DiárioA mamãe não vai mais voltar. Eu não sabia o que estava acontecendo, até o papai me explicar. Ela morreu... Foi para o céu, como um anjo. Como uma fada. Eu aprendi no colégio o que é a morte, mas não entendi o porque de a mamãe ter de me deixar. Não é justo. Por que Deus a levou? Por que ele não podia deixa-la comigo para sempre? No enterro, todos levaram rosas vermelhas, mas eu levei uma branca, que era a sua favorita. Mas eu não pude vê-la. Eu não pude nem ao menos me despedir, ou lhe dizer o quanto eu a amo. Eu também não pude ficar muito por lá, porque William me disse que cemitério não é um lugar bom para crianças. Marcus estava lá. E o que ele estava fazendo? Eu queria ter o expulsado de lá. Uma vez ele me dissera que eu nunca mais veria a mamãe. E eu nunca mais vou vê-la. Eu contei isso para Emma, e ela me disse que isso devia ser coisa da minha cabeça. Mas eu sei o que eu ouvi. Eu não gosto de Marcus.
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O meu diário de 2008 para 2009 me lembrava que eu sempre desconfiara de Marcus. Eu sempre soube que ele era uma má pessoa. Mas com o tempo, eu me esqueci disso... Pois mais para frente, eu não faria idéia de que, ele teria assassinado a sangue frio a minha mãe. Quando eu nem ao menos sabia a forma que ela havia morrido.
Talvez eu nunca me conforme com toda essa história. Como eu amei e ainda amo Nikolas, sendo o nosso amor a base de um passado triste, sombrio e cheio de segredos. Alguns os quais ele sabia. Enquanto eu não fazia idéia de nada. De alguma forma, nós sempre estivemos ligados. Desde a amizade de infância dos nossos pais.
Já se completam cinco meses desde que eu me mudara para Madri. Estou terminando os meus estudos em um colégio novo agora, o qual o meu pai não é o dono, e onde as pessoas não me olham torto por eu ser como sou. Eu já fiz algumas amizades, mas nunca me esquecerei da Ana. Nós ainda mantemos contato. Quando soube de tudo, ela ficara tão perplexa quanto eu. E mesmo estando longe, me apoiara através de mensagens motivacionais.
Eu não sei se um dia terei coragem de voltar para Oslo. Mas eu sei que terei de o fazer. Afinal, todos os nossos pertences estão lá, e é a onde eu nasci, onde os meus familiares estão também. Eu sei que não posso correr desse passado para sempre. Mas eu não preciso pensar nisso agora.
Eu conheci um cara. E o nome dele é Thomás Castillo. Nós ficamos muito próximos quando eu soube que o nosso destino, depois de Madri, seria o mesmo; Nova York. Ele era legal, simpático e educado. Resolvi me dar uma chance. Lhe dar uma chance. Mesmo sabendo que, eu sempre estaria a lhe comparar com o Niki.
Eu seria capaz de amá-lo? Já ouvi dizer que se ama uma única vez na vida. Eu amei duas, sendo a primeira o que não era para dar certo. E a segunda, a mais intensa e marcante na minha vida. O meu coração nunca mais seria o mesmo depois de Folkestad.
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Revisado 12/12/2018
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Não Seja Esse Garoto
Teen Fiction1 lugar em herman 23/10/2019 Volume 1/2 da SÉRIE NORUEGUESA DE HISTÓRIA ORIGINAL » Você joga comigo como se você fosse tudo o que eu tenho. Mas eu não sou seu fantoche. Você está se apaixonando, só pra cair fora... Margot Hansen, garota do tipo reb...