Capítulo 18

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   Bocejo abrindo os olhos. Pisco várias vezes, acostumando-me com a claridade. Olho o Nikolas. Ele está desperto, olhando para o teto, distraído. Desde quando está acordado? Nem se quer percebe que eu acordei, tem o olhar fixo em algum ponto específico.

   Observo os seus traços; os cílios enormes e curvados, os lábios levemente rosados, várias pintas no pescoço, algumas veias saltando em sua testa e os cabelos bagunçados, jogados de um lado para o outro.

   Merda... Talvez seja hora de admitir. Ele é lindo! Poderia observá-lo por horas, nunca iria me cansar.

   Ele me olha, ao perceber que eu estou o analisando, e abre um sorriso puxado com direito a covinhas. Algumas rugas de expressão no canto dos olhos.

— Bom dia, garotinha — ele diz com a voz rouca.

— Bom dia — murmuro — está acordado desde quando?

— Já faz um tempo — se endireita e alisa o meu rosto com o polegar, beijando os meus lábios.

   Sorrio pequeno e me sento, soltando um longo suspiro.

   Ele me olha sério.

— Tudo bem?

   Assinto com a cabeça.

— Tem certeza?

— Eu tenho, Nikolas — tento ajeitar os seus cabelos rebeldes, com os dedos. Ele segura a minha mão e beija as pontas deles.

— Eu gosto quando você me chama de Niki.

   Eu sorrio e deposito um beijo em seu pescoço.

— E Nikizinho? Você gosta?

   Ele ri, revirando os olhos.

— Odeio!

— Também odeio quando me chama de garotinha — fito os seus olhos.

— Mentira. Você adora quando eu te chamo assim, garotinha. — Abraça o meu corpo.

— Nós temos aula — comprimo os lábios ao me lembrar.

   Ele suspira.

— É, eu sei... — beija a minha bochecha e se levanta, recolhendo as suas roupas.

   O observo por um tempo, mas logo me levanto, enrolando-me num lençol.

   Ele me olha e solta um risinho.

— Está com vergonha de mim?

   Coro.

— Eu? Não. Eu só...

   Ele se aproxima e me puxa o lençol. Solto um grito e lhe dou um tapa nas cotas.

— Idiota! Mas que merda, Niki. — Resmungo.

   Ele ri e morde os meus lábios, apalpando a minha bunda.

— Own, ficou bravinha?

— É melhor você dar o fora daqui logo! Antes que a Ana ou alguém lhe pegue aqui. — Caminho até o banheiro e fecho a porta, reprimindo um sorriso.

— Vejo você na aula de sociologia, marrentinha — ele diz do outro lado e eu o ouço saindo. 

   Solto um suspiro e passo os dedos pelo meu pescoço, lembrando-me dos caminhos que os seus lábios trilharam. Aquilo foi tão... Perfeito (?). Mas eu o odiava, certo? Odiava (?). Porra, o que eu sinto afinal?

   Não. Eu não estou apaixonada! Pessoas transam casualmente o tempo inteiro, certo? Merda... Isso muda tudo, literalmente. O que nós somos agora? Ficantes? Amigos que ficam? Amigos?

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